Friday 4 June 2021

O CRIME DE ENCORAJAR CRIANÇAS AO PECADO

Essas palavras de Jesus: “Ai de quem incentivar ao pecado a um desses pequeninos”, são uma advertência a todos que, pela ignorância das Leis de Justiça, insultam e exploram a inocência de seres humanos de personalidade e caráter em desenvolvimento. Em todos os tempos, e em particular nos dias atuais, onde, nos meios de comunicação, se expõem frequentemente situações em que menores de idade são aliciados e enganados; assédio moral; exploração do trabalho do menor; violência doméstica; incentivo aos vícios; daqueles que se comprazem em fazer despertar prematuramente seus instintos e com isso alimentando seu livre arbítrio para a licenciosidade; guerras que provocam, na vasta maioria dos casos, danos irreversíveis de comportamento devido ao terror psicológico associado à violência a que são expostos: paranoias, dificuldade de aprendizado e integração social; de governos tirânicos que em nome de suas retrogradas convicções inibem ou proíbem o aprendizado às meninas; de culturas distantes dos tempos modernos que as mutilam na prática da circuncisão feminina. E, incluindo nesta lista, o que se passa em confessionários, que, em nome de seus dogmas, exploram a intimidade infantil com perguntas capciosas.

No texto abaixo, segue a interpretação que Huberto Rohden apresenta a essa advertência de Jesus.

“É com essas palavras – “ai de quem incentivar ao pecado a um destes pequeninos” – que finaliza a conhecida cena de Jesus abençoando as crianças, cena geralmente explorada apenas para mostrar o amor que Jesus dedicava para essas almas inocentes, mas que se abrem, por detrás dessas palavras, abismos imensos, um verdadeiro universo de mistérios, que os teólogos e intérpretes de textos sagrados deixam, em geral, sem comentários.

Jesus afirma que aquelas crianças "têm fé nele” e que, por isso, é imensamente grave incentivá-las ao pecado.

Mas como? Algumas dessas crianças tinham fé em Jesus? De que modo, se nenhuma delas o conhecia? Se, para elas, Jesus era um simples rabi, como tantos outros? O que Jesus quis dizer com esse “ter fé nele?”

E ele encerra a sua advertência com as misteriosas palavras: “Porque os seus anjos contemplam, sem cessar, a face de meu Pai que está nos céus.”

Que anjos são esses?

Evidentemente, esse “ter fé” não é um ato de fé consciente, explícito, mas sim uma atitude de fé, implícita. Esse “ter fé” é um estado da alma desses pequeninos, isto é, um estado crístico, é aquilo que Tertuliano deixou transparente nas conhecidas palavras de que a alma humana é crística por sua própria natureza. Se aquelas crianças hebreias possuíam uma atitude crística, em virtude de sua própria natureza humana, será que se achavam em estado de pecado original, como afirmam os teólogos das igrejas cristãs? De que modo se conciliava essa fé, essa atitude crística da alma, com o estado de pecado em que elas teriam sido concebidas? Nenhuma dessas crianças era “batizada”; os meninos eram circuncidados, mas a circuncisão não eliminava o pecado original. E as meninas, para as quais não existia circuncisão? É evidente que todas essas crianças, que “creem em Jesus”, se achavam no estado em que foram concebidas e nascidas. Se eram pecadoras por natureza e herança, como é que se achavam em estado crístico? E se os adultos são prevenidos para não lhes darem incentivo ao pecado, não faz isso supor que esses pequenos estavam ainda em estado de perfeita pureza, sem pecados?

É universal na humanidade a crença em “anjos tutelares”, como também em “anjos tentadores”. Também a Bíblia, quer no Antigo ou no Novo Testamento, admite a existência dessas entidades invisíveis.

A palavra latina “angelus”, quer dizer literalmente “mensageiro”, designando entidade consciente e livre, de corpo invisível, que executa a vontade de Deus em diversos níveis do Cosmos; no caso em que contrarie a vontade de Deus, é o chamado “adversário” ou “demônio”. Se cumpre a vontade de Deus, é anjo.

Há, pois, entidades invisíveis que acompanham os homens, influenciando-os para o bem ou para o mal, procurando harmonizar ou desarmonizar suas vibrações. Essas entidades são como “auras” ou “sopros” que afetam os seres humanos, positiva ou negativamente, de acordo com a sua receptividade pessoal.

Sendo que a essência íntima de todas as coisas é divina, e, portanto, a alma humana, essencialmente divina, ou crística, existe na criança um fundamento positivo, bom, divino, mas essa atitude se acha em estado meramente potencial, como que dormente e embrionário. Em virtude dessa potencialidade latente, a alma da criança é basicamente neutra, incolor, podendo receber influências tanto positivas quanto negativas; portanto, a alma infantil se acha num equilíbrio transitório, instável, neutro, podendo ser facilmente imantada, positiva ou negativamente, desviando a agulha magnética para a direita ou para a esquerda, conforme as influências externas que a criança recebe.

Incentivar ao pecado não supõe, necessariamente, palavras ou atos de pessoas presentes; pode ser feito também pela simples presença e atitude interna de pessoas internamente desarmonizadas; pode uma pessoa, quando em estado anticrístico, incentivar ao pecado uma alma infantil, ainda crística, a ponto de lhe dificultar essa atitude de “fé”, essa atitude de fidelidade ao seu Cristo interno. Seria uma espécie de envenenamento anticrístico por “indução”.

Os anjos, esses emissários da Divindade que protegem as almas humanas, crística por sua natureza, se voltariam contra o homem que dessacraliza a alma infantil, atraindo sobre ele as sanções inerentes à violação da sacralidade de suas almas.” 

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