Depois de perder o seu corpo físico, o homem não cai no vácuo do nada, como pensam os ingênuos materialistas de todas as facções. O homem, depois de abandonar o corpo material, não entra num estado definitivo, como opinam certos teólogos eclesiásticos. O homem, liberto do corpo, entrará numa zona correspondente ao estado da sua evolução ou vibração espiritual. Se considerarmos o nosso planeta Terra como um lugar no Universo, de vibrações materiais grosseiras, de baixa frequência, poderíamos considerar o mundo após-morte como uma sucessão de diversos níveis de frequência vibratória, astral, mental, espiritual, etc.
O homem liberto do corpo material não está livre das tendências materiais que predominaram em sua vida terrestre. A morte não vai fazer dele, o que a vida não fez. O simples fato físico da separação do corpo e da alma, nunca poderá ser causa de uma evolução espiritual.
O efeito não é maior que sua causa, diz a lógica. Um processo material não produz efeito espiritual. Por isto, um homem sem corpo físico pode ser tão materialista no mundo espiritual como materialista foi enquanto vivia na Terra. E, como essa obsessão da matéria é essencialmente ilusão e infelicidade, um desencarnado pode ser iludido e tão infeliz como foi dentro do seu corpo material.
A grande libertação, que é a garantia de felicidade, é um processo lento e de constante evolução no afastamento do erro e de uma progressiva aproximação da Verdade. A luz da Verdade amanhece na razão direta em que as trevas da noite desaparecem. Essa libertação é um “caminho estreito e uma porta apertada”, cujo termo final da jornada é a “entrada no reino de Deus.”
Se o homem, aqui na Terra, se habituar a viver fora da matéria, embora ainda esteja preso ao corpo material, criará dentro de si um ambiente propício para se sentir “em casa” num mundo imaterial, e a separação objetiva do seu corpo físico não será algo novo, desconhecido, ou até trágico, como é para os analfabetos do mundo imaterial; pois, o homem que vive na matéria sem ser da matéria, não apegado a essa matéria, já está subjetivamente desmaterializado; o seu verdadeiro meio ambiente é o mundo imaterial; o seu verdadeiro Eu habita, há 10, 20, 50 anos, para além das estreitas grades do seu ego tirânico e ilusório.
Esta desmaterialização subjetiva dentro da materialidade objetiva é o que os místicos chamam a “morte mística”. Paulo de Tarso afirmava que ele “morre cada dia”, e por isto vive tão intensamente que pode afirmar que já não é ele (seu ego humano) que vive, mas sim o seu Eu divino, o seu Cristo interno.
Quem se habituou a morrer espontaneamente, não se horroriza quando a morte o vem matar compulsoriamente. O único remédio eficaz para neutralizar plenamente o horror à morte compulsória é esse exercício da morte voluntária. “Semelhante cura semelhante”, diz a homeopatia – e este princípio vale também aqui: morte cura morte, a morte compulsória se cura com morte espontânea.
No exercício de se auto conhecer, e no consequente desenvolvimento de novos valores e níveis de consciência, começa a despertar no homem a experiência da verdade sobre si mesmo, de que sua essência é espiritual, divina, e que ele passa a partir desse despertamento, a se familiarizar com as “vibrações ou auras invisíveis que o envolvem, formando um ambiente propício para que a sua espiritualidade latente desabroche em espiritualidade manifesta... e só assim então é que ele passa a compreender, por uma espécie de iluminação interna o que no passado não compreendia.”
A verdadeira evolução ou auto-realização, não é um fato que aconteça ao homem – mas é uma conquista que o homem realiza.
Texto revisado, extraído do livro O Triunfo da Vida sobre a Morte
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