O pecado só é possível nas sombras do ego consciência, creada pelo intelecto, mas não é possível nas trevas da inconsciência, que envolve o mundo dos sentidos materiais; nem é possível na luz intensa da consciência plena, que ilumina as alturas espirituais da razão, do Logos.
Nem a inconsciência nem a consciência plena conhecem o pecado. O pecado é um fenômeno privativo da semiconsciência. Nem os sentidos nem a razão podem pecar; nem o corpo nem a alma pecam – somente a inteligência, esse lúcifer tirânico do ego mental no homem.
Ora, sendo a Razão, o Logos, o Espírito Divino (Cristo) – como poderia haver pecado na zona da impecabilidade?
Deus é transcendente a tudo e imanente em tudo.
Na sua essência, Deus é totalmente presente e imanente em todas as coisas – mas no nível da manifestação dessa sua essência há grandes diferenças. Deus, embora imanente em cada ser, não se manifesta do mesmo modo em todos os seres. A sua essência é invariável, mas a sua manifestação é variável.
O homem ainda não está preparado para aquilatar a consciência de Deus no mineral e no vegetal; e a presença da consciência de Deus parece ser um mistério no mundo não humano, apesar que em alguns deles habita e se manifesta o conceito de individualidade. Portanto, qualquer tentativa de querer estabelecer um critério, é prematuro e pura especulação, pois tão pouco sabemos sobre os não humanos e ignoramos o muito que nos oferecem. É desdenhar que no semblante de um não humano que não fala, existe todo um discurso que só o espírito sábio é que tem a habilidade de compreender.
Deus é ego consciente no intelectual, e é pleno consciente no espiritual; Deus, enfim, é todo consciente, integral, sem falhas, em si mesmo.
Só na zona das sombras do ego consciência é que é possível o pecado, pois o pecado supõe consciência, porém uma consciência imperfeita.
O pecado, como também afirmou um dos maiores sábios modernos, Ramana Maharshi, consiste na ilusão da nossa separação de Deus, ilusão essa creada pelo intelecto.
Somos distintos de Deus, porque Deus é transcendente a cada uma de suas creaturas.
Mas não estamos separados de Deus, porque Deus está imanente em cada uma de suas creaturas.
Não somos idênticos a Deus, nem separados de Deus – somos distintos pela nossa existência humana individual, mas iguais a Deus pela essência divina universal.
O dualista afirma a transcendência e nega a imanência.
O panteísta nega a transcendência e afirma a imanência.
O monoteísta, o monista ou universalista, afirma tanto a transcendência como a imanência, atingindo assim a verdade total.
O intelecto separatista nos faz pecar – a razão que une, nos redime do pecado.
O intelecto é o precursor da razão – a razão integra em si o intelecto.
Só nos pode redimir o que é remido.
Só aquele que nunca pecou pode purificar do pecado.
Ninguém vai ao Pai a não ser pelo Cristo – o Cristo, porém, como diz o Quarto Evangelho, é o divino Logos, a Razão suprema. E um deles, o Cristo Jesus, que se fez carne e habitou a Terra, e que também habita em cada ser humano, permanentemente, na forma daquela “luz que ilumina a todo o homem que vem a este mundo ... e dá àqueles que a recebem o poder de se tornarem filhos de Deus” - “eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos”.
“Quem de vós me acusará de algum pecado?” – esse foi o corajoso desafio que alguém sem pecado, lançou ao mundo, e assim poderá fazer todo homem no qual o Cristo interno tenha despertado plenamente, e em consequência, a ego consciência pecadora se redime de seu egoísmo e se deixa invadir pelo amor universal.
No comments:
Post a Comment