Habita dentro de cada ser humano o irresistível desejo ou instinto de ser “importante”, o que é perfeitamente normal e justo, e não é um sintoma mórbido pois cada ser humano, segundo os planos da creação, é imensamente importante.
Cada personalidade é única, original, inédita - nunca existiu ser similar ou jamais virá a existir um ser humano exatamente igual ao outro, nem mesmo os gêmeos univitelinos, apesar do caráter genético ser muito parecido, mas cujo caráter espiritual é diferente.
O erro não está no desejo de ser “importante” - o erro está na maneira como as pessoas procuram ser importantes.
Existem três possibilidades de ser importante:
--- pelo isolamento;
--- pela oposição;
--- pela integração.
O Eu sem o nós é apatia.
O Eu contra o nós é antipatia.
O Eu com o nós é simpatia.
Só no terceiro caso é que surge a verdadeira grandeza, importância e felicidade - mas é difícil para o ser humano compreender essa verdade.
Existe dentro de cada ser humano um desejo não aparente, potencial, de se integrar num Todo maior do que ele mesmo, um Todo que dê a ele uma razão de ser, o sentido real da sua existência e atividade.
A necessidade de estima e reconhecimento, o desejo de glória e poder, sexo e amor, o impulso de adquirir valores materiais, intelectuais, espirituais - tudo isso são outras tantas expressões parciais, mais ou menos inconscientes, desse profundo e vasto Eu, que forma a parte essencial do nosso Ser, de nossa qualidade, que sente a sua parcialidade e o desejo pela totalidade.
Esta também é a razão por que o “amor é o vínculo da perfeição”, porque o amor é integração, universalidade, totalidade - ao passo que desamor ou egoísmo é totalmente contrário a tudo isso.
Sendo que o Creador é a Totalidade Absoluta, tanto mais divino é um homem quanto mais alto é o seu grau de totalidade e universalidade, isto é, de amor. Não incluir, ou até excluir do seu amor um único ser, qualquer que seja, é falta de totalidade e universalidade, falta de “Divindade”.
Felicidade, beatitude profunda e sólida, só é encontrada nesse caminho de integração da parte no Todo, do ser humano no Universal, do relativo ao Absoluto, da creatura no Creador. Esta é a voz do Cosmos, e felicidade é a sintonização do ser humano com o grande Todo.
“Ser igual a Deus” é a linguagem bíblica para exprimir esse desejo de todos os seres, pois sendo que em Deus tudo está, de Deus tudo vem, é lógico que a Deus tudo volta. É o eterno e universal Teo-tropismo dos efeitos pela Causa.
Ao homem espiritualmente infantil, parece que essa integração seja uma renúncia à liberdade. Ocorre que, inconscientemente, ele deseja por essa integração no Todo a fim de se sentir seguro, sacrificando a liberdade pela segurança; preferindo se sentir seguro sem liberdade a ser livre sem segurança.
O verdadeiro místico, o homem integral, é um homem seguramente livre e livremente seguro, porque ele está totalmente integrado no Todo. E, como liberdade e segurança é sinônimo de felicidade, ele nunca mais poderá renunciar dessa vasta integração, que é a Vida Eterna e à Eterna Felicidade ...
Texto revisado extraído do livro Imperativos da Vida
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