É um erro pensar que Einstein - esse grande cientista universal, humanista, visionário e místico-dinâmico - tenha descoberto a Teoria da Relatividade por meio de pacientes pesquisas e muitos anos de análises. É certo que fez muitas, mas esse trabalho por si só não pode ser considerado como causa essencial das suas descobertas, mas apenas as condições secundárias de seu esforço.
Quem não conhece a diferença entre o indivíduo ego-pensante e o cosmo-pensado, não poderá compreender Einstein e nem a sua obra.
Desde as mais antigas civilizações até os tempos atuais, apareceram no planeta Terra, indivíduos intensamente cosmo conscientes, em que essa consciência prevalece notavelmente sobre a consciência pessoal. E a ideia que se tem é de homens inspirados, místicos, magos, profetas, etc. O homem ego-pensante, restrito ao seu minúsculo círculo dos sentidos e da mente, não compreende que a razão pode ampliar notavelmente esse círculo, abrangendo áreas maiores de consciência, que se pode chamar de cosmo-consciência.
Entre hebreus e não hebreus da antiga África, apareceram homens cosmo-conscientes, como o grande Toth, a que os gregos chamavam Hermes (o Deus da Sabedoria), três vezes magno (Trismegisto); na África surgiu o poderoso legislador e condutor de Israel, Moisés; surgiu também a luminosa constelação dos grandes neoplatônicos de Alexandria, Philo, Plotino e Orígenes; lá viveram alguns grandes faraós, sobretudo o iniciador do monismo, Amenhotep IV, que mudou seu nome para o de Akénaton I, e mais tarde os gênios de Agostinho e Tertuliano.
Em outros continentes de cultura antiga, apareceram homens de cosmo-consciência como Buda, Krishna, Rama-Krishna, Vivekananda, Rabindranath Tagore, Mahatma Gandhi, Lao-Tse, Ramana Maharshi, Yogananda, Zaratustra, Paulo de Tarso, e o próprio Jesus; todos eles, em diferentes intensidades, ultrapassaram a vulgar ego-consciência do homem comum e que foram invadidos pela elegante cosmo-consciência.
Benedito de Espinoza dá a esse poder cósmico o nome de “Alma do Universo”; outros, o deixam em perpétuo anonimato (Buda); alguns lhe chamam “Pai” (Jesus); para outros ainda, ele é simplesmente “Tao”, Realidade (Lao Tse); outros, finalmente, lhe dão o nome de “Lei” (Einstein).
Toda vez que esses homens cosmo-conscientes sentem a invasão dessa fonte infinita nos seus canais finitos, esvaziam os seus veículos humanos ego conscientes e permitem a invasão das forças cósmicas, do Eu divino inerente em cada ser.
Por vezes, esses poder superior domina totalmente a consciência humana, assim como um vento forte enfuna a vela de um barco e o arrasta com velocidade; por vezes o barqueiro humano, sob o impulso da inspiração cósmica, continua a dominar e dirigir a sua nau, impelido por essa força cósmica mas conservando a direção de suas próprias forças.
Os que conhecem um Einstein totalmente ego-consciente e ego-motivado nas suas descobertas, desconhecem o homem cosmo-consciente que ele foi ... esse grande cientista místico.
A sua ascendência hebreia lhe oferecia um vasto substrato cosmo-consciente, embora inconsciente. A sua vida, em numerosos casos, o coloca na ascendência dos magos, dos místicos e dos iogues, embora não podemos atribuir ao grande matemático nenhuma conotação sobrenatural que estas palavras parecem insinuar.
Einstein passava longos períodos de voluntária reclusão e silêncio em um processo em que ele polarizava sua mente num único objetivo, processo esse pelo qual extraía do Universo, seus segredos. Outro de seus hábitos peculiares era a de dar uma pausa nos estudos e buscar na música mais inspiração, pois era um exímio violinista e também tocava piano.
O cientista que trabalha apenas com o seu intelecto, nada sabe dessa atitude cosmo-pensada, confiando somente nos seus atos ego-pensantes; perde-se no caos das circunstâncias humanas, sem atingir a substância de Deus; conhece o corpo e ignora a alma do Universo.
Quando o homem tem uma intuição racional, ele tem a impressão de ser invadido por uma força exterior, quando na realidade, experimenta uma erupção de dentro do seu próprio centro cósmico, antes inconsciente, e agora consciente. Quando essa força se torna cosmo-consciente, ele recebe então, o que se chama de intuição.
O homem meramente intelectual tem o que podemos chamar de ego percepção, ao passo que o homem racional (espiritual) tem intuição, a visão de dentro que parece ser uma invasão vinda de fora.
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Monismo, que consiste no princípio da unidade com diversidade, perfeita harmonia, equidistante da monotonia unitária e do caos que diversifica.
O ego físico-mental-emocional é, por sua natureza, centrífugo, extrovertido, sempre na direção das periferias do mundo objetivo. A mente humana nesse estágio, simplesmente atrelada às tendências do ego tirânico, se encontra multipolarizada: distraída, dispersiva, indisciplinada, sem a habilidade de concentrar-se. À medida que a mente avança e ultrapassa essa face caótica do ego, ela entra na zona mística do Eu. Em sua peregrinação de encontro ao seu autoconhecimento, as tendências do ego começam a se disciplinar, para uma convergência mental. Em vez de ter 20 ou 10 pensamentos em rápida sucessão, a mente os reduz a 5 ou 2 e, finalmente, a um só pensamento; a mente está, então, unipolarizada. Pouco a pouco, esse pensamento sucessivo culmina na consciência simultânea: Eu e o pai somos um! A unipolaridade do pensamento é agora, substituída pela unipolaridade da consciência. A análise mental morre e nasce a intuição espiritual. Nesse estágio de consciência espiritual, o homem supera as zonas inferiores das tempestades e turbulências do ego e entra na estratosfera da grande quietude e do silêncio do Eu. Em outras palavras, forma-se uma linha vertical de pensamento que marca a fronteira entre dois mundos: entre o mundo turbulento do ego, sujeito a tempo, espaço e causalidade – e o mundo tranquilo do Eu, que habita no eterno, no infinito.
De acordo com Eckhart Tolle, famoso espiritualista, escritor e palestrante: “A sabedoria vem da habilidade de permanecer na quietude. Apenas olhe e ouça, pois nada mais é necessário. Permanecer na quietude, olhando e ouvindo, ativa a inteligência não conceitual, que são as percepções mais sutis da Realidade, no ser humano. Deixe a quietude direcionar suas palavras e ações.” Ou na linguagem das Sagradas Escrituras: “Sê quieto – e saberás que Eu sou Deus.”
Texto revisado extraído do livro Einstein
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