Tuesday, 17 August 2021

RAMANA MAHARSHI

Esta página é uma transcrição do inglês para o português e espanhol de um raro vídeo/documentário de 01/09/1946, sobre a vida de Ramana Maharshi (1879–1950), que mostra um pouco mais sobre a personalidade desse homem místico, considerado um dos maiores videntes indianos, e de acordo com Paul Brunton (1898-1981), que com ele conviveu e que passou por um intenso momento de iluminação espiritual, afirmando ser o vidente: “um dos últimos super-homens espirituais da Índia, de um temperamento simples e modesto, e que no entanto, é rodeado de uma atmosfera de autêntica grandeza e de nenhum vestígio de pretensão”.

 

Devido à precariedade dos equipamentos de filmagem da época, o áudio se interrompe por instantes, sofrendo cortes, tornando a intelecção da fala pouco clara. E, a fim de não produzir uma tradução que poderá trair a mensagem do apresentador, omitiu-se o que não foi entendido.

 

Além das imagens do eremitério espiritual, de Maharshi e devotos, a vida local e redondezas da montanha, também se nota a imagem de uma rara visita de Paramahansa Yogananda (1893-1952), ao lado de Brunton, que o cumprimenta.

 

Brunton foi um autor britânico de livros espirituais. Ele é mais conhecido como um dos primeiros popularizadores do espiritualismo neo-indiano no esoterismo ocidental, principalmente por meio de seu mais vendido livro, A Índia Secreta, em particular no capítulo IX, A Colina do Farol Sagrado, onde ele se encontra com Maharshi; no livro Um Eremita nos Himalaias, e A Mensagem de Arunáchala, livro que ele dedicou especialmente ao Maharshi.

 

Paramahansa Yogananda, monge e iogue indiano, que introduziu os conhecimentos de autorrealização para o ocidente, por intermédio de seu livro mais vendido, Autobiografia de um Iogue, considerado um dos mais importantes trabalhos sobre espiritualidade, e que de acordo com as milhões de cópias ainda sendo vendidas, é considerado o livro que mudou a vida de seus leitores. Yogananda é considerado “o mais conhecido e amado de todos os mestres espirituais indianos que vieram para o Ocidente. Através da força de seu caráter e sua transmissão habilidosa de sabedoria perene, mostrou o caminho para milhões, de como transcender as barreiras para a libertação da alma.”

 

Outro inspirado autor sobre a vida do grande vidente, foi Mouni Sadhu (1897-1971), em seu livro Dias de Grande Paz, que se tornou um “best-seller”, e Huberto Rohden (1893-1981) autor espiritual, teólogo, educador, que numa bem-humorada lembrança de sua visita ao eremitério em 1969, descreve a decepção que teve ao conhecer o eremitério de Maharshi, no livro Minhas Vivências..., capítulo Minha Decepção em Arunáchala. Segundo Rohden: “Me fortaleci ainda mais na convicção de que a maior tragédia para um grande mestre, é o fato de ter discípulos depois da morte. Levaram-me ao pequeno aposento onde Maharshi viveu seus últimos dias. Lá se encontravam livros e manuscritos dele. Na parede havia um nicho, com algumas bananas, pedaços de côco e outras frutas. Diante da minha estranheza e pergunta, me explicaram que aqueles alimentos lá ficavam e eram constantemente substituídos porque a alma de Maharshi poderia ter vontade de se alimentar... Coitado do mestre, tão mal compreendidos por seus chamados discípulos!”

 

O vídeo explora uma data cerimoniosa, 01/09/1946 de uma terça-feira, onde se comemorou o cinquentenário da chegada de Maharshi ao sopé do sagrado solo da montanha de Arunáchala, localizado no distrito de Tiruvannamalai no estado sulino de Tamil Nadu, Índia.

 

Nesse dia, milhares de peregrinos locais e de todas as partes do país, chegavam no histórico santuário da montanha, em devoção ao santo vidente para reverenciar e absorver a energia por ele emanada, que através de uma vida de severa austeridade e profunda contemplação alcançou sabedoria espiritual e serenidade única, sendo considerado um dos mais importantes videntes de todos os tempos.


Ramana Maharshi, um homem bom, que viveu num mundo cercado por dramas e dilemas.

 

“Por duas vezes, diária e pontualmente, ele caminhava pelas cercanias de sua amada montanha e de tal forma apegado a ela que afirmava ser essa montanha a própria Divindade e de ser, segundo antiga tradição, o coração espiritual ou o centro da Terra, e que caminhar em volta de Arunáchala era o momento mais feliz de sua vida!


Ele mesmo circulava por todos os lugares dessa montanha e insistia para que os peregrinos e seus devotos, fizessem essa caminhada de aproximadamente 13 quilômetros, como sendo um importante exercício espiritual.


Geralmente, o Maharshi parecia indiferente e não testemunhava nada do que ocorria ao seu redor, mas nem por isso ficava inconsciente do que se passava em certas circunstâncias.

 

Em primeiro lugar, insistia que devotos e visitantes não fossem impedidos de visitá-lo, pois ele deveria ser acessível a todos, todo tempo, mesmo em seu leito de morte, quando as forças lhe faltassem e nem mesmo sua cabeça pudesse erguer. Insistia inclusive para que todos os visitantes ao chegarem, fossem imediatamente alimentados com alimentação nutriente e bem cozida. Ele mesmo, por muitos anos, participava e supervisionava a preparação dos alimentos.


O Maharshi era inflexível no sentido de que nenhuma preferência deveria ser dada a ele quanto a alimentação ou conveniências, dizendo que o que era bom para ele, era bom para todos, mesmo que fosse na preparação de alimentação especial ou medicamento, e pedia aos atendentes que distribuíssem a comida primeiro a todos e só se alimentava depois que todos estivessem satisfeitos.

 

Em sua companhia se podia observar uma total ausência de distinção entre mulheres e homens, casta ou credos, raça e religião, entre um príncipe e um camponês, ou entre um asceta e um chefe de família. Povos de todas as religiões se chegavam a ele, e nunca orientou ninguém para que mudasse de credo ou abandonasse sua fé, e respondia a todas as perguntas, pacientemente.

 

Esse princípio de igualdade era estendido para além dos seres humanos, atingindo plantas e animais. O seu amor e afinidade pelos não humanos só podia ser comparado, ao maravilhoso filho de Cristo, São Francisco de Assis. Todos os animais se aproximavam dele, e suas linguagens silenciosas eram conhecidas por ele, e quando ele falava, eles entendiam e o obedeciam; arbitrava as brigas entre os macacos, e era também conhecido por conversar com os tigres e as cobras selvagens; todo o reino da natureza o aceitava como seu guardião e defensor.

 

Todos os animais sentiam a sua graça e agiam com inteligência diante de sua presença. Ele considerava toda e qualquer forma de vida como seu igual, e todos os animais que se aproximavam do eremitério mereciam seus espaços e recursos. Dizia que eles eram os donos da terra, todo tempo e que nós os homens viemos ocupar o que a eles pertence, e que também podiam falar e exigir seus direitos. A despeito disso, ele mantinha a ideia de que, desde o homem até o menor dos animais, eram a mesma manifestação do Supremo Eu, do Uno Imperecível, e que até mesmo eles, podem progredir espiritualmente e em algumas raras ocasiões atingir a libertação.

 

E isso foi demonstrado através da vida de uma vaca que o acompanhava por mais de 20 anos, seu animal de estimação de nome Lakshmi, que exibia uma rara devoção ao Maharshi e apresentava uma inteligência em todos os assuntos, e ela reciprocava essa devoção gentil. Dizia que o verdadeiro ensinamento acontece em perfeito silêncio, por meio da mente profundamente introvertida, mas isso não quer dizer que ensinamentos verbais não possam ser dados, e que embora tenha autorizado a prática de diferentes exercícios espirituais, ele, entretanto, enfatizava a prática do caminho da auto indagação.”

 

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1)- O sitio de localização do documentário:   https://youtu.be/mYztHXDngoI

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