O homem pode ser feliz no meio do sofrimento - mas também pode ser infeliz no meio do gozo. Sofrimento e gozo são coisas que nos acontecem - felicidade ou infelicidade é algo que nós provocamos. O sofrimento pode estar além do nosso controle, não podemos evitá-lo - mas, como a felicidade é o resultado de nossos desejos, nós a possuímos, independentemente do gozo ou sofrimento.
Em última análise, a felicidade é liberdade, e a liberdade é poder.
Quando o grande poder dinâmico desperta dentro do homem - a onipotência do espírito divino dormente nele - ele se torna livre de todos os tipos de escravidão e sabe pela primeira vez o que é a verdadeira liberdade, e essa liberdade torna-o profundamente realizado.
A libertação é o “caminho estreito”, é a “porta apertada” - a felicidade é o “reino de Deus”, de acordo com as palavras de Jesus.
Por mais paradoxal que pareça, o homem é muito mais seu ideal distante do que a realidade de seu momento presente; ele é o poder de ser - na sua profunda e permanente atitude - do que ele é em suas ações superficiais e transitórias.
O homem não é o resultado de seus atos transitórios – mas o resultado de sua atitude permanente. Para isso, o homem será após a morte o que ele era quando vivo. A morte, como um processo meramente físico, não pode produzir um fenômeno metafísico ou espiritual. Um ato transitório não pode modificar uma atitude permanente, a menos que esse ato seja o início de uma nova e permanente atitude interior. Um pecador que “se arrepende e confessa”, mas sem alterar radicalmente a sua atitude interior, se engana. Se converter, em vez de se confessar, este é o conselho que o confessor precisa dar a muitos dos seus penitentes impenitentes.
A maior crise do homem moderno continua sendo existencial, uma caótica frustração existencial. No passado o homem tinha perdido seu caminho, agora ele perdeu também o próprio endereço. Não sabe mais qual o seu destino nem a finalidade da sua existência. Inclusive chega ao absurdo de até negar a existência de uma finalidade! O homem está perdendo a noção da razão de sua existência. Escritores e filósofos proclamam abertamente que a vida humana não tem finalidade alguma e que o homem é um mero joguete no acaso de nascer, viver e morrer. Esta é a típica visão anti-cósmica da existência. É o resultado da instrução do ego periférico, sem a educação do homem integral. Não adianta correr cada vez mais em busca de algo onde a realização é efêmera. O que falta ao homem moderno é uma orientação, no meio dessa desorientação geral.
E esse processo de desencontro consigo mesmo – só para citar um exemplo – faz com que as prateleiras das livrarias se encham de livros de autoajuda, ou de pseudo salvadores da caótica situação nas redes sociais, e mesmo de mágicos influenciando pessoas com ideias de que a vida começa aos 40 anos de idade ... que o melhor tempo da vida é o da aposentadoria ou da primavera da existência ... Outro, ainda menos conformado, publicou um livro intitulado, "A Vida Começa aos 60".
E esses pobres mortais se juntam ao exército dos semimortos na ilusória intenção de tentar resolver os dramas e dilemas de seus semelhantes, não sabendo, eles mesmos, que a luz para iluminar essa escuridão, vem do conhecimento de si mesmos; vem do exercício de controlar a mente e a tirania do ego.
Thayumanavar (1705-1744), filósofo espiritualista, poeta Tâmil e considerado um santo indiano, se expressou dessa forma em um de seus poemas:
“Podes controlar um elefante louco;
Podes fechar a boca de um urso e de um tigre;
Podes cavalgar um leão;
Podes brincar com uma cobra;
Por meio da alquimia, podes ganhar o teu sustento;
Podes vagar incógnito pelo universo;
Podes fazer dos deuses teus vassalos;
Podes conservar-te sempre jovem;
Podes caminhar sobre as águas e viver no meio do fogo;
Mas controlar a mente é melhor e mais difícil!”
Ou então, como afirmou outro sábio: quando a alma está em harmonia com o Universo, a mão dessa alma pode orientar os passos de um elefante, apenas com um fio de cabelo preso à sua tromba!
O que se sabe, entretanto, é que a vida começa onde começa um grande ideal, que o resto não é vida, mas simplesmente vegetar ou deixar que ela seja vivida por circunstâncias externas e casuais. A meta principal da existência humana é a de tomar as rédeas de seu próprio destino, através do conhecimento da verdade sobre si mesmo.
Aqueles que não o fizerem, terão vivido em vão.
"Homem, conhece-te a ti mesmo”, emancipa-te da tirania das circunstâncias humanas e proclame a soberania da sua essência divina; faça de você mesmo, o resultado de sua própria creação, e não o reflexo daquilo que você vê nos outros.
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