Thursday, 5 August 2021

OS EXEMPLOS DO MAHATMA GANDHI E DE ALBERT SCHWEITZER

Quase todos os conhecedores da vida destes dois heróis século XX conhecem os fatos históricos de suas vidas. Acham que o supremo ideal de Gandhi era a libertação política da Índia e que Schweitzer se entusiasmou pela filantropia para com uma população paupérrima numa remota área da África.

Na verdade, porém, Gandhi e Schweitzer visavam a sua autorrealização, que Jesus chama de a “única coisa necessária”, quando disse: “Que o Senhor nosso Deus é um. E amarás o Senhor seu Deus com todo o seu coração e com toda a sua alma e com toda a sua mente e com todas as suas forças.” A segunda é esta: “E que deves amar o seu próximo como a si mesmo”, o que implica nessa autorrealização e libertação do homem.

Gandhi se libertou a si mesmo através da libertação dos indianos.

Schweitzer se libertou a si mesmo através da caridade para com os africanos.

Gandhi passou 20 anos no sul da África; foi para aquele continente com o ego tirânico escravizado pelo dinheiro e pelo desejo de fama - e de lá voltou liberto de seu ego pelo poder do seu Eu divino. Embarcou para a África do Sul para voltar milionário - e voltou quase sem nada, de humildes vestes de renunciação, despojado de ego e cristificado. Quando o famoso poeta indiano, Rabindranath Tagore, que conhecia o Doutor Karamchand Gandhi, viu o Gandhi espiritualizado, exclamou: “Eis aí uma grande alma em trajes de mendigo!” Desde então se popularizou na Índia e no mundo inteiro o apelido “Mahatma” (grande alma).

A libertação da Índia, que ocorreu quase meio século mais tarde, foi apenas um corolário, um transbordamento normal, da libertação individual de Gandhi. E ele deu tão pouca importância à libertação política de sua pátria, que nem mesmo assistiu à proclamação de Independência Nacional de seu país, que se deu à meia noite do dia 14 a 15 de agosto de 1947, enquanto Gandhi andava longe da Capital, do outro lado da Índia.

O ideal supremo de Gandhi era a sua autolibertação, ou auto-realização, que se manifestou no cenário político, pela tentativa de restaurar a harmonia de seu povo, da convivência pacífica entre as diferentes religiões, na declaração da Independência da Índia e por ter evitado uma guerra sangrenta entre paquistaneses e indianos.

Coisa análoga se deu com Schweitzer. Depois de formado em filosofia, teologia e música; depois de ser ordenado Ministro do Evangelho e de ser celebrado como um grande escritor, pregador e músico, Schweitzer resolveu estudar medicina e cirurgia. Abandonou a Europa, que o endeusava, e demandou às matas da África equatorial, onde a população local era pobre e iletrada, onde ninguém o conhecia e compreendia o seu gênio, a sua grandeza, a sua filosofia, a sua música.

E nesse ambiente humilde e de total incompreensão, Schweitzer viveu por 52 anos. Se em parte foi pela compaixão ao sofrimento de sua população, foi mais por amor “à única coisa necessária”, ou seja, da sua auto-realização. Na Europa ele era admirado por sua inteligência; mas ele, porém, queria ser esquecido pelo mundo a fim de realizar-se em Deus. Se, nos últimos anos de sua vida, o mundo o exaltou, não foi por culpa dele; isto lhe aconteceu à sua revelia.

Gandhi e Schweitzer são os representantes típicos da nova raça humana em evolução. Nenhum deles visou outro objetivo senão “a única coisa necessária.”

Os inexperientes tacharão de egoísmo essa atitude, porque não compreendem que auto-realização é o mais radical despojamento do ego. Auto-realização é o cumprimento do destino supremo e único da existência humana.

Quando Ramana Maharshi foi questionado por um cientista inglês como fazer o bem à humanidade, o grande vidente de Arunáchala respondeu: “A única maneira de fazer o bem é ser bom.” Ser bom significa estar realizado em Deus, porque essa realização em Deus é a única maneira de fazer o bem aos homens.

Todo altruísmo sem autorrealização é como muitos zeros: 000000; mas a autorrealização é o grande valor 1, que valoriza todos os zeros: 1000000.

Texto revisado, extraído do livro A Nova Humanidade

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