Tuesday 29 December 2020

A GRANDIOSA SAPIÊNCIA CÓSMICA DE JESUS

Há mais de 2000 anos que o cristianismo clerical anda de muletas, dos arranjos teológicos, servindo-se dos hábitos inveterados do paganismo e do judaísmo, em vez de abraçar totalmente a gloriosa e sábia mensagem de Jesus. As teologias do catolicismo injetaram o conteúdo divino dessas mensagens em modelos humanos impuros, que contaminaram o seu espírito puro. Por essa razão é que é chegado o tempo para que a humanidade chamada cristã se libere definitivamente desses transtornos teológicos, obsoletos e alheios, e a começar a caminhar na devida direção. O Evangelho de Jesus não necessita desses elementos pagãos e judaicos, dessas ideias absurdas de redenção por meio de complicados ritualismos mágicos, e nem da repugnante matança de inocentes animais.

A quintessência da mensagem de Jesus nada tem a ver com essas concepções heterogêneas; o Evangelho goza de perfeita autonomia espiritual, de perfeita maturidade e vigorosa saúde para caminhar por si mesmo. A essência do Evangelho se resume na experiência mística da presença de Deus e no seu transbordamento espontâneo em forma de vivência ética com todas as creaturas de Deus.

Quando o teólogo da sinagoga, quis saber qual era a coisa mais importante da vida humana, Jesus não falou em ritualismos sacramentais, nem em redenção pelo sangue, como os nossos teólogos ensinam, mas falou da experiência que o homem deve ter da presença de Deus e do quádruplo amor de Deus que o homem integral sente em si mesmo, quando conscientiza essa presença divina com a alma, a mente, o coração e com todas as forças do corpo.

Jesus descreve o homem integral, como alma, mente, coração e forças corporais. Se ele tivesse exigido apenas que o homem amasse a Deus com a alma, nós o teríamos achado normal. Mas o fato é que ele exige do homem que ame a Deus também com a mente, com o coração, e até com todas as forças vitais do corpo. Exige que o Reino de Deus se manifeste no homem total, que o Eu divino da alma atue como um fermento que leveda o ego humano, mental, emocional, corporal. Assim, Jesus supõe possível essa total permeação do ego mental-emocional-corporal pelo fator divino do Eu espiritual. Se o homem não conseguir essa total permeação de toda a sua natureza pela experiência mística do espírito de Deus, não cumpre o primeiro e o maior de todos os mandamentos.

Essa total permeação do ego humano pelo Eu divino supõe que o ego mental-emocional-corporal permita e prepare essa invasão, que o ego humano se deixe voluntariamente ser invadido pelo poder do espírito divino do Eu. Esse quádruplo amor a Deus poderia ser representado por duas linhas cruzadas, vertical e horizontal, onde na vertical estariam as palavras alma e corpo e na horizontal, coração e mente, designando, por assim dizer, os quatro pontos cardeais da natureza humana.

O que é isso senão auto-conhecimento e auto-realização, em linguagem de filosofia e psicologia modernas?

Para que a alma possa permear devidamente as outras propriedades sensoriais humanas, é indispensável que estas se esvaziem do seu conteúdo próprio; que a mente desista de seus pensamentos, que o coração se esvazie de qualquer desejo, e que o corpo suspenda todos os seus sentimentos pessoais; e que esse ego-esvaziamento receba a cristo-plenificação: que o homem estabeleça em si um grande vácuo, a abolição da sua ruidosa egoidade físico-mental-emocional. Só assim, pode a plenitude divina fluir livremente para dentro desta vacuidade humana. A Teo-plenitude só plenifica a ego-vacuidade.

Sem esses requisitos, é incompreensível e não se pode amar a Deus com toda a alma, com toda a mente, com todo o coração e com todas as forças.

O que fez Jesus nos 18 anos em Nazaré, de que os Evangelhos não falam? E o que ele fez nos 40 dias da sua solidão no deserto da Judéia? E o que ele fazia durante os três anos da sua vida pública, quando passava noites no cume dos montes ou no silêncio dos ermos? Ele simplesmente sintonizava a alma, a mente, o coração e o corpo com o espírito do Pai; conscientizava intensamente a presença real de Deus, que era para ele uma prática normal e fácil, e tão essencial que ele recomenda insistentemente a seus discípulos como sendo a verdadeira libertação do homem, o primeiro e maior de todos os mandamentos, a única coisa necessária.

Diante disto, é lastimável que as igrejas cristãs recorram ainda a empréstimos ao paganismo ritualista e mendiguem favores ao judaísmo sanguinário. Fazem crer à cristandade que Jesus tenha recomendado estas práticas obsoletas, há muito tempo superadas.

As teologias não se envergonham de mendigar esses elementos estranhos de outras ideologias, como se o Cristianismo não possuísse riquezas infinitamente superiores a tudo isso e não tivesse a sua própria identidade com autonomia espiritual: o auto-conhecimento pela mística divina e a auto-realização pela ética humana, “em que consistem toda a lei e os profetas.”

Causa espanto e estranheza essa postura ainda arcaica, que se baseia ou na ignorância dos líderes espirituais, ou na baixeza com que eles forçam seus adeptos a essas tradições antigas, como se fosse a verdadeira herança espiritual da mensagem do Evangelho.

Quando terá o chamado cristianismo clerical a decência de aceitar as palavras de Jesus: “Não chameis a ninguém, sobre a face da terra, vosso Pai, vosso guia, vosso mestre - porque um só é vosso Pai, vosso guia, vosso mestre.”

Texto extraído do livro O Drama Milenar do CRISTO e do ANTI-CRISTO

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