Se não houvesse pecado, sobretudo o pecado original inventado pela igreja, o clero perderia o seu emprego e, portanto, a sua razão-de-ser! De acordo com a própria ideologia, o clero tem como função primária a libertação do homem do pecado e dar à ele, a redenção. Se não existe pecado, não existe a necessidade de redenção; e se não existe essa necessidade, não existe a necessidade do clero - portanto, é necessário que exista o pecado para que o clero possa existir!
A ideia do pecado foi estabelecida pela doutrina das teologias cristãs, o homem é concebido e nasce em pecado. É também crença geral que esse pecado herdado de Adão e Eva se extinga no batismo quando o recém nascido é levado diante de uma pia batismal e lhe derramam água benta sobre a cabeça, ou pela submersão em água e de certas palavras mágicas. Depois disso, a alma humana, possessa de Satanás, se torna filha de Deus.
O Evagelho de Jesus ignora radicalmente a existência do pecado original, manda vir a si as crianças, dizendo que delas pertence o Reino dos Céus; e duramente previne os adultos para não levar ao pecado uma criança inocente “que tem fé nele,” embora Jesus reconheça a realidade do pecado pessoal, pecado adquirido quando o ego humano começa a dar sinais de sua tirania, através do livre arbítrio já mesmo na tenra idade. A ideia do pecado original foi contrabandeada para o seio do Cristianismo por alguns representantes da sinagoga de Israel que adotaram essa doutrina, e por isto, criaram o ritual do batismo de crianças.
Mesmo após a morte do indivíduo, o pecado deve continuar - pelo menos o pecado venial, cujos autores estão no purgatório - e essa humanidade pecaminosa do purgatório é incomparavelmente mais numerosa do que o número dos que ainda vivem.
Segundo o catolicismo, o pecado venial é um pecado menor que não resulta em completa separação de Deus e condenação eterna no inferno, como faria um pecado mortal não arrependido; e o pecado venial não rompe a relação do homem com Deus, mas a prejudica. E o clero sabiamente usando desse argumento, afirma que esta humanidade que vive no além – os espíritos - são objeto de sua solicitude, porque recebem o benefício, sobretudo através da missa e dos sacramentos, que são o monopólio do clero, que assim, continua vivendo do pecado e dos lucros obtidos pela maldade humana.
Os merecimentos da redenção, diz a teologia, vem de Jesus, mas a sua aplicação depende do clero! e não havendo padre para aplicar aos leigos esses merecimentos, praticamente esses merecimentos não existem para eles, e não existindo a redenção, o pobre vivente ou alma, perambula eternamente em pecado, sem ser redimido.
Esse é o tamanho poder que o clero possui - segundo sua teologia ...
Esta é, certamente, uma das principais razões porque a mensagem de Jesus e de outros grandes mestres espirituais é ineficiente, porque depende de intermediários humanos, que recebem as mensagens divinas e imediatamente as contaminam com suas interpretações!
Se Jesus voltasse ao mundo, segundo Nietzsche, a primeira declaração pública que faria à humanidade seria esta: “Cristãos de todos os países e de todas as igrejas, sabei que eu não sou cristão - eu sou o Cristo!”
E por isso é que a maior tragédia que pode acontecer a um mestre espiritual é ter, após a morte, discípulos inabilitados na compreensão do espírito desse mestre; esses discípulos, via de regra, ensinarão precisamente o contrário do que o mestre disse, contaminando a mensagem pura.
E de onde vem todas essas monstruosidades?
Vem do falso conceito de Deus e do homem ...
O homem ignora a si mesmo e ignora o que Deus é ...
E continua o mistério do Deus desconhecido e continua o enigma do homem, esse desconhecido ...
Texto revisado, e em parte extraido do livro ROTEIRO CÓSMICO
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