Friday 4 December 2020

NUM CLIMA DE ESPIRITUALIDADE

No final de uma de suas palestras, Huberto Rohden foi abordado por um de seus alunos que lhe perguntou se havia uma certeza histórica sobre a ressurreição de Jesus.

Respondendo-o como lhe convinha, e de acordo com seus conhecimentos, Rohden percebeu que o estudante não ficou muito convencido.

Finalizada a palestra e depois que o estudante se foi, Rohden se sentiu envolto em pensamentos em torno do problema, perguntando a si mesmo: Por que para certos indivíduos é evidente o que para outros é obscuro? Pois deve haver um determinado clima, uma atmosfera onde em certas pessoas a semente da certeza espiritual germina sem nenhuma argumentação, debate, discussão acalorada e mesmo violenta.

Será que a pessoa A é de natureza crente, que aceita normalmente as realidades do mundo espiritual, ao passo que a pessoa B é naturalmente descrente, cética?

Ocorre que em certas pessoas existe um ambiente propício à aceitação da existência do mundo espiritual, e por isso, enxergam facilmente os fatos que tem afinidade com os seus pensamentos; toda a sua natureza, mesmo inconsciente, é favorável à aceitação do fato. O que determina a aceitação do homem dessa existência, não é este ou aquele argumento analítico, que é apenas um catalizador, mas sim o interno Eu do homem, uma compreensão, que é como lenha seca que pega fogo com a simples chama de um palito de fósforo, ao passo que em outra pessoa, essa lenha ainda está húmida e não reage à aproximação da chama.

Compreender, não quer dizer ter ouvido falar ou lido; compreender não é um ato isolado, desconexo, mas supõe uma longa série de atos, até que esses atos formem uma atitude. Finalmente, quando todo o ambiente está saturado de atitude propícia, surge esse algo misterioso e indescritível que se chama, compreensão.

Essa compreensão não vem de provas, demonstrações, argumentos analíticos - que podem servir de lenha, mas a lenha, por mais seca, não pega fogo por si mesma. Todos esses preliminares conscientes são necessários - mas nenhum deles é suficiente para a ignição ou compreensão final. Algo do extra consciente deve acontecer para que o consciente, como a lenha, pegue fogo.

É, pois, de suma importância que se desenvolva e se estabeleca um ambiente favorável na alma, para que as coisas do espírito se fortaleçam, pois é só assim que quando “o discípulo está pronto, o mestre aparece” ...

Texto, em parte, extraído do livro Roteiro Cósmico

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