No final de uma de suas palestras, Huberto Rohden foi abordado por um de seus alunos que lhe perguntou se havia uma certeza histórica sobre a ressurreição de Jesus.
Respondendo-o como lhe convinha, e de acordo com seus conhecimentos, Rohden percebeu que o estudante não ficou muito convencido.
Finalizada a palestra e depois que o estudante se foi, Rohden se sentiu envolto em pensamentos em torno do problema, perguntando a si mesmo: Por que para certos indivíduos é evidente o que para outros é obscuro? Pois deve haver um determinado clima, uma atmosfera onde em certas pessoas a semente da certeza espiritual germina sem nenhuma argumentação, debate, discussão acalorada e mesmo violenta.
Será que a pessoa A é de natureza crente, que aceita normalmente as realidades do mundo espiritual, ao passo que a pessoa B é naturalmente descrente, cética?
Ocorre que em certas pessoas existe um ambiente propício à aceitação da existência do mundo espiritual, e por isso, enxergam facilmente os fatos que tem afinidade com os seus pensamentos; toda a sua natureza, mesmo inconsciente, é favorável à aceitação do fato. O que determina a aceitação do homem dessa existência, não é este ou aquele argumento analítico, que é apenas um catalizador, mas sim o interno Eu do homem, uma compreensão, que é como lenha seca que pega fogo com a simples chama de um palito de fósforo, ao passo que em outra pessoa, essa lenha ainda está húmida e não reage à aproximação da chama.
Compreender, não quer dizer ter ouvido falar ou lido; compreender não é um ato isolado, desconexo, mas supõe uma longa série de atos, até que esses atos formem uma atitude. Finalmente, quando todo o ambiente está saturado de atitude propícia, surge esse algo misterioso e indescritível que se chama, compreensão.
Essa compreensão não vem de provas, demonstrações, argumentos analíticos - que podem servir de lenha, mas a lenha, por mais seca, não pega fogo por si mesma. Todos esses preliminares conscientes são necessários - mas nenhum deles é suficiente para a ignição ou compreensão final. Algo do extra consciente deve acontecer para que o consciente, como a lenha, pegue fogo.
É, pois, de suma importância que se desenvolva e se estabeleca um ambiente favorável na alma, para que as coisas do espírito se fortaleçam, pois é só assim que quando “o discípulo está pronto, o mestre aparece” ...
Texto, em parte, extraído do livro Roteiro Cósmico
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