Wednesday 9 December 2020

O FILHO DE DEUS

Apareceu um homem, entre os habitantes terrestres ...

E esse homem veio tornar-se o centro da história da humanidade.

Não fez descobertas nem invenções, não derrotou exércitos nem escreveu livros – esse homem singular.

Não fez nada daquilo que a outros homens garante imortalidade – o que nele havia de maior era ele mesmo ...

Pelo ano do seu nascimento datam todos os povos cultos a sua cronologia.

Esse homem possuía exímios dotes de inteligência – e infinita ternura de coração.

A sua vida se resume numa epopeia de divino poder – e num poema de humano amor.

Havia na vida desse homem uma pátria e uma família – mas também um exílio e uma solidão.

Havia inocentes com o sorriso nos lábios – e doentes com as lágrimas nos olhos.

– Havia apóstolos – e apóstatas ...

Brincava nos caminhos desse homem a mais bela das primaveras – e no final da curta peregrinação, a mais infame das mortes.

Esse homem vivia no mundo – mas ele não era deste mundo ...

Quando ele chegou, “não havia lugar na estalagem” – e quando partiu, só havia lugar numa cruz, entre o céu e a terra.

Esse homem não mendigava amor – mas todas as almas boas o amavam ...

Era amigo do silêncio e da solidão – mas não conseguia fugir ao tumulto da sociedade, porque “todos o procuravam” ...

Irresistível era o fascínio da sua personalidade – incrível era a potência das suas palavras ...

Todos sentiam o envolvente mistério da sua presença – mas ninguém sabia definir esse estranho magnetismo ...

Era uma luminosa escuridão – esse homem ...

Não bajulava a nenhum poderoso de seu tempo e também não desprezava nenhum miserável ...

O seu caráter era transparente como um cristal – e, no entanto, é ele o maior mistério de todos os séculos ...

Nenhum poeta conseguiu atingir-lhe a sublime altura – nenhum filósofo o conseguiu definir as profundezas ...

Esse homem não rejeitava Madalenas nem apedrejava adúlteras – mas lançou aos penitentes, palavras de perdão e de vida ...

Não abandonava ovelhas desgarradas nem filhos pródigos – mas circundava nos braços a estes e levava aos ombros aquelas ...

Esse homem não discutia – falava simplesmente ...

Não fragmentava palavras nem contava sílabas e letras, como os rabis do seu tempo – mas abria imensas perspectivas de verdade e beatitude ...

Exclamavam os homens, felizes e boquiabertos: “Nunca ninguém falou como esse homem fala!” ...

Para ele, o túmulo não era o ponto final da existência – mas o berço para a vida verdadeira ...

Por isso, vivem por ele e para ele muitos entre os melhores homens – porque adoram nele o homem integral!

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“Jesus nunca será ultrapassado ... Todos os séculos proclamarão que entre os filhos do Creador, nunca houve um maior do que Jesus. Repousa agora na tua glória, nobre iniciador! Tua obra foi finda em seu tempo e tua divindade fundada. Não receie mais ver desabar por um erro, o edifício dos teus esforços; irás te tornar de tal modo a pedra angular da humanidade, que arrancar teu nome deste mundo seria o mesmo que abalar seus fundamentos.” Joseph Ernest Renan

Texto revisado, extraído do livro De Alma para Alma

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