O único caminho para a redenção está na definitiva libertação de todas as algemas que prendem o homem ao seu ego tirânico.
Essa libertação se revela como segurança, paz, alegria e profunda felicidade.
Toda a nossa infelicidade vem, em última análise, de uma ilusão escravizante; alguém me fez mal ... Alguém cometeu uma injustiça contra mim ... Alguém me tratou com ingratidão ...
Por vezes, esse alguém é algo impessoal; a nossa infelicidade nem sempre tem sua origem numa consciente perversidade humana, mas numa inconsciente adversidade da natureza que nos circunda. Algo de desagradável me aconteceu - e por isto sou infeliz ...
Enquanto eu continuar a viver nessa ilusão, não estou remido das minhas misérias, não sou feliz.
Somente a verdade pode me libertar ... Toda e qualquer ilusão me escraviza.
A grande ilusão está na tradicional identificação do meu ego com o meu Eu, na funesta confusão daquilo que eu tenho com aquilo que eu sou; confundo o que o meu ego possui com o ser do meu Eu. O meu ego é alérgico ao impacto das circunstâncias externas, das perversidades dos homens e das adversidades da natureza - mas o meu Eu é absolutamente imune e invulnerável a isso. Eu posso sofrer todas as adversidades e perversidades - e, no entanto, ser profundamente feliz. Por outro lado, posso gozar de todos os benefícios das posses que tenho e ser internamente infeliz.
Ninguém, exceto eu mesmo, pode fazer mal ao meu íntimo ser, que é o meu Eu eterno, a individualização do Infinito - todos podem fazer mal externamente ao meu ego, mas o meu Eu é completamente invulnerável externamente, embora vulnerável de dentro.
“O que de fora entra no homem não torna o homem impuro, mas sim o que sai de dentro do homem...”
O meu externo agir é terrivelmente alérgico.
O meu interno ser é gloriosamente imune.
Basta que o homem transforme o seu egocentrismo em Eu-centrismo, Teocentrismo, cosmos-centrismo – e será feliz pois está resolvido o problema fundamental da sua vida. E a solução desse problema fundamental torna possível a solução de todos os outros problemas, ou pseudo problemas da sua existência.
A ego-consciência é a nossa infelicidade.
A cosmo-consciência é a nossa felicidade.
Elimina o teu ego, homem! Te tornes cósmico - e serás feliz!
A primeira etapa para esse processo é a ética do segundo mandamento: “ama teu semelhante como a ti mesmo”; o último é a mística do primeiro mandamento: “ama a Deus de todo o teu coração ...”
O egocentrismo é uma herança do estágio selvagem do homem, que se intensificou com o advento da inteligência. Todo ser vivo é necessariamente egocêntrico, embora esse ego não se manifeste mentalmente consciente, pois cada um possui egocentrismo vital, que é a lei da conservação do indivíduo.
O egocentrismo dos seres não humanos não é perigoso, porque está circunscrito ao instinto de suas naturezas, pois eles não produzem o mal intencionalmente, conscientemente, e por essa razão não podem ir além de suas circunstâncias.
Somente o egocentrismo consciente do homem é que é perigoso, que pode ir além de todos os limites e capaz de provocar uma hecatombe, enquanto não for controlado por uma força superior, pelo universalismo da razão espiritual. Somente quando o homem ingressa na zona do superconsciente da racionalidade do seu Eu universal, é que ele contrabalança os excessos devastadores do seu ego, e estabelece o grande equilíbrio da harmonia universal.
É somente nesse nível de consciência, que a sua vida se inunda de uma paz dinâmica que nenhum egoísta profano é capaz de saborear...
Texto revisado, extraído do livro Roteiro Cósmico
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