Tuesday 22 December 2020

MONOTEÍSMO E MONISMO

O monoteísmo é uma doutrina religiosa que admite um único Deus para seu povo e seu país, e esse Deus é transcendente, que se localiza além da realidade sensível, pelo seu teor de perfeição e poder inquestionável; ausente do mundo e presente no céu; portanto, o monoteísmo é uma concepção dualista, que é a visão que separa o Creador de suas creaturas; o Creador no céu e as creaturas na terra. Com isso, se estabeleceu a enganosa batalha do homem em conseguir chegar a Deus, subir aos céus!

Ainda que Jesus tenha adotado essa analogia do Pai e seus filhos, que parecem ser entidades separadas (dualismo), ele mesmo explica que na verdade “Eu e o Pai somos um,” ou seja, que é só na aparência externa, na forma dada à existência, que parecemos dois entes separados, mas na essência, não somos dois, somos uma só entidade (monismo). Em linguagem abstrata diríamos: Eu e o Infinito somos um; o Infinito está em mim, e eu estou no Infinito - mas o Infinito é maior do que eu.

Podemos entender que Jesus adotou essa postura dualista como uma estratégia pedagógica, porque ele admitia que o estado de consciência do homem da época (e ainda dos dias atuais) não consegue descobrir o reino dos céus dentro de si mesmo. Infelizmente, a ignorância da teologia induz o homem a aspirar esse reino.

Por outro lado, o monismo proclama um Deus único para o mundo inteiro, universalista; e esse Deus, embora transcendente em sua essência, é ao mesmo tempo imanente nas suas existências, que faz parte de maneira inseparável da essência do ser.

Se o monismo não admitisse transcendência, mas apenas imanência, seria panteísta; e, se só admitisse transcendência e não imanência, seria dualista, como o da sinagoga de Israel e das teologias eclesiásticas do ocidente. Mas o verdadeiro monismo, sobretudo na forma do Evangelho de Jesus, é transcendente-imanente, bem expresso em suas palavras. A visão de Jesus era monista, universal, que tudo o que existe é a manifestação do Creador, a partir da essência única.

Nos princípios do quarto século, o monismo do Evangelho foi contaminado e em parte eclipsado pelo monoteísmo da sinagoga de Israel. E até hoje, o monismo do Evangelho aparece na forma do monoteísmo das nossas teologias eclesiásticas. A humanidade vive um Cristianismo judaico, e não um Cristianismo crístico-evangélico. A Suma Teológica de Tomás de Aquino e as decisões oficiais do Concílio de Trento consolidou definitivamente o monoteísmo dualista da igreja contra o monismo evangélico de Jesus, acusando esse monismo, de panteísmo. O Concilio Vaticano II, (1962-1965), aberto por João XXIII e concluído por Paulo VI, não voltou à doutrina monista do Evangelho, limitando-se a modificações secundárias, dentro do esquema tradicional do monoteísmo dualista da sinagoga de Israel e da teologia.

Assim, sendo, a igreja continua sem avançar, estagnada em seus conceitos, e distante dos passos dados por Jesus, da consciência de que o reino dos céus está dentro do homem, e não fora dele. Do mesmo modo, tão aturdida e confusa como a sinagoga, onde os judeus ainda até hoje aguardam a chegada do Messias!

Texto revisado e em parte extraído do livro Minhas Vivências... e em colaboração com Hernán Fandiño

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