Friday 29 January 2021

PARA COMPREENDER O TAO TE CHING

“Quando abandono o que sou, me torno o que poderia ser. Quando deixo o que tenho, recebo o que preciso”. Tao Te Ching

Sendo que os chineses não usam as formas latinas de escrita, e sim de ideogramas para expressar ideias, não há uniformidade nas palavras quando reproduzidas com símbolos do alfabeto latino. Assim, Lao Tzu, Tao, Te, King, admitem várias grafias, como Lau Tsi, Dau, Che, Ching, etc.

Tao - significa o Absoluto, o Infinito, a Essência, a Realidade Suprema, o Divino, a Inteligência Cósmica, a Vida Universal, a Consciência Invisível, o Incognoscível, etc. Ele nunca é um indivíduo, uma pessoa, como Deus na teologia ocidental.

Te - pode ser traduzido como o caminho, a orientação, a revelação.

Ching - corresponde a livro, documento escrito.

Tao Te Ching pode ser traduzido como “Livro que conduz à Deidade” ou “O Livro que revela Deus”.

Nessa tradução do texto, Huberto Rohden (1893-1981), filósofo, educador, teólogo brasileiro, foi orientado em parte pelos tradutores alemães Rudolf Backofen e Werner Zimmerman, versão que ele considerou mais próxima do original.

Como a escrita chinesa usa ideogramas em vez de letras, cada palavra permite amplas possibilidades de significado e variações. É bom lembrar que esses tradutores usaram mais de 30 palavras diferentes para expressar o significado do caractere chinês para o Tao, pois não estavam interessados em reproduzir a forma da palavra, mas a alma do texto e seu contexto.

De acordo com os escritos ideográficos, é mais importante sentir, adivinhar, cheirar o significado exato de cada símbolo do que transliterar corretamente o respectivo ideograma. Por esse motivo, os leitores provavelmente encontrarão termos que não são encontrados em outras traduções. A elasticidade de um ideograma oriental permite um grande número de variações quando expressa por uma palavra ocidental rígida e mecanicista.

Na verdade, o problema com quase todas as traduções conhecidas, não só no caso do Tao, nem dos ideogramas, é devido ao fato de que o tradutor costuma tentar traduzir mecanicamente, palavra por palavra, o corpo de um livro, em vez de interpretar organicamente a alma do livro, a essência das ideias do autor.

O conhecido provérbio italiano “traduttore traditore” (o tradutor é um traidor), justifica-se no caso de fazer uma tradução mecânica, em vez de orgânica, como se o pensamento fosse algo como um software de computador, e não uma tradução de uma entidade humana espiritual.

Traduzir sem trair é o trabalho de um verdadeiro artista; não é apenas o ato de compreender a ideia do escritor, mas também é preciso sentir sua alma.

 

“Deus, Brahman, Yahveh, Tao – o que é que se entende por esta palavra?

Para muitos, Deus é uma espécie de ditador celeste, uma pessoa que vigia os homens de longe e registra os seus créditos e débitos, premiando-os ou castigando-os depois da morte, mandando os bons para um céu eterno e os maus para um inferno eterno.

Esse infantilismo primitivo domina as teologias cristãs de quase dois mil anos e, embora haja grandes variantes dessa concepção de Deus, no fundo é essa ideia antropomorfa. 

Entretanto, essa concepção nada tem que ver com Tao.

No seu livro Mein Wetbild (Como Vejo o Mundo), Einstein descreve muito bem, seus três tipos da concepção de Deus:

1) - O conceito do Deus-máquina, entre os povos mais primitivos;

2) - O conceito do Deus-pessoa, entre os hebreus do Antigo Testamento, em geral, e entre os cristãos de todos os tempos e países;

3) - O conceito do Deus-cósmico, professado por uns poucos místicos avançados, cujos representantes ultrapassam igrejas e teologias e encontram-se, esporadicamente, entre todos os povos e em todas as religiões. Einstein enumera, entre os da terceira classe, Demócrito, Francisco de Assis e Spinoza, quer dizer, um pagão, um cristão e um hebreu, dizendo que eles são irmãos na mesma fé.

Lao-Tsé e seu conceito de Tao poderiam ser incluídos no terceiro grupo, dos místicos cosmo-sapientes. 

A elite espiritual dos povos orientais e os verdadeiros místicos do Ocidente são os representantes mais avançados da cultura espiritual da humanidade; todos eles professam a ideia do Deus-cósmico. Não são politeístas, nem panteístas, nem mesmo monoteístas – são monistas cósmicos.

O monoteísta reconhece um só Deus-pessoa, residente no céu. Os hebreus, no tempo de Moisés, nunca chegaram à ideia de um Deus único para o mundo inteiro; admitiam um Deus único para Israel, o Deus dos Exércitos. O monoteísmo nunca atingiu as alturas do verdadeiro monismo. Todo monoteísta é dualista, isto é, admite a existência de um Deus transcendente, de um Deus-pessoa, residente em alguma região longínqua do Cosmos, com o qual o homem espera encontrar-se depois da morte.

Esse conceito do encontro com Deus num tempo futuro e num espaço distante é comum a todos os monoteístas. Esta concepção monoteísta-dualista de Deus contagiou, desde o princípio, o cristianismo ocidental; o que é perfeitamente compreensível, uma vez que os primeiros discípulos de Jesus vinham do judaísmo. Até hoje o cristianismo teológico do Ocidente não se libertou totalmente dessa herança. Os místicos cristãos, adeptos do monismo cósmico, foram por isso mesmo, perseguidos, excomungados, ou, pelo menos, considerados suspeitos de heresia.

Quando uma criança pensa em termos de adulto, deixa de ser criança, e os jardins-de-infância a expulsam como elemento estranho.

Quanto mais cósmico se torna o homem, tanto menos unilateral se torna e tanto mais onilateral é a sua sabedoria. A luz colorida no seu modo de pensar humano revela a luz incolor da sua experiência divina, origem de todas as cores.

Para o monista cósmico, Deus é a Realidade Una e Única, o grande Uno da Essência, que sempre se revela pela pluralidade das existências, por meio do Verso das criaturas. As criaturas não são novas realidades, mas apenas manifestações da única Realidade; são o Uno da Essência Infinita que se “verte” (verso) ou se esparrama no Verso das existências finitas.

Em face da onipresença do Infinito é evidente que todos os finitos estão presentes no Infinito e que o Infinito está presente em todos os finitos.

O monismo, assim concebido, é rigorosamente lógico e revela um estilo de precisão matemática.

Toda a filosofia ou sabedoria superior culmina infalivelmente no monismo cósmico, equidistante do dualismo separatista e do panteísmo. Para o monista, tudo está em Deus, e Deus está em tudo – mas tudo não é Deus, nem Deus é tudo; as criaturas não estão separadas de Deus, nem são idênticas a Deus.

Todos os verdadeiros gênios da humanidade pensavam e sentiam em termos de monismo cósmico, cujo exemplo mais brilhante é o Cristo do Evangelho.

E como poderia Lao-Tsé, o grande gênio da sabedoria chinesa, ter pensado e sentido de outro modo? Por meio dos 81 capítulos do Tao Te Ching, lança-se, como um fio de luz, a experiência do Infinito, do Absoluto, do Uno, que se manifesta através dos Finitos, dos Relativos, do Verso. 

A sabedoria de Lao-Tsé é tipicamente universal: do Uno emanam as creaturas e estas estão no Uno, embora o Uno transcenda todos as creaturas, estas estão imanentes no Uno.

O Tao, pode ser considerado como a Divindade, o Absoluto, o Infinito, o Eterno, o Insondável, o Uno, o Todo, a Fonte, a Causa, a Realidade, a Alma do Universo, a Vida, a Inteligência Cósmica, a Consciência Universal, etc.

Enquanto o leitor não se identificar totalmente com essa consciência Univérsica do monismo cósmico de Lao-Tsé não compreenderá a alma do Tao Te Ching.”

Texto revisado, extraído do livro TAO TE CHING

PARA COMPRENDER EL TAO TE CHING

“Cuando dejo ir lo que soy, me convierto en lo que podría ser. Cuando dejo ir lo que tengo, recibo lo que necesito”. Tao Te Ching

 

Dado que los chinos no usan formas de escritura latinas, sino ideogramas para expresar ideas, no hay uniformidad en las palabras cuando se reproducen con símbolos del alfabeto latino. Así, Lao Tse, Tao, Te, King, admiten varias grafías, como Lau Tsi, Dau, Che, Ching, etc.

Tao - significa el Absoluto, el Infinito, la Esencia, la Realidad Suprema, lo Divino, la Inteligencia Cósmica, la Vida Universal, la Conciencia Invisible, lo Incognoscible, etc. Nunca es un individuo, una persona, como Dios en la teología occidental.

Te - puede traducirse por el camino, la guía, la revelación.

Ching - coincide con libro, documento escrito.

Tao Te Ching se puede traducir como “Libro que conduce a la Deidad” o “El Libro que revela a Dios”.

En esta traducción del texto, Huberto Rohden (1893-1981), filósofo, educador, teólogo brasileño lo guio en parte por los traductores alemanes Rudolf Backofen y Werner Zimmerman, versión que consideraba más cercana al original (1).

Dado que la escrita china usa ideogramas en lugar de letras, cada palabra permite amplias posibilidades de significado y variantes. Es bueno recordar que esos traductores recurrieran a más de 30 palabras diferentes para expresar el sentido del carácter chino para Tao; no les interesaba reproducir la forma de la palabra, sino el alma del texto y su contexto.

Según los escritos ideográficos, es más importante el sentimiento, adivinar, olfatear el significado exacto de cada símbolo que transliterar correctamente el ideograma respectivo. Por esta razón, los lectores probablemente encontrarán términos que no se encuentran en otras traducciones. La elasticidad de un ideograma oriental permite un gran número de variantes cuando se expresa mediante una palabra occidental rígida y mecanicista.

De hecho, el problema de casi todas las traducciones conocidas, no solo en el caso del Tao, ni de los ideogramas, se debe a que el traductor generalmente trata de traducir mecánicamente, palabra por palabra, el cuerpo de un libro, en lugar de interpretar orgánicamente el alma del libro, la esencia de las ideas del autor.

El conocido proverbio italiano “traduttore traditore” (el traductor es un traidor), se justifica en el caso de hacer una traducción mecánica, en lugar de una orgánica, como si el pensamiento fuera algo así como un software de computadora, y no de una traducción de una entidad humana espiritual.

Traducir sin traicionar es obra de un verdadero artista; no es solo el acto de comprender la idea del escritor, sino que también es necesario sentir su alma.

 

“Dios, Brahman, Yahvé y el Tao, ¿qué significa esta palabra?

Para muchos, Dios es una especie de dictador celestial, una persona que mira desde lejos, a los hombres y sus registros de créditos y débitos, recompensándolos o castigándolos después de la muerte, enviando a los buenos al cielo eterno y a los malos al infierno eterno.

Este infantilismo primitivo domina las teologías cristianas hace más de dos mil años, y aunque existen grandes variaciones de esta concepción de Dios, en el fondo está la idea antropomórfica que impera.

Sin embargo, este concepto no tiene nada que ver con Tao.

En su libro "Mein Weltbild" - El Mundo Tal Como Yo lo Veo - Einstein describe mui bien los tres tipos de concepción de Dios:

1) - El concepto de Dios-máquina, entre los pueblos más primitivos,

2) - El concepto de Dios-persona, entre el Antiguo Testamento hebreo en general y entre los cristianos de todos los tiempos y países,

3) - El concepto de Dios-cósmico, profesado por unos pocos místicos avanzados, cuyos representantes superan a las iglesias y teologías, y se encuentran esporádicamente entre todos los pueblos y todas las religiones.

Einstein enumera, entre la tercera clase, Demócrito, Francisco de Asís y Spinoza, el primero, un pagano, un cristiano y un judío, diciendo que son hermanos en la misma fe.

Lao Tse y su concepto de Tao podrían incluirse en el tercer grupo de místicos cosmo-sapientes.

La élite espiritual de los pueblos orientales y los verdaderos místicos de Occidente son los representantes más avanzados de la cultura espiritual de la humanidad; todos profesan la idea del Dios cósmico. No son politeístas, panteístas o, incluso, monoteístas, son cosmo-monistas.

El monoteísta reconoce un solo Dios-persona que reside en el cielo. Los hebreos en el tiempo de Moisés, nunca tuvieron la idea de un Dios en el mundo, admitieron un Dios en Israel, el Dios de los ejércitos. El monoteísmo nunca alcanzó las alturas del verdadero monismo. Todo monoteísta es visceralmente un dualista, es decir, admite la existencia de un Dios trascendente, un Dios-persona que reside en una región remota del Cosmos donde el hombre espera encontrarlo después de la muerte.

Este concepto de encuentro con Dios en un tiempo futuro y espacio lejano es común a todos los monoteístas. Esta concepción monoteísta-dualista de Dios, arraigada desde el comienzo del cristianismo occidental, es perfectamente comprensible, ya que los primeros discípulos de Jesús procedían del judaísmo. Incluso hoy, la teología cristiana de Occidente no se ha liberado completamente de esta herencia. Los místicos cristianos, seguidores del monismo cósmico, fueron perseguidos, excomulgados o al menos considerados sospechosos de herejía.

Cuando un niño piensa en términos de adulto ya no es un niño, y los jardines de infancia se apresuran a expulsar el elemento extraño.

Cuanto más el hombre se encuentra a sí mismo como un ser universal del Cosmos, se vuelve mucho menos unilateral y mucho más amplio, en relación con todos los lados o dimensiones es su sabiduría. La luz colorida de la forma de su pensamiento revela la luz incolora de su experiencia divina, el origen de todos los colores.

Para el monista cósmico, Dios es la Realidad Única, la Esencia (Creador, Fuente) que se revela repetidamente a través de la pluralidad de existencias, a través de sus finitos (criaturas, canales). Las criaturas no son nuevas realidades, sino simplemente nuevas manifestaciones de una Realidad; son la Esencia Infinita que se extiende en existencias finitas.

Dada la omnipresencia del Infinito, es evidente que todo lo finito está en el Infinito y lo Infinito está presente en todo lo finito.

El monismo así concebido es estrictamente lógico y revela una precisión matemática exacta.

Toda filosofía o sabiduría superior culmina indefectiblemente en el monismo cósmico, equidistante del dualismo separatista y del panteísmo. Para el monista, todo está en Dios y Dios está en todo, pero no todo es Dios, ni Dios es todo; las criaturas no están separadas de Dios ni son idénticas a Dios.

Todos los verdaderos genios de la raza humana pensaron y sintieron en términos de monismo cósmico, cuyo ejemplo más brillante es el Cristo del Evangelio.

Además, ¿cómo pudo Lao Tse, el gran genio de la sabiduría china, haber pensado y sentido de manera diferente? A través de 81 capítulos del Tao Te Ching salta, como un hilo de luz, la experiencia del Infinito, del Absoluto, del Uno, que se manifiesta a través de lo finito, lo relativo, las creaturas.

La sabiduría de Lao-Tse es típicamente universal: del Uno, las criaturas emanan y están en el Uno, aunque el Uno trasciende a todas las criaturas, estas criaturas son inmanentes en el Uno.

El Tao, puede ser considerado como el Dios, el Absoluto, el Infinito, el Eterno, el Insondable, el Uno, el Todo, la Fuente, la Causa, la Realidad, el Alma del Universo, la Vida, Inteligencia, Conciencia Cósmica, Universal, etc.

Hasta que el lector no se identifique plenamente con esta conciencia universal del monismo cósmico de Lao-Tse, no comprenderá el alma del Tao Te Ching.”

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El profesor Rohden tradujo del alemán al portugués el libro de referencia. Las consideraciones anteriores son parte de su prólogo.

TO COMPREHEND THE TAO TE CHING

 “When I let go of what I am, I become what I might be. When I let go of what I have, I receive what I need.” Tao Te Ching

 

Since the Chinese do not use Latin forms of writing, but ideograms to express ideas, there is no uniformity in the words when reproduced with symbols of the Latin alphabet. Thus, Lao Tzu, Tao, Te, King, admit several spellings, such as Lau Tsi, Dau, Che, Ching, etc.

Tao - means the Absolute, the Infinite, the Essence, the Supreme Reality, the Divine, Cosmic Intelligence, Universal Life, Invisible Consciousness, the Unknowable, etc. It never is an individual, a person, as God in Western theology.

Te - can be translated by the path, guidance, revelation.

Ching - matches with book, written document.

Tao Te Ching can be translated as “Book that leads to the Deity,” or “The Book that reveals God”.

In this translation of the text, Huberto Rohden (1893-1981), Brazilian philosopher, educator, theologian guided it in part by the German translators Rudolf Backofen and Werner Zimmerman, version that he considered closest to the original (1).

Since written Chinese uses ideograms rather than letters, every word allows wide possibilities of meaning and variants; remembering that those translators resorted to more than 30 different words to express the sense of the Chinese character for Tao, and they were not interested to reproduce the shape of the word, but the soul of the text, and its context.

According to the ideographic writings, it is more important the feeling, to guess, to sniff out the exact meaning of each symbol than to transliterate the respective ideogram properly. For this reason, readers probably will find terms not found in other translations. The elasticity of an oriental ideogram allows large numbers of variants when expressed by a rigid mechanistic Western word.

In fact, the trouble of almost every translation known - not only in the case of Tao, nor of ideograms – is because the translator usually tries to translate mechanically, word by word, the body of a book, rather than organically interpreting the soul of the book, the essence of the author ideas.

The well-known Italian proverb “traduttore traditore” (the translator is a traitor), is justified in the case of making a mechanical translation, rather than an organic one - as if the thought was something like computer software, and not from a spiritual human entity.

To translate without betraying is a work of a true artist; is not only the act of understanding the idea of the writer, but it is also necessary to feel his soul as well.

 

“God, Brahman, Yahweh and the Tao - what is meant by this word?

For many, God is a kind of celestial dictator, a person who watches from afar, men and their records of credits and debits, rewarding them or punishing them after death, sending the good ones to eternal heaven and the bad ones to eternal hell.

This primitive infantilism dominates the Christian theologies for more than two thousand years, and although there are large variations of this conception of God, in the background is the anthropomorphic idea that prevails.

However, this concept has nothing to do with Tao.

In his book “Mein Weltbild” – The World as I See It - Einstein beautifully describes three kinds of the conception of God:

1)- The concept of God-machine, among the more primitive peoples,

2)- The concept of God-person, among the Hebrew Old Testament in general and among Christians of all times and countries,

3)- The concept of God-cosmic, professed by a few advanced mystics, whose representatives exceed churches and theologies, and are sporadically among all peoples and all religions.

Einstein enumerates, among the third class, Democritus, Francis of Assisi, and Spinoza, the first, a pagan, one Christian and one Jew, saying they are brothers in the same faith.

Lao Tse and his concept of Tao could be included in the third group of Cosmo-sapient mystics.

The spiritual elite of Eastern society and the true mystics of the West are the most advanced representatives of the spiritual culture of humankind; they all profess the idea of the cosmic God. They are not polytheist, pantheist or, even monotheist – they are Cosmo-monist.

The monotheist recognizes only one God-person dwelling in heaven. The Hebrews in Moses' time, never got the idea of one God to the world, admitted one God to Israel, the God of hosts. Monotheism never reached the heights of true monism. All monotheist is viscerally a dualist, that is, admits the existence of a transcendent God, a God-person who lives in a remote region of the Cosmos in where man expects to find Him after death.

This concept of encounter with God in a future time and distant space is common to all monotheistic. This dualist-monotheist concept of God gripped from the beginning of Western Christianity, is perfectly understandable, since the first disciples of Jesus came from Judaism. Even today, the Christian theology of the West has not been fully delivered from this heritage. Christian mystics, followers of the cosmic monism, were persecuted, excommunicated, or at least considered suspected of heresy.

When a child thinks in adult terms is no longer a child, and kindergartens rush to expel the foreign element.

The more man finds himself as a Cosmo universal being, he becomes much less unilateral and so much broader, relative to all sides or dimensions is his wisdom. The colourful light of the way of his thinking reveals the colourless light of his divine experience, the origin of all colours.

For the cosmic monist, God is a Unique Reality, the Essence (the Creator, Source) which is revealed repeatedly through the plurality of existences, through its finite (creatures, channels). The creatures are not new realities, but just new manifestations of one Reality; they are the Infinite Essence spreading in finite existences.

Given the omnipresence of the Infinite, is evident that all finite is in the Infinite and the Infinite is present in all finite.

The monism in this way conceived is strictly logical and reveals an exact mathematical precision.

Any philosophy or superior wisdom unfailingly culminates in cosmic monism, equidistant from the separatist dualism and from the pantheism. For the monist, everything is in God, and God is in everything - but everything is not God, either God is everything; the creatures are not separated from God or identical to God.

All true geniuses of the human race thought and felt in terms of cosmic monism, which the brightest example is the Christ of the Gospel.

In addition, how could Lao Tse, the great genius of Chinese wisdom, have thought and felt differently? Through 81 briefest chapters of the Tao Te Ching pounces, like a thread of light, the experience of the Infinite, the Absolute, the One, which manifests itself through the finite, the relative, the creatures.

The wisdom of Lao Tse is typically universal: from the One emanates all the finite, but the finite is part of the Infinite although the One Infinite transcends the entire finite, yet this is inherent in that.

Lao-Tzu’s wisdom is typically universal: from the One, the creatures emanate and they are in the One, although the One transcends all creatures, they are immanent in the One.

The Tao can be considered as the God, the Absolute, the Infinite, the Eternal, the Unfathomable, the One, the All, the Source, the Cause, the Reality, the Soul of the Universe, Life, Intelligence, Cosmic Consciousness, Universal, etc.

If the reader is still not fully identified with the consciousness of the universal cosmic monism of Lao Tse, he will not understand the soul of the Tao Te Ching.”

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(1)- Professor Rohden translated into Portuguese from the German, the book in reference. The considerations above are part of his foreword.

O PANORAMA DO CRISTIANISMO

Existem dois fatores primordiais que desvirtuam as relações do homem com Deus, desviando-o do caminho do seu destino supremo: o materialismo e o formalismo.

O formalismo na religião enfatiza o ritual, os preceitos fundamentais e observâncias acima do significado do espírito da religião, e o materialista nega a existência de um mundo espiritual.


Ora, diria o materialista: "Se não existe um Deus eterno e alma imortal, exploremos o mais possível a vida presente, conquistemos bens de fortuna, glorias, prazeres na maior abundância e desprezemos todos os elementos espirituais como coisas da imaginação e até mesmo, utopias."


O formalista admite a existência de um mundo espiritual e julga pautar por esse credo os dez preceitos que Moisés recebeu no Sinai, ou seja, os mandamentos da lei de Deus. Mas engana-se a si mesmo. O que ele chama religião não passa, geralmente, de estéreis fórmulas e cerimônias litúrgicas. Repetir mecanicamente certas palavras, executar determinados gestos, desfiar o rosário com certo número de orações ... é o que ele denomina piedade, religião, vida espiritual!


Se o materialismo representa o vazio da religião, o formalismo é a caricatura dela ... se o materialismo é um vale estéril, o formalismo é terreno coberto de ruinas.


Jesus e Paulo de Tarso viveram e morreram lutando contra a negação da espiritualidade e contra a deturpação da verdadeira espiritualidade.

 

A revelação divina, quer do Antigo, quer do Novo Testamento, é uma veemente ofensiva contra esses dois inimigos básicos da religião, e, conhecer a fundo a palavra de Deus é o melhor preventivo contra o materialismo destruidor, e o melhor corretivo do formalismo corruptor.

 

A sinagoga morreu por excesso de formalidades estéreis — e o paganismo agoniza com a carência de genuína e sadia espiritualidade, e nos tempos atuais, estas duas patologias exercem na sociedade moderna e no cristianismo a sua vasta e pérfida obra de destruição.


Urge que voltemos à palavra de Deus, tal qual se encontra nas revelações dos grandes mestres, pois o conhecimento mais íntimo e a assimilação constante da palavra são a garantia de sanidade espiritual, preservando a alma dos erros do materialismo e da corrupção do formalismo.

 

Ainda em nossos dias, Deus é para muitos cristãos um "Deus desconhecido", como o era, no primeiro século, para os pagãos de Atenas de que fala o apóstolo Paulo. E, como os Samaritanos, a que se refere Jesus, muitos cristãos de hoje adoram um Deus que ignoram. Têm tempo para tudo e interesse por todos os problemas, menos pelo problema central da existência humana e do qual depende o destino feliz ou infeliz do homem. 

 

Infelizmente, o homem não se dá conta dessa separação existencial entre ele e seu creador, e por isso a palavra de Deus não frutifica em todas as almas, porque nem sempre encontra terreno propicio para a sua evolução. O coração duro, superficial e fragmentado, ou repleto de solicitudes mundanas não permite um crescimento espiritual normal. Compete ao homem, pois, preparar, por meio de um sincero esforço moral, o campo de sua alma para que essa palavra possa produzir abundantes frutos de salvação, pois o conhecimento de Deus não é privilégio de uma casta ou elite espiritual da humanidade, mas acessível a todos os homens, embora muitos o repilam e prefiram viver na ignorância religiosa.

    

Texto revisado, extraído do livro Panorama do Cristianismo  

EL PANORAMA DEL CRISTIANISMO

Hay dos factores principales que distorsionan la relación del hombre con Dios y lo desvían del camino de su destino supremo: el materialismo y el formalismo.

El formalismo en la religión enfatiza el ritual, los preceptos fundamentales y las observancias por encima del significado del espíritu de la religión y el materialismo niega la existencia de un mundo espiritual.

Ahora, el materialista diría: "Si no hay un Dios eterno y un alma inmortal, exploremos la vida presente tanto como sea posible, conquistemos los bienes de la fortuna, la gloria, los placeres en la mayor abundancia y despreciemos todos los elementos espirituales como cosas de la imaginación e incluso, utopías".

El formalista admite la existencia de un mundo espiritual y cree que los diez preceptos que recibió Moisés en el Sinaí, es decir, los mandamientos de la ley de Dios, se basan en este credo. Pero se engaña a sí mismo. Lo que él llama religión son generalmente fórmulas y ceremonias litúrgicas estériles. Repetir mecánicamente ciertas palabras, realizar ciertos gestos, desenredar el rosario con un cierto número de oraciones ... ¡eso es lo que él llama piedad, religión, vida espiritual!

Si el materialismo representa el vacío de la religión, el formalismo es una caricatura de ella ... si el materialismo es un valle estéril, el formalismo es una tierra cubierta de ruinas.

Jesús y Pablo de Tarso vivieron y murieron luchando contra la negación de la espiritualidad y la distorsión de la verdadera espiritualidad.

La revelación divina, tanto en el Antiguo como en el Nuevo Testamento, es una vehemente ofensiva contra estos dos enemigos básicos de la religión, y conocer la Palabra de Dios es el mejor preventivo contra el materialismo destructivo y el mejor correctivo del formalismo corruptor.

La sinagoga murió por exceso de formalidades estériles, y el paganismo agoniza con la falta de una espiritualidad genuina y sana, y hoy en día, estas dos patologías ejercen su vasta y pérfida estela de destrucción en la sociedad moderna y en el cristianismo.

Es urgente volver a la palabra de Dios, tal como se encuentra en las revelaciones de los grandes maestros, ya que el conocimiento más íntimo y la constante asimilación de la palabra son las garantías de la cordura espiritual, preservando el alma de los errores del materialismo y la corrupción del formalismo.

Incluso hoy, Dios es para muchos cristianos un "dios desconocido", como lo era, en el siglo I, para los paganos de Atenas mencionados por el apóstol Pablo. Y, como los samaritanos, a quienes Jesús se refiere, muchos cristianos hoy adoran a un Dios que ignoran. Tienen tiempo para todo e interés por todos los problemas, excepto el problema central de la existencia humana y del que depende el destino feliz o infeliz del hombre.

Lamentablemente, el hombre no es consciente de esta separación existencial entre él y su creador, por lo que la palabra de Dios no da fruto en todas las almas, porque no siempre encuentra un terreno favorable para su evolución. Un corazón duro, superficial y fragmentado, o lleno de preocupaciones mundanas, no permite un crecimiento espiritual normal. Corresponde al hombre, por tanto, preparar, mediante un sincero esfuerzo moral, el campo de su alma para que esta palabra produzca abundantes frutos de salvación, pues el conocimiento de Dios, no es privilegio de una casta o élite espiritual de humanidad, pero accesible a todos los hombres, aunque muchos rechazan a Dios y prefieren vivir en la ignorancia religiosa.

THE PANORAMA OF CHRISTIANITY

There are two primary factors distorting man's relationship with God, leading him astray from the path of his supreme destiny: materialism and formalism.

Formalism in religion emphasizes ritual, fundamental precepts and observances above the meaning of the spirit of religion and the materialism denies the existence of a spiritual world.

Now, the materialist would say: "If there is no eternal God and immortal soul, let us explore the present life as much as possible, conquer goods of fortune, glory, pleasures in the greatest abundance and despise all spiritual elements as things of the imagination and even, utopias."

The formalist admits the existence of a spiritual world and believes that the ten precepts that Moses received at Sinai, that is, the commandments of the law of God, are based on this creed. But he deceives himself. What he calls religion is generally just sterile liturgical formulas and ceremonies. To mechanically repeat certain words, perform certain gestures, unravel the rosary with a certain number of prayers ... that's what he calls piety, religion, spiritual life!

If materialism represents the emptiness of religion, formalism is a caricature of it ... if materialism is a sterile valley, formalism is a land covered with ruins.

Jesus and Paul of Tarsus lived and died fighting against the denial of spirituality and the distortion of true spirituality.

Divine revelation, both in the Old and New Testaments is a vehement offensive against these two basic enemies of religion, and knowing the Word of God is the best preventive against destructive materialism and the best corrective of corrupting formalism. 

The synagogue died due to an excess of sterile formalities - and the paganism agonizes with the lack of genuine and healthy spirituality, and nowadays, these two pathologies exert their vast and perfidious trail of destruction in modern society and in Christianity.

It is urgent that we return to the word of God, as found in the revelations of the great masters, since the most intimate knowledge and the constant assimilation of the word are the guarantees of spiritual sanity, preserving the soul from the mistakes of materialism and the corruption of formalism.

Even today, God is for many Christians an "unknown god", as he was, in the first century, for the pagans of Athens mentioned by the apostle Paul. And, like the Samaritans, to whom Jesus refers, many Christians today worship a God they ignore. They have time for everything and interest in all problems, except for the central problem of human existence and on which the happy or unhappy destiny of man depends.

Unfortunately, man is not aware of this existential separation between him and his creator, and therefore the word of God does not bear fruit in all souls, because he does not always find favourable ground for his evolution. A hard, superficial and fragmented heart, or filled with worldly concerns does not allow for normal spiritual growth. It is up to man, therefore, to prepare, through a sincere moral effort, the field of his soul so that this word may produce abundant fruits of salvation, for the knowledge of God, is not the privilege of a caste or spiritual elite of humanity, but accessible to all men, although many repel God and prefer to live in religious ignorance.

Thursday 28 January 2021

A CONVICÇÃO DA FÉ

“Nada é impossível para aquele que tem fé”.

O essencial é que o homem tenha a convicção e veja o desejo realizado, pois quem tem a firmeza da fé, o desejo se materializa. "E eu vos digo a vós: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á", representa a verdade indemonstrável, certa, necessária.

 

E isso não é autossugestão ilusória, mas pura realidade, porque o mundo ideal é mais real do que o mundo material. A diferença é que a vasta maioria dos homens não desenvolvem os seus órgãos de percepção para apreender as grandes realidades desse mundo ideal, apenas dispõem de sentidos corporais para apreender as pequenas realidades do mundo físico, onde se debatem incansavelmente para os conquistar.

 

Outra exigência, é no que diz respeito às coisas espirituais, o homem deve manter absoluta pureza de coração, livre de egoísmo, querendo fazer o trabalho pela humanidade, longe da satisfação interior de realizá-lo, pois esta é apenas mais uma forma de egoísmo e do tipo mais traiçoeiro. Obras com esses princípios são obras contaminadas e derrotadas antes mesmo de serem iniciadas. É como uma obra que permanece manchada por dentro, embora lindamente pintada por fora; como bolhas de sabão, coloridas por fora e vazias por dentro.

 
Somente as obras livres de egoísmo e autossatisfação, tem o seu objetivo realizado!

 

E essas premissas não se aplicam apenas à alguma forma particular de credo religioso, e de suas obras, tanto individuais ou da congregação ... deve ser estendida e compreendida em seu sentido mais amplo, a todas as religiões estabelecidas. 

EL ESTADO DEL ESPÍRITU EN LA FE

“Nada es imposible para el que tiene fe”.

Lo esencial es que el hombre tenga la convicción y vea cumplido el deseo, porque quien tiene la fuerza de la fe, el deseo se materializa. “Y yo os digo: Pedid, y se os dará; Busca y encontrarás; llamad, y se os abrirá. Porque todo el que pide, recibe; y el que busca, halla; y al que llama, se le abrirá”, representa la verdad indemostrable, cierta, necesaria.

 

Y esto no es una autosugestión ilusoria, sino pura realidad porque el mundo ideal es más real que el mundo material. La diferencia es que la gran mayoría de los hombres no desarrollan sus órganos de percepción para aprehender las grandes realidades de ese mundo ideal, solo tienen sentidos corporales para aprehender las pequeñas realidades del mundo físico, donde luchan incansablemente por conquistarlas.

 

Otro requisito es respecto a las cosas espirituales, el hombre debe mantener absoluta pureza de corazón, libre de egoísmo, queriendo practicar las buenas obras en nombre de la humanidad, lejos de la satisfacción interior de hacerlo, ya que esta es solo una forma más de egoísmo y la el tipo más traicionero. Las acciones con estos principios se contaminan y se derrotan incluso antes de comenzar. Es como algo que queda manchado por dentro, aunque bellamente pintado por fuera; como pompas de jabón, coloreadas por fuera y vacías por dentro.

 

¡Solo las acciones libres de egoísmo y autosatisfacción logran su objetivo!

 

Y estas premisas no se aplican solo a alguna forma particular de credo religioso, y sus acciones, ya sean individuales o de la congregación ... deben extenderse y comprenderse en su sentido más amplio, a todas las religiones establecidas.

THE STATE OF SPIRIT IN FAITH

“Nothing is impossible for him who has faith”.

The essential thing is that man has the conviction and sees the desire fulfilled because whoever has the strength of faith, the desire materializes. “And I say unto you, Ask, and it shall be given you; seek, and ye shall find; knock, and it shall be opened unto you. For every one that asketh receiveth; and he that seeketh findeth; and to him that knocketh it shall be opened”, represents the indemonstrable, certain, necessary truth.

 

And this is not illusory self-suggestion, but a pure reality because the ideal world is more real than the material world. The difference is that the vast majority of men do not develop their organs of perception to apprehend the great realities of that ideal world, they only have bodily senses to apprehend the small realities of the physical world, where they struggle tirelessly to conquer them.

 

Another requirement is concerning spiritual things, man must maintain absolute purity of heart, free from selfishness, wanting to practice good deeds on behalf of humanity, far from the inner satisfaction of doing it, as this is just another form of selfishness and the most treacherous type. Deeds with these principles are contaminated and defeated before they even started. It is like something that remains stained on the inside, although beautifully painted on the outside; like soap bubbles, coloured on the outside and empty on the inside.

 

Only deeds free from selfishness and self-satisfaction have their objective accomplished!

 

And these premises do not apply only to some particular form of religious creed, it must be extended and understood in its broadest sense, to all established religions.

 

And these premises do not apply only to some particular form of religious creed, and their deeds, whether individual or of the congregation ... must be extended and comprehended in their broadest sense, to all established religions.

 

Wednesday 27 January 2021

NÚPCIAS HUMANAS E NÚPCIAS DIVINAS

Pelas núpcias humanas se perpetua a vida racial terrestre – pelas núpcias divinas se realiza a vida individual celeste.

Em todas as literaturas, dentro e fora do cristianismo, a experiência mística aparece invariavelmente na vivência erótica. Na Bíblia, não é somente no “Cântico dos Cânticos” de Salomão, mas também no Evangelho de Jesus, onde a mística e a erótica, i.e., Eros e Lógos aparecem caminhando lado a lado.

Para poder compreender, de algum modo, tão paradoxal mistério, é necessário que vejamos sob a seguinte perspectiva: A vida é a quintessência do Cosmos. A vida é a Divindade, Brahman, Tao, Yahveh. A realidade do Cosmos, é vida.

É da íntima natureza da vida, que ela se manifeste em forma de existência, que são os seres vivos, onde a divindade eterna se revele sem cessar nas suas existências temporárias, formando o Cosmos, a unidade na diversidade.

O Cosmos é a vida que se manifesta nos seres vivos.

Mas, os seres vivos, não podendo se perpetuar individualmente, tem a irresistível tendência de se perpetuarem racialmente, na imortalidade da espécie.

A impossibilidade da imortalidade individual é substituída pela possibilidade da imortalização racial.

O instinto sexual – libido, no mundo animal, erótica, no mundo dos humanos – está a serviço da imortalização da espécie, e por isso, o irresistível entusiasmo do ser humano por sexo, pois é o imperativo categórico da vida que os seres vivos se perpetuem.

No mundo dos humanos de espiritualidade mais evolvida, a mística realiza, ao nível individual, a imortalidade do indivíduo, ao passo que a erótica realiza a imortalidade da espécie.

Erótica e mística, como se vê, estão a serviço da imortalidade, cada uma na sua esfera.

Por isto, a estranha afinidade entre o imperativo sexual, que visa procrear a imortalidade racial, e o imperativo espiritual, que crea a imortalidade individual. O crear supera o procrear.

Ao nível da experiência espiritual maior, a tendência erótica decresce na proporção do crescimento da experiência mística; quando a experiência mística atinge o zênite, a tendência erótica baixa ao mais profundo nadir. A imortalidade qualitativa extingue o desejo da imortalização quantitativa.

Os grandes místicos são, geralmente, dotados de uma irresistível potencialidade erótica – não no sentido de que, antes de se tornarem místicos, devam ter sido dinamicamente eróticos, como vemos na vida de Santo Agostinho e de Mahatma Gandhi; mas no sentido de que uma intensa vitalidade, que se revela em potencialidade erótica, pode se manifestar em potência mística, como no caso de Francisco de Assis, e, sobretudo, Jesus, nos quais não aparece nenhuma erótica dinamizada, mas a erótica potencial se manifestou diretamente em mística dinamizada. Uma erótica sadia que pode despertar numa grande mística.

Diante destas premissas, é possível compreender, de algum modo, o constante paralelo entre erótica e mística, entre as núpcias humanas e as núpcias divinas.

Mestres hindus de yoga tântrica chegam inclusive a recomendar a seus discípulos a prática de interromperem o orgasmo sexual da erótica humana no ponto culminante, a fim de entrarem subitamente no entusiasmo espiritual da mística divina. Semelhante prática parece um desafio sádico para um casal, mas baseia-se na suposição implícita de haver uma afinidade oculta entre Eros e Lógos. E, na realidade, tanto a erótica como a mística giram em torno do início de uma vida nova, seja no nível horizontal dos egos humanos conscientes interessados em perpetuar a vida racial da humanidade, seja na dimensão vertical do Eu divino supra consciente, responsável pela imortalização da vida individual do homem.

No orgasmo erótico ocorre uma união momentânea de duas vidas individuais, que eventualmente resulta em mais um indivíduo a perpetuar a espécie.

E o entusiasmo místico é semelhante a um mergulho da vida humana individual no imenso oceano da Vida Universal da Divindade e, neste momento, desperta a vida imortal integrada na Divindade. O resultado dessa concepção não é a de um indivíduo separado, mas ele mesmo com uma nova dimensão de existência. Pode-se dizer que, na experiência mística, ocorre uma auto concepção: o homem capaz de ser imortalizado, torna-se imortalizado; o ponto culminante da vida humana é esta auto concepção, no dar à luz a si mesmo, ou na famosa frase de Jesus: “Quem não nascer de novo pelo espírito não pode ver o Reino de Deus”.

- A erótica, que é a mística da carne, perpetua a imortalidade racial da humanidade.

- A mística, que é a erótica do espírito, realiza a imortalidade individual do homem.

Freud, em seu livro “Eros e Thánatos” (Eros e Morte), escreveu como que sentindo a afinidade entre Amor e Morte. Se não houvesse a morte dos indivíduos, não haveria a necessidade para o Eros, destinado a preencher com vida nova as lacunas que Thánatos abre nas vidas individuais. Eros equilibra o saldo negativo que Thánatos causa incessantemente.

Mas, quando o Eros do ego culmina no Lógos do Eu, não há mais lugar para Thánatos, porque Lógos é Athánatos, imortalidade. Quando a mística atinge o zênite, a erótica desce ao nadir. A mística em sua plenitude, não é uma erótica purificada, mas sim uma erótica totalmente superada pela mística.

Texto revisado extraído do livro Sabedoria das Parábolas

NUPCIALES HUMANAS Y NUPCIALES DIVINAS

La vida racial en la tierra se perpetúa mediante nupcias humanas; la vida celestial individual se realiza mediante nupcias divinas.

En toda la literatura, dentro y fuera del cristianismo, la experiencia mística aparece invariablemente en la experiencia erótica. En la Biblia, no es solo en el “Cantar de los Cantares” de Salomón, sino también en el Evangelio de Jesús, donde lo místico y lo erótico, es decir, Eros y Logos aparecen caminando uno al lado del otro.

Para comprender, de alguna manera, un misterio tan paradójico, debemos verlo desde la siguiente perspectiva: la vida es la quintaesencia del Cosmos. La vida es Divinidad, Brahman, Tao, Yahveh. La realidad del Cosmos es la vida.

Es de la naturaleza íntima de la vida, que se manifiesta en la forma de existencia, que son los seres vivos, donde la divinidad eterna se revela incesantemente en sus existencias temporales, formando el Cosmos, la unidad en la diversidad.

El Cosmos es la vida que se manifiesta en los seres vivos.

Sin embargo, los seres vivos, al no poder perpetuarse individualmente, tienen la irresistible tendencia a perpetuarse racialmente, en la inmortalidad de la especie.

La imposibilidad de la inmortalidad individual es reemplazada por la posibilidad de la inmortalización racial.

El instinto sexual -libido, en el mundo animal, erótico, en el mundo de los humanos- está al servicio de la inmortalización de la especie, y, por tanto, del irresistible entusiasmo del ser humano por el sexo, ya que es el imperativo categórico de vida que perpetúan los seres vivos.

En el mundo de los humanos con espiritualidad más evolucionada, la mística realiza, a nivel individual, la inmortalidad del individuo, mientras que la erótica realiza la inmortalidad de la especie.

La erótica y la mística, como resulta, están al servicio de la inmortalidad, cada una en su propia esfera.

De ahí la extraña afinidad entre el imperativo sexual, que pretende proclamar la inmortalidad racial, y el imperativo espiritual, que crea la inmortalidad individual. La creación vence a la procreación.

En el nivel de la mayor experiencia espiritual, la tendencia erótica decrece en proporción al crecimiento de la experiencia mística; cuando la experiencia mística alcanza su cenit, la tendencia erótica desciende al nadir más profundo. La inmortalidad cualitativa extingue el deseo de inmortalización cuantitativa.

Los grandes místicos están generalmente dotados de un potencial erótico irresistible, no en el sentido de que, antes de convertirse en místicos, debían haber sido dinámicamente eróticos, como vemos en las vidas de San Agustín y Mahatma Gandhi; pero en el sentido de que una intensa vitalidad, que se revela en la potencialidad erótica, puede manifestarse en la potencia mística, como en el caso de Francisco de Asís y, sobre todo, de Jesús, en el que no aparece la erótica dinámica, pero la erótica potencial se manifestó directamente en la mística dinámica. Erótica sana que puede despertar en una gran mística.

Dadas estas premisas, es posible comprender, de alguna manera, el paralelo constante entre erótica y mística, entre nupcias humanas y nupcias divinas.

Los maestros hindúes del yoga tántrico incluso recomiendan a sus discípulos la práctica de interrumpir el orgasmo sexual de la erótica humana en la cima, para entrar repentinamente en el entusiasmo espiritual de la mística divina. Tal práctica parece un desafío sádico para una pareja, pero se basa en la suposición implícita de que existe una afinidad oculta entre Eros y Logos. Y, en realidad, tanto la erótica como la mística giran en torno al comienzo de una nueva vida, ya sea en el nivel horizontal de los egos humanos conscientes interesados en perpetuar la vida racial de la humanidad, o en la dimensión vertical del Yo divino superconsciente, responsable de la inmortalización de la vida individual del hombre.

En el orgasmo erótico, hay una unión momentánea de dos vidas individuales, que eventualmente da como resultado que otro individuo perpetúe la especie.

Y el entusiasmo místico es similar a una inmersión de la vida humana individual en el inmenso océano de la Vida Universal de la Divinidad, y en este momento, despierta la vida inmortal integrada en la Divinidad. El resultado de esta concepción no es el de un individuo separado, sino que es él mismo con una nueva dimensión de existencia. Se puede decir que, en la experiencia mística, se da una autoconcepción: el hombre capaz de ser inmortalizado se inmortaliza; el punto culminante de la vida humana es esta autoconcepción, al darse a luz a sí mismo, o en la famosa frase de Jesús: “Quien no ha nacido de nuevo del espíritu no puede ver el Reino de Dios”.

- La erótica, que es la mística de la carne, perpetúa la inmortalidad racial de la humanidad.

- La mística, que es la erótica del espíritu, realiza la inmortalidad individual del hombre.

Freud, en su libro “Eros y Thánatos”, escribió como sintiendo la afinidad entre el Amor y la Muerte. Si no hubiera muerte de individuos, no habría necesidad de Eros, destinado a llenarse de nuevas vidas las brechas que Thánatos abre en las vidas individuales. Eros equilibra el saldo negativo que Thánatos provoca incesantemente.

Pero cuando el Eros del ego culmina en el Lógos del Yo esencial divino, ya no hay lugar para Thánatos, porque Lógos es Athánatos, inmortalidad. Cuando la mística alcanza su cenit, lo erótico desciende al nadir. La mística en su plenitud no es erótica purificada, sino erótica totalmente superada por la mística.