A fraternidade espiritual só poderá prevalecer sem conflitos entre os eclesiásticos, se as igrejas, seitas, cultos, credos, etc., não tivessem outro fim senão o progresso genuinamente espiritual de seus membros. Mas, desde que qualquer congregação religiosa tenha em vista a conquista de qualquer espécie de poder ou vantagem: político, econômico, social, financeiro, militar, julgar sua religião como sendo a revelação definitiva, ou tentar impor sua fé por intimidação ou uso de violência, começam os conflitos. Fé não se impõe. Jamais irá vingar uma fé imposta, pois ela é um misterioso contato espiritual com o mundo do Creador; uma experiencia íntima, uma vivência interna, uma sintonização. Ela não é teórica, não se encontra em livros ... a fé é maturada intimamente e brota espontaneamente na consciência do homem.
O primeiro passo rumo a uma cooperação pacífica de todas as religiões seria a abolição do sacerdócio ou ministério como profissão ou meio de vida, que fazem dessa atividade uma empresa com fins lucrativos cujos dirigentes vivem na fartura às custas de seus devotos, distantes das instruções dos grandes mestres que as inspiraram.
De acordo com as ideias e ideais de Jesus - quase nunca respeitados pelas igrejas cristãs - e de acordo com a prática de seu grande discípulo Paulo de Tarso - as funções ministeriais ou sacerdotais devem ser inteiramente gratuitas, devendo os serventuários das igrejas ter outras fontes de subsistência.
Mas como ninguém gosta de morrer de fome, o sacerdócio prova com argumentos altamente teológicos que a vacuidade de seus estômagos são uma heresia incompatível com o espírito de Jesus, embora não tenham a coragem e sinceridade de confessar isto abertamente a si mesmos ou aos outros. E o mesmo se aplica a todos os outros credos religiosos.
Com isso, podemos concluir que a harmonia espiritual da humanidade começa com a emancipação estomacal dos dirigentes religiosos.
Toda e qualquer religião que tenha como objetivo o crescimento espiritual de seus seguidores - no ideal genuíno e puro da experiência mística do amor ao Creador e na vivência ética com seus semelhantes - formando assim um círculo de seres humanos irmanados na adversidade, está aberta a porta para a harmonia espiritual e fraternidade universal da humanidade.
Não pode haver sólida estrutura de vida ética, social e política que não assente alicerces em base absoluta, eterna, divina, base que não é objeto de entendimento intelectual, mas sim de intuição espiritual.
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