Wednesday 13 January 2021

QUEM TEM FÉ EM MIM, AINDA QUE TENHA MORRIDO, VIVERÁ PARA SEMPRE

Essas palavras que Jesus disse a Marta, junto ao túmulo de Lazaro, são de suma importância para a humanidade e na vida de cada homem. Afirma que “morrer” ou “estar morto” não é algo definitivo, mas um estado provisório, uma transição ou metamorfose para outros estados. E isso não é uma figura poética ou de linguagem de Jesus – é a mais pura realidade, que ele mesmo comprovou com sua vida, morte e ressurreição.

Aqui na terra, o homem só conhece duas coisas certas:

A vida presente;

E a morte futura.

Além desses dois há, todavia, um terceiro fato certo e comprovado, embora nem todos o conheçam de experiência imediata: a sobrevivência do indivíduo após a morte física. O fato da sobrevivência do homem à sua morte material é uma realidade tão antiga como a própria humanidade, confirmada tanto pelos livros sacros como também pela experiência multimilenária da história da humanidade em geral.

O que, todavia, não se pode demonstrar cientificamente é a imortalidade, uma vida eterna após-morte; pois a sobrevivência não é a imortalidade.

Se sabe que os vivos morrem e que os mortos sobrevivem – mas não se sabe ainda, se os sobreviventes vivem eternamente, uma vez que no mundo da sobrevivência também impera a morte, como os próprios sobreviventes confessam. Os sobreviventes também são mortais.

Os mortos podem sobreviver séculos, e talvez milênios, em seus corpos astrais, etéreos, causais, mentais, ou que outro nome tenha; e essa sobrevivência temporária foi provada experimentalmente em milhares de casos. Mas nunca nenhuma experiência de laboratório, nem o aparecimento espontâneo de uma entidade em corpo imaterial provou a imortalidade. Esta, por sua própria natureza, não pode ser objeto de provas científicas, mas é assunto exclusivo de uma experiência espiritual, íntima, dentro do próprio sujeito. Quem não viveu e vive a sua imortalidade, seja antes ou depois da morte física, esse não tem certeza da vida eterna, embora conheça a sobrevivência. A certeza da vida eterna não é presente de berço nem de túmulo, não é dada pela vida nem pela morte – mas é uma conquista suprema da vivência, das experiencias de vida. Dela não sabem nem os vivos nem os mortos – mas tão-somente os imortais, que existem, embora poucos, tanto entre os vivos como entre os imortais, mas não se identificam nem com estes nem com aqueles.

A todo ser humano, já “aconteceu” o nascer, e dentro em breve “acontecerá” o morrer, seguido pelo sobreviver – mas nem o nascer, nem o morrer nem o sobreviver conferem a imortalidade. A imortalidade potencial, é verdade, existe em cada um, é um presente de berço, oferecido a todo ser humano – porém a imortalidade dinâmica não existe automaticamente, mas deve ser conquistada livremente; não é algo que “acontece” de fora, é algo que deve ser “produzido” de dentro. É esse o “novo nascimento pelo espírito,” é essa a “entrada no reino dos céus”.

Somente os imortais, é que sabem o que é Deus, porque sabem o que são eles mesmos.

Jesus, o maior dos imortais que a história conhece, faz depender da “fé” essa misteriosa realização da vida eterna. “Quem tem fé em mim viverá para sempre”, é o mesmo que dizer que quem tem fé em seu Cristo interior, viverá para sempre!

Esse “ter fé” deve ser algo imensamente poderoso, uma vez que crea vida eterna, para além de todas as vidas, mortes e sobrevivências temporárias.

“Ter fé”, na linguagem de Jesus, não é crer, é ter experiência vital de Deus; é conhecer e compreender a Deus por meio de uma atitude de intuição ou vivência íntima, divina. Quem teve essa vivência sabe o que ela é; quem não a teve não sabe o que é, porque nenhuma definição externa pode dar ideia exata da experiência interna. Aqui é “ser para saber”. “A vida eterna – diz o Mestre – é esta: que os homens te conheçam, o Pai, como o único Deus verdadeiro, e o Cristo, teu Enviado”.

Viver eternamente, ser imortal, é, pois, uma permanente atitude de conhecimento intuitivo, espiritual, uma visão direta da Suprema Realidade.

Sendo que Deus é imortal por sua íntima essência, o homem só terá imortalidade individual se se unir intimamente à Imortalidade Universal de Deus.

“Unir” quer dizer tornar uno, ter a consciência vital de que o íntimo ser coincide com o Ser da Divindade – “Eu e o Pai somos um” – embora o externo existir seja diferente de Deus – “mas o Pai é maior do que eu”.

Isso é “ter fé no Cristo” – saber que “já não sou eu que vivo, mas o Cristo vive em mim”.

Texto revisado, extraído do livro Assim Dizia o Mestre

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