Existem dois fatores primordiais que desvirtuam as relações do homem com Deus, desviando-o do caminho do seu destino supremo: o materialismo e o formalismo.
O formalismo na religião enfatiza o ritual, os preceitos fundamentais e observâncias acima do significado do espírito da religião, e o materialista nega a existência de um mundo espiritual.
Ora, diria o materialista: "Se não existe um Deus eterno e alma imortal, exploremos o mais possível a vida presente, conquistemos bens de fortuna, glorias, prazeres na maior abundância e desprezemos todos os elementos espirituais como coisas da imaginação e até mesmo, utopias."
O formalista admite a existência de um mundo espiritual e julga pautar por esse credo os dez preceitos que Moisés recebeu no Sinai, ou seja, os mandamentos da lei de Deus. Mas engana-se a si mesmo. O que ele chama religião não passa, geralmente, de estéreis fórmulas e cerimônias litúrgicas. Repetir mecanicamente certas palavras, executar determinados gestos, desfiar o rosário com certo número de orações ... é o que ele denomina piedade, religião, vida espiritual!
Se o materialismo representa o vazio da religião, o formalismo é a caricatura dela ... se o materialismo é um vale estéril, o formalismo é terreno coberto de ruinas.
Jesus e Paulo de Tarso viveram e morreram lutando contra a negação da espiritualidade e contra a deturpação da verdadeira espiritualidade.
A revelação divina, quer do Antigo, quer do Novo Testamento, é uma veemente ofensiva contra esses dois inimigos básicos da religião, e, conhecer a fundo a palavra de Deus é o melhor preventivo contra o materialismo destruidor, e o melhor corretivo do formalismo corruptor.
A sinagoga morreu por excesso de formalidades estéreis — e o paganismo agoniza com a carência de genuína e sadia espiritualidade, e nos tempos atuais, estas duas patologias exercem na sociedade moderna e no cristianismo a sua vasta e pérfida obra de destruição.
Urge que voltemos à palavra de Deus, tal qual se encontra nas revelações dos grandes mestres, pois o conhecimento mais íntimo e a assimilação constante da palavra são a garantia de sanidade espiritual, preservando a alma dos erros do materialismo e da corrupção do formalismo.
Ainda em nossos dias, Deus é para muitos cristãos um "Deus desconhecido", como o era, no primeiro século, para os pagãos de Atenas de que fala o apóstolo Paulo. E, como os Samaritanos, a que se refere Jesus, muitos cristãos de hoje adoram um Deus que ignoram. Têm tempo para tudo e interesse por todos os problemas, menos pelo problema central da existência humana e do qual depende o destino feliz ou infeliz do homem.
Infelizmente, o homem não se dá conta dessa separação existencial entre ele e seu creador, e por isso a palavra de Deus não frutifica em todas as almas, porque nem sempre encontra terreno propicio para a sua evolução. O coração duro, superficial e fragmentado, ou repleto de solicitudes mundanas não permite um crescimento espiritual normal. Compete ao homem, pois, preparar, por meio de um sincero esforço moral, o campo de sua alma para que essa palavra possa produzir abundantes frutos de salvação, pois o conhecimento de Deus não é privilégio de uma casta ou elite espiritual da humanidade, mas acessível a todos os homens, embora muitos o repilam e prefiram viver na ignorância religiosa.
Texto revisado, extraído do livro Panorama do Cristianismo
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