Thursday 29 July 2021

DEUS EM NÓS

Ninguém pode achar a Deus no macrocosmo do universo exterior sem que primeiro o encontre no microcosmo de seu próprio Eu interior.

No entanto, se o homem encontrou a Deus dentro de si mesmo, encontra-o espontaneamente por toda a parte; num inseto, numa flor, em todo o universo, mesmo lá onde Deus não parecia existir. É que Deus está sempre presente no homem, mas o homem muitas vezes está ausente de Deus. O reino de Deus está dentro de cada homem, mas nem todo homem está no reino de Deus.

Para ver o reino de Deus dentro de si, o homem deve renascer pelo espírito; abrir os olhos do seu verdadeiro Eu divino, passar da ignorância para a sapiência, da cegueira para a vidência, das trevas para a luz, da morte para a vida, da profanidade material para a iniciação espiritual.

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No capítulo “Eu vou à América”, do livro Autobiografia de um Iogue, de Paramahansa Yogananda, ele escreveu que em uma manhã, solitário em seu quarto, em completo silêncio, lágrimas de ansiedade diante do “incerto”, quando enfrentava angustiosamente a realidade de ter que ir ensinar os princípios da Ioga para os norte-americanos, ouve alguém bater na porta. Abre, e vê diante dele, um jovem com uma postura de aparente humildade e renunciação ... era Babaji – o espírito imortal – que se materializa para o visitar! Após um período de curta conversação, e com um olhar de poder majestoso, o mestre o eletrificou com um vislumbre de sua consciência cósmica, na seguinte passagem da Bhagavad Gita XI, 12:

“Se no firmamento se visse ascendendo,

De repente, o brilho da explosão de milhões de sóis,

Inundando a terra com inacreditável radiação,

Talvez então, fosse imaginável,

O esplendor e a majestade de Deus!”

Essa magia real, presenciada por Yogananda, foi um evidente sinal de que sua peregrinação pelas terras da América, teriam seu propósito histórico para as futuras gerações daqueles que tem sede de Deus. Essa autobiografia é, até os dias de hoje, considerada como um dos marcos no ensinamento da realidade da divina união entre o Princípio Cósmico, e o homem.

Texto revisado, extraído do livro Profanos e Iniciados, pag. 19

DIOS EN NOSOTROS

Nadie puede encontrar a Dios en el macrocosmos del universo exterior sin encontrarlo primero, en el microcosmos del Yo interior.

Sin embargo, si un hombre ha encontrado a Dios dentro de sí mismo, lo encuentra espontáneamente en todas partes; en un insecto, en una flor, en todo el universo, incluso donde Dios no parecía existir. Es porque Dios está siempre presente en el hombre, pero él, a menudo, está ausente. El reino de Dios está dentro de cada hombre, pero no todo hombre está en su reino.

Para ver el reino de Dios en el interior, el hombre debe renacer por el espíritu; abrir los ojos de su verdadero Yo esencial divino, pasar de la ignorancia a la sabiduría, de la ceguera a la clarividencia, de la oscuridad a la luz, de la muerte a la vida, de la profanidad material a la iniciación espiritual.

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En el capítulo “Me voy a América”, del libro Autobiografía de un yogui, de Paramahansa Yogananda, escribió que una mañana, solo en su habitación, en completo silencio, lágrimas de ansiedad ante lo “incierto”, al enfrentarse con angustia ante la realidad de tener que enseñar los principios del Yoga a los estadounidenses, oye que alguien llama a la puerta. Lo abre y ve ante él a un joven con una postura de aparente humildad y renunciación ... ¡fue Babaji, el espíritu inmortal, quien se materializó para visitarlo! Después de un período de breve conversación, y con una mirada de majestuoso poder, el maestro lo electrizó con un destello de su conciencia cósmica, en el siguiente pasaje del Bhagavad Gita XI, 12:

“Si se viera elevarse en el firmamento,

De repente, la explosión de miles de soles,

Inundando la tierra con una radiación increíble,

Quizás entonces sería imaginable

¡El esplendor y la majestad de Dios!”

Esta realidad mágica, presenciada por Yogananda, fue una señal evidente de que su peregrinaje por las tierras de América, tendría su propósito histórico para las generaciones futuras de los sedientos de Dios. Esta autobiografía es, hasta el día de hoy, considerada como uno de los hitos en la enseñanza de la realidad de la unión divina entre el Principio Cósmico y el hombre.

Wednesday 28 July 2021

RECANTO SAGRADO

Um mundo sem mistérios seria um mundo sem encantos, sem mares, montanhas, abismos, desertos, florestas virgens, noites estreladas, céu azul – quanta magia anônima escondida no universo!

Um ser humano sem mistérios deixa de ser fascinante. Uma pessoa integralmente devassada é insípida, sem encantos, nem atrativos. Deve haver em cada pessoa, um departamento virgem, anônimo, desconhecido, misterioso ... algum santuário onde só a alma dessa pessoa possa entrar e estar a sós consigo.

Sem esse recanto sagrado a pessoa se torna banal, sem atrativos, insípida.

Se os humanos soubessem o que isso quer dizer, deixaria de haver divórcios, porque todo divórcio deriva do desencantamento dos encantos, da banalização do sagrado, da profanação do santuário da personalidade.

O homem profano faz do outro ser humano o que costuma fazer com a Natureza: explora-o em benefício de seu egoísmo; mas toda exploração é profanação, todo egoísmo é sacrilégio.

O amor não é somente um imperativo categórico da ética, ele é também, antes de tudo, o requisito fundamental da estética.

RETIRO SAGRADO

Un mundo sin misterios sería un mundo sin encantamientos, sin mares, montañas, abismos, desiertos, bosques vírgenes, noches estrelladas, ¡mucha magia anónima escondida en el universo!

Un ser humano sin misterios deja de ser fascinante. Una persona completamente devastada es insípida, sin encantos, ni atractiva. Debe haber en cada persona un departamento virgen, anónimo, desconocido, misterioso ... algún santuario donde solo el alma de esa persona pueda entrar y estar a solas consigo misma.

Sin este retiro sagrado, uno se vuelve banal, poco atractivo, insípido.

Si los humanos supieran lo que eso significa, no habría divorcio, porque todo divorcio proviene del desencanto de los encantos, la trivialización de lo sagrado, la profanación del santuario de la personalidad.

El hombre profano hace a los demás seres humanos lo que hace con la Naturaleza: la explota en beneficio de su egoísmo; pero toda explotación es blasfemia, todo egoísmo es sacrilegio.

El amor no es solo un imperativo categórico de la ética, es, sobre todo, la exigencia fundamental de la estética.

SACRED RETREAT

A world without mysteries would be a world without enchantments, without seas, mountains, abysses, deserts, virgin forests, starry nights – plenty of anonymous magic hidden in the universe!

A human being without mysteries ceases to be fascinating. An utterly devastated person is insipid, without charms, nor attractive. There must be in every person a virgin, anonymous, unknown, mysterious department ... some sanctuary where only the soul of that person can enter and be alone with itself.

Without this sacred retreat, one becomes banal, unattractive, insipid.

If humans knew what that means, there would be no divorce because every divorce comes from the disenchantment of charms, the trivialization of the sacred, the desecration of the sanctuary of personality.

Profane man makes to other human beings what he does with Nature: exploits it for the sake of his selfishness, but all exploitation is profanation; all selfishness is sacrilege.

Love is not only a categorical imperative of ethics, but it is also, above all, the fundamental requirement of aesthetics.

VERDADES FUNDAMENTAIS

A quintessência, o Alfa e o Ômega de toda a filosofia e religião resume-se no seguinte:

--- Que existe uma Realidade Absoluta (Deus, a Fonte, o Creador, a Potência Cósmica), que é infinita, eterna, consciente,

--- e que todas as coisas do Universo, percebidas como várias e distintas, são apenas manifestações múltiplas dessa única Realidade.

A pluralidade dos fenômenos é meramente aparente – mas a unidade do Nóumeno é real.

Segundo Platão, o Nóumeno é a ideia, daquilo que é pensado, que existe nas imagens da mente de um observador, o inteligível, o que só pode ser compreendido pela inteligência, pela razão, e não pelos sentidos, a algo não fenomenal, isto é, não pertence a uma intuição sensível, mas a uma intuição intelectual ou supersensível.

Esse termo ficou bastante conhecido nos estudos filosóficos de Immanuel Kant.

A Realidade não teve princípio e nem terá um fim – ao passo que que seus fenômenos começam e acabam, nascem e morrem. Os fenômenos transitórios são causados – a eterna Realidade não é causada, mas causadora de todos os efeitos.

Quando se diz que o homem finito é infinitamente inferior à divindade, confere com que Albert Einstein - esse imenso gênio cientista cósmico, visionário, humanista e místico - disse em uma de suas reuniões acadêmicas que: “... um espírito se manifesta nas Leis do Universo, que é muito superior à do homem”.

A única virtude, a única coisa necessária ao ser humano, onde ele alcança a perfeição, é a de perceber e se integrar na unidade da Causa Absoluta através da pluralidade dos efeitos relativos.

Perceber a pluralidade sem a unidade, é analfabetismo filosófico; perceber a unidade sem a pluralidade, é unilateralismo de principiante; perceber a unidade na pluralidade, é que é o mais alto grau de perfeição. O primeiro estado é o caos, o segundo é monotonia, o terceiro é harmonia.

Texto revisado, em parte extraído do livro Profanos e Iniciados

VERDADES FUNDAMENTALES

La quintaesencia, el Alfa y el Omega de toda filosofía y religión se resumen en lo siguiente:

--- Que hay una Realidad absoluta (Dios, la Fuente, el Creador, la Potencia Cósmica), infinita, eterna, consciente,

--- y que todas las cosas del Universo, percibidas como diversas y distintas, son sólo manifestaciones múltiples de esta Realidad única.

La pluralidad de fenómenos es meramente aparente, pero la unidad del Noumenon es real.

Según Platón, el Noumenon es la idea, de lo que se piensa, que existe en las imágenes de la mente del observador, lo inteligible, que solo puede entenderse por la inteligencia, por la razón, y no por los sentidos, a algo no fenoménico, es decir, no pertenece a una intuición sensible, sino a una intuición intelectual o suprasensible.

Este término fue bien conocido en los estudios filosóficos de Immanuel Kant.

La Realidad no tiene principio y no llegará a su fin, mientras sus fenómenos comienzan y terminan, nacen y mueren. Los fenómenos transitorios son causados - la Realidad eterna no es causada, pero causa todos los efectos.

Cuando se dice que el hombre finito es infinitamente inferior a la divinidad, confiere con lo que Albert Einstein - ese inmenso genio científico cósmico, místico, humanista y visionario - dijo en uno de sus discursos académicos que: “... un espíritu se manifiesta en las Leyes del Universo, que es muy superior al del hombre”.

La única virtud, lo único necesario para el ser humano, donde alcanza la perfección, es percibirse e integrarse en la unidad de la Causa Absoluta a través de la pluralidad de efectos relativos.

Darse cuenta de la pluralidad sin unidad es analfabetismo filosófico; percibir la unidad sin pluralidad, es un unilateralismo de principiante; percibir la unidad en la pluralidad, es que es el grado más alto de perfección. El primer estado es el caos, el segundo es la monotonía, el tercero es la armonía.

FUNDAMENTAL TRUTHS

The quintessence, the Alpha, and the Omega of all philosophy and religion are summarized in the following:

--- That there is an absolute Reality (God, the Source, the Creator, the Cosmic Potency), infinite, eternal, conscious,

--- and that all the things of the Universe, perceived as various and distinct, are only manifold manifestations of this unique Reality.

The plurality of phenomena is merely apparent - but the unity of the Noumenon is real.

According to Plato, the Noumenon is the idea of what is thought, that exists in the images of an observer's mind, the intelligible, which can only be comprehended by reason, and not by the senses, to something not phenomenal, that is, it does not belong to a sensitive intuition, but intellectual or supersensitive intuition.

This term was well known in the philosophical studies of Immanuel Kant. 

The Reality has no beginning and will not come to an end - while its phenomena begin and ends, are born and die. Transient phenomena are caused - the eternal Reality is not caused but causes all effects.

When it is said that finite man is infinitely inferior to divinity, it confers with what Albert Einstein - this immense cosmic genius of science, visionary, humanist and mystic - said in one of his academic speeches that: “... a spirit manifests itself in the Laws of the Universe, which it is much superior to that of man”.

The only virtue, the only thing necessary for human beings, where they reach perfection, is to perceive and integrate themselves into the unity of the Absolute Cause through the plurality of relative effects.

Realizing plurality without unity is philosophical illiteracy; perceiving unity without plurality, is a beginner's unilateralism; to perceive unity in plurality, is that it is the highest degree of perfection. The first state is chaos; the second is monotony, the third is harmony.

PROFANOS E INICIADOS

A divisão dos seres humanos em profanos e iniciados é antiquíssima, e, talvez, a única realmente adequada, do ponto de vista da íntima essência do homem.

Qual é a diferença entre um homem profano e um iniciado nas coisas do espírito?

Em primeiro lugar, é importante saber o que não se deve entender por iniciado ou iniciação. Com certeza, não é aquele que tem a habilidade de desvendar ou dar solução à misteriosas fórmulas das chamadas escolas iniciáticas; e a ideia errônea que se tem é que, caso alguém possa dar a solução, é chamado de iniciado, caso contrário, é chamado de profano.

Até mesmo o Rabi Nicodemos, julgava que a iniciação ou entrada no Reino de Deus dependesse de algo que a gente fizesse, tanto assim que ele foi se encontrar com o maior dos iniciados que a raça humana conhece, a fim de saber qual ação a tomar para ingressar no universo espiritual. A essa pergunta, sobre o que o homem deva fazer para se tornar um iniciado, Jesus responde dizendo sobre o que o homem deve Ser para participar do Reino de Deus. É necessário, diz ele, renascer em espírito. Nicodemos, embora fisicamente vivo, estava espiritualmente morto. Poderíamos até definir o estado do profano como sendo um homem “ainda morto”, ou “ainda não-vivo”, espécie de feto em estado de gestação mais ou menos adiantado ou atrasado; é possível que venha a nascer um dia, se a sua evolução ao encontro da vida eterna correr normalmente; mas é possível que também o fim dessa gestação espiritual venha a ser um aborto devido à má formação e a consequente morte, ou ao encontro da morte eterna, da desintegração do espírito.

Ninguém pode vir a ser um iniciado pelo simples fato de fazer isto ou aquilo, pois é absurdo e intrinsecamente contraditório fazer algo sem primeiro Ser algo ou alguém. “A existência precede a essência”, ou ao Ser, conforme Tomás de Aquino, que todo ser humano é o único responsável por suas ações, porque escolhemos quem somos. Os humanos nascem como um “nada” e então se tornam quem são por meio de suas escolhas, ações, reações e atitudes; não se pode agir ou fazer algo sem que primeiro se Seja alguém, pois o Ser é a causa do fazer, e a causa é logicamente anterior ao efeito.

Se eu pudesse me tornar um iniciado fazendo certas coisas, ou pelo fato de que alguém possa fazer algo por mim; se eu, por exemplo, pudesse ser iniciado no Reino de Deus por uma fórmula secreta, ritual ou processo sacramental, um conjunto mágico e misterioso de palavras que me lançariam automaticamente no mundo espiritual sem a competente mudança interna de meu Ser - se isso fossem possível, haveria contrabando até no Reino de Deus, e o mundo de Deus deixaria de ser um Cosmos para se tornar o caos.

No entanto, o Reino de Deus é o único reino onde não há contrabando ou entrada ilegal, por alguma porta secreta escondida, seja por dinheiro ou sagacidade ou pelo trabalho e misericórdia de bons amigos e protetores.

No Reino de Deus só se pode entrar honestamente e pela porta da frente, isto é, pelo fato de Ser alguém, de ser precisamente o que se deve ser no nível eterno, para entrar nele; e este direito de entrada consiste precisamente no fato de o homem “renascer em espírito”, uma “nova creatura em Cristo”.

Convém entender o seguinte: se é certo que nenhum homem pode entrar no Reino de Deus por fazer alguma coisa que não seja ele mesmo, evolvendo seu verdadeiro Eu espiritual, a sua auto-realização, por outro lado também é certo que o homem que é alguém pelo renascimento espiritual não deixará de fazer algo, e até exceder nisso; ou melhor, esse homem é o único homem que pode fazer algo de real e positivo pela verdadeira evolução da humanidade.

A iniciação é um processo místico pelo qual o homem começa a ser alguém no plano da realidade eterna; e esse novo ser, essa nova creatura em Cristo não tardará a revelar-se como o único fator positivo e dinâmico no vasto drama da evolução ascensional do gênero humano, que, sem esse fator positivo, não passaria de uma série ou aglomeração de fatores negativos. Mas, no momento em que adicionarmos a essa longa série de fatores negativos repletos de desoladora vacuidade, um fator positivo, todas as pequenas e grandes vacuidades ficarão repletas da positiva realidade. E essa positiva realidade é que redime todos as negatividades do chamado “pecado original”, da sua vacuidade.

É exatamente o que acontece quando um homem renasce pelo espírito, quando um profano passa a ser um iniciado, de negativo se torna positivo, de morto que era nasce para a vida. E, daí por diante, sendo vivo, pode fazer o que nenhum morto pode realizar. O que um ainda-não-vivo poderia fazer (se algo pudesse fazer) seriam, quando muito, atos não-vitais; antes de poder fazer qualquer ato vital, tem que ser vitalizado, vivificado pelo espírito sempre vivo e sempre vitalizador.

Ser um iniciado é estar identificado com Deus pelo espírito divino, ou, nas palavras de Jesus: “A vida eterna é esta: que os homens te conheçam a ti, ó Pai, como sendo o único Deus verdadeiro”; ou ainda, nesta frase, em que Jesus nos diz que o céu, a vida eterna, consiste em “Amar a Deus de todo o coração, de toda a alma, de toda mente e com todas as forças”, isto é, o novo Ser do homem místico, do qual brotará a espontânea atitude de “Amar o próximo como a si mesmo”, do homem ético. 

A verdadeira iniciação nada tem a ver com fórmulas misteriosas. Consiste tão-somente nesta coisa singela e imensa, que é o encontro pessoal com Deus, essa estupenda revolução cósmica dentro da alma humana e a subsequente sintonização da vida cotidiana, interna e externa, com essa grande e decisiva experiência.

Há pessoas que nunca tiveram esse encontro pessoal com Deus, são os ainda cegos, os ainda mortos, os ignorantes da espiritualidade. Entretanto, há dois grupos nesta classe: os que nem deram ainda o primeiro passo nessa grande jornada, e os que já deram o primeiro passo, e talvez muitos outros, achando-se em qualquer ponto do caminho, mas não atingiram ainda a meta final. Os do primeiro grupo são os descrentes, os agnósticos, os chamados ateus, os que, além de não terem experiência da iluminação espiritual, nem sequer creem na existência dessa luz. Os do segundo grupo são os crentes, os peregrinos de boa vontade, os que firmemente admitem a realidade da Luz, embora não tenham ainda aberto os olhos para essa luz integral da Realidade. Se continuarem a andar em linha reta, rumo à luz, esses crentes de hoje virão a ser os sapientes de amanhã, porque o crer é o caminho para o saber.

Jesus não era um crente, mas sim um sapiente; não acreditava apenas em Deus, como os viajores da fé nebulosa, mas conhecia a Deus, como todos os que atingiram o termo final da jornada e possuem a visão direta e imediata da eterna Realidade, e podem dizer em verdade: “Eu e o Pai somos um.”

Nas esferas celestes não existem crentes nem descrentes, só os sapientes de Deus. Mas, não haveria sapientes no céu se na terra não houvesse crentes. De resto, essa ciência-de-Deus, essa Teo-sapiência, é que é o céu. O homem está no céu quando esse céu do conhecimento intuitivo de Deus está no homem. O homem espiritual leva consigo o seu céu, por onde quer que vá. E, como esse homem, consciente ou inconscientemente, irradia em volta de si o seu céu interior, todas as almas receptivas podem, na presença de um verdadeiro iniciado, adivinhar o que seja o céu e ter dele um gozo antecipado de inexplicável fascínio.

O único meio de fazer bem aos outros, e de fazer com que esses sejam bons, é ser bom. Qualquer tentativa que o homem que não é bom faça para fazer com que os outros sejam bons, é um flagrante contrassenso, uma hipocrisia, uma vez que é matemática e metafisicamente impossível que um homem que não possua bondade interior possa contribuir para que outros venham a ser bons. Só o homem internamente bom é que é um canal aberto por onde fluem livremente as águas redentoras da eterna Divindade; o homem internamente mau, embora externamente bom, caridoso, solidário, é um canal obstruído, por onde não fluem as águas divinas e purificadoras. Ninguém pode ser bom por mim, assim como eu não posso ser bom pelos outros, porque no reino de Deus não há contrabando e desordem.

Portanto, o iniciado é um homem internamente bom, o homem bom por excelência.

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Ramana Maharishi, quando interpelado sobre o que é o pecado original, respondeu sintética e acertadamente:- “É a ilusão de uma existência pessoal separada”. Esta ilusão separatista do ego tirânico é uma herança de toda natureza humana, uma dádiva de berço, ao passo que a verdade da permanente e essencial união com o Infinito é uma conquista da sua consciência, e esta união essencial pode e deve revelar-se numa união existencial.

Texto revisado, extraído do livro Profanos e Iniciados

PROFANOS E INICIADOS

La división del ser humano en profanos e iniciados es milenaria, y quizás la única verdaderamente adecuada desde la esencia íntima del hombre.

¿Cuál es la diferencia entre un profano y un iniciado en las cosas del espíritu?

En primer lugar, es importante saber o qué no se entiende por iniciado o iniciación. Ciertamente, no es quien puede desentrañar o resolver misteriosas fórmulas de las llamadas escuelas iniciáticas; si alguien puede dar la solución, se llama iniciado, de lo contrario se llama profano.

Incluso el rabino Nicodemo pensó que la iniciación o la entrada al Reino de Dios dependía de algo que hiciéramos, tanto que fue al encuentro del más grande de los iniciados que conoce la raza humana, para saber qué acción tomar para entrar en lo universo espiritual. A esta pregunta, sobre qué debe hacer el hombre para convertirse en iniciado, Jesús responde diciendo lo que debe el hombre Ser para hacer parte en el Reino de Dios. Es necesario, dice, “renacer en espíritu”. Nicodemo, aunque físicamente vivo, estaba espiritualmente muerto. Incluso podríamos definir el estado del profano como un hombre aún muerto, o aún no vivo, una especie de feto en un estado de gestación más o menos avanzado o retrasado; puede nacer algún día si su evolución hacia el encuentro de la vida eterna transcurre con normalidad; pero también es posible que el final de su gestación espiritual sea un aborto por malformación y consecuente muerte, o el encuentro de la muerte eterna, de la desintegración del espíritu.

Nadie puede convertirse en un iniciado simplemente haciendo esto o aquello, porque es un absurdo e intrínsecamente contradictorio hacer algo sin primero Ser algo o alguien. “La existencia precede a la esencia”, o al Ser, según Tomás de Aquino; que cada ser humano es el único responsable de sus acciones porque elegimos quiénes somos. Los seres humanos nacen como “nada” y luego se convierten en quienes son a través de sus elecciones, acciones, reacciones y actitudes; no se puede actuar o hacer algo sin primero Ser alguien, porque el Ser es la causa del hacer, y la causa está lógicamente antes que el efecto.

Si pudiera convertirme en un iniciado haciendo ciertas cosas, o por el hecho de que algún tercero haga algo por mí; si yo, por ejemplo, pudiera ser iniciado en el Reino de Dios por alguna fórmula secreta, ritual o proceso sacramental, un conjunto mágico y misterioso de palabras que automáticamente me arrojarían al mundo espiritual sin el competente cambio interno de mi ser - si esto Si fuera posible, habría contrabando incluso en el Reino de Dios, y el mundo de Dios dejaría de ser un Cosmos para convertirse en caos.

Sin embargo, el Reino de Dios es el único donde no hay contrabando ni entrada ilegal, por alguna trampilla secreta oculta, ya sea por dinero o ingenio o por obra y misericordia de buenos amigos y protectores.

En el Reino de Dios sólo se puede entrar honestamente y por la puerta principal, es decir, por el hecho de Ser alguien, de ser precisamente lo que hay que ser en el plano eterno, para entrar; y este derecho de entrada consiste precisamente en el hecho de que el hombre “renazca en espíritu”, o en una “nueva criatura en Cristo”.

Es necesario comprender lo siguiente: si es cierto que ningún hombre puede entrar en el Reino de Dios haciendo otra cosa que no sea desarrollar su verdadero Ser espiritual, su “autorrealización” - por otro lado, también es cierto que el hombre quien es alguien por renacimiento espiritual no dejará de hacer algo, e incluso lo superará; o más bien, este hombre es el único hombre que puede hacer algo real y positivo por la verdadera evolución de la humanidad.

La iniciación es un proceso místico por el cual el hombre comienza a ser alguien en el nivel de la realidad eterna; y este nuevo ser, esta nueva criatura en Cristo, pronto se revelará como el único factor positivo y dinámico en el vasto drama de la evolución ascensional de la humanidad, que, sin este factor positivo, no sería más que una serie de aglomeraciones de factores negativos. Pero en el momento en que agregamos a esta larga serie de factores negativos llenos de un vacío desolador, un factor positivo, todos los pequeños y grandes vacíos se llenarán con una realidad positiva. Y esta realidad positiva es la que redime todas las negatividades del llamado “pecado original”, de su vacuidad.

Es exactamente lo que sucede cuando un hombre renace en espíritu, cuando un profano pasa a ser un iniciado, de lo negativo se vuelve positivo, de estar todavía muerto a estar vivo. Y a partir de ese momento, estando vivo, puede hacer lo que ningún muerto puede hacer. Lo que podría hacer un todavía no vivo (si hubiera algo que pudiera hacer) serían, en el mejor de los casos, actos no vitales; antes de que pudiera realizar cualquier acto vital, debe ser vitalizado, animado por el espíritu siempre vivo y vitalizador.

Ser iniciado es identificarse con Dios por el espíritu divino, o, en palabras de Jesús: “La vida eterna es esta: que los hombres te conozcan, Padre, como el único Dios verdadero”; o sin embargo, en esta frase, en la que Jesús nos dice que el cielo, la vida eterna, consiste en “Amar a Dios con todo tu corazón, con toda tu alma, con toda tu mente y con todas tus fuerzas”, es decir, el nuevo Ser del hombre místico, del que surgirá la actitud espontánea de “Amar al prójimo como a ti mismo”, del hombre ético.

La verdadera iniciación no tiene nada que ver con fórmulas misteriosas. Consiste sólo en esta cosa simple e inmensa, que es el encuentro personal con Dios, esta estupenda revolución cósmica dentro del alma humana y la posterior sintonía de la vida cotidiana, interna y externa, con esta gran y decisiva experiencia.

Algunas personas nunca han tenido este encuentro personal con Dios: todavía son ciegos, siguen muertos, ignoran la espiritualidad. Sin embargo, hay dos grupos en esta clase: los que aún no han dado el primer paso en esta gran peregrinación, y los que ya han dado el primer paso, y quizás muchos otros, en algún punto del camino, pero aún no lo han alcanzado la última meta. Los del primer grupo son los incrédulos, los agnósticos, los llamados ateos, que, además de no tener experiencia de iluminación espiritual, ni siquiera creen en la existencia de esta luz. Los del segundo grupo son creyentes, peregrinos de buena voluntad, los que admiten con firmeza la realidad de la Luz, aunque aún no han abierto los ojos a esta luz integral de la Realidad. Si continúan caminando directamente hacia la luz, estos creyentes de hoy se convertirán en los sapientes del mañana porque creer es el camino para lo saber.

Jesús no era un creyente sino un sapiente; no solo creía en Dios como los viajeros de la fe nebulosa, sino que conocía a Dios, como lo hicieron todos los que han llegado al final de la peregrinación y tienen la visión directa e inmediata de la Realidad eterna, y pueden decir verdaderamente: “Yo y el Padre son uno.”

En las esferas celestiales, no hay creyentes ni incrédulos, solo los sapientes de Dios. Pero no habría sapientes en el cielo si no hubiera creyentes en la tierra. Además, esta ciencia-de-Dios, esta Teo-sabiduría, es lo que es el cielo. El hombre está en el cielo cuando ese cielo del conocimiento intuitivo de Dios está en el hombre. El hombre espiritual se lleva su cielo a donde quiera que vaya. Y como este hombre, consciente o inconscientemente, irradia su cielo interior, todas las almas receptivas pueden, en presencia de un verdadero iniciado, adivinar qué es el cielo y tener un goce anticipado e inexplicable.

La única manera de hacer el bien a los demás, y hacerlos buenos, es ser bueno. Cualquier intento que haga el hombre que no es bueno para hacer buenos a los demás es un sinsentido descarado, hipocresía ya que es matemático y metafísicamente imposible que un hombre que no posee bondad interior contribuya a que los demás se vuelvan buenos. Sólo el hombre internamente bueno es que es un canal abierto a través del cual fluyen libremente las aguas redentoras de la Divinidad eterna; un hombre, internamente malvado, aunque externamente “bueno”, es un canal obstruido, donde no fluyen las aguas divinas y purificadoras. Nadie puede ser bueno por mí, como yo no puedo ser bueno en nombre de los demás, porque en el Reino de Dios no hay contrabando ni desorden.

Por tanto, el iniciado es un buen hombre interiormente, el buen hombre por excelencia.

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Ramana Maharishi, cuando se le preguntó qué es el pecado original, respondió de manera sintética y correcta: “Es la ilusión de una existencia personal separada”. Esta ilusión separatista del ego es una herencia de toda la naturaleza humana, un don desde el nacimiento, mientras que la verdad de la unión permanente y esencial con el Infinito es la consecución de la conciencia humana, y esta unión esencial puede y debe revelarse en una unión existencial.

PROFANE AND INITIATE

The division of human beings into profanes and the initiate is age-old and perhaps the only truly adequate from man's intimate essence.

What is the difference between a profane man and an initiate in the things of the spirit?

First of all, it is important to know what is not meant by initiate or initiation. Certainly, is not the one who can unravel or solve mysterious formulas of the so-called initiatory schools; if anyone can give the solution, it is called initiate; otherwise, it is called profane.

Even Rabbi Nicodemus thought that the initiation or the entry into the Kingdom of God depended on something that we did, so much so that he went to meet the greatest of the initiate that the human race knows, to know what action to take to enter the spiritual universe. To this question, about what a man must do to become an initiate, Jesus responds by saying what man must Be to be part of the Kingdom of God. It is necessary, he says, “to be reborn in spirit”. Nicodemus, though physically alive, was spiritually dead. We could even define the state of the profane as being a man still dead, or not yet alive, a kind of unborn fetus in a state of gestation more or less advanced or delayed; it may be born one day if its evolution towards the encounter of the eternal life runs normally, but it is also possible that the end of its spiritual gestation will be an abortion due to malformation and consequent death, or the encounter of eternal death, of the disintegration of the spirit.

No one can become an initiate simply by doing this or that, for it is absurd and intrinsically contradictory to do something without first Being something or someone. “Existence precedes essence”, or to Being, according to Thomas Aquinas; that every human being is solely responsible for his actions because we choose who we are. Humans are born as “nothing” and then become who they are through their choices, actions and reactions; you cannot act or do something without first Being someone because Being is the cause of doing, and the cause is logically before the effect.

If I could become an initiate by doing certain things, or by the fact that some third party does something for me; if I, for example, could be an initiate into the Kingdom of God by some secret formula, ritual or sacramental process, magical and mysterious set of words that would automatically throw me into the spiritual world without the competent internal change of my Being - if this were possible, there would be contraband even in the Kingdom of God. The world of God would cease to be a Cosmos to become chaos.

However, the Kingdom of God is the only realm where there is no contraband or illegal entry, by some hidden secret hatch, either for money or wit or by the work and mercy of good friends and protectors.

In the Kingdom of God, one can only enter honestly and through the front door, that is, through the fact of Being someone, of being precisely what one must be on the eternal level, to enter in it; and this right of entry consists precisely in the fact that man being “reborn by the spirit”, a “new creature in Christ”.

It is necessary to comprehend the following: if it is certain that no man can enter the Kingdom of God by doing something other than evolving his true spiritual Self, his “self-realization” - on the other hand, it is also certain that man who is someone by spiritual rebirth will not fail to do something, and even exceed it; or rather, this man is the only man who can do something real and positive for the true evolution of humankind.

Initiation is a mystical process by which man begins to be someone on the level of eternal reality. This new being, this new creature in Christ, will soon be revealed as the only positive and dynamic factor in the vast drama of the ascensional evolution of humankind, which, without this positive factor, would be no more than a series of agglomerative negative factors. But at the moment, we add to this long series of negative factors filled with bleak emptiness, a positive factor, all small and great vacuities will be filled with a positive reality. And this positive reality is what redeems all the negativities of the so-called “original sin” of its emptiness.

It is exactly what happens when a man is reborn in spirit, when a profane happens to become an initiate, from negative becomes positive, from still dead to be alive. And from then on, being alive, he can do what no dead man can. What a still not alive could do (if there was anything he could do) would be, at best, non-vital acts; before he could do any vital act, he must be vitalized, enlivened by the ever-living and ever-vitalizing spirit.

To be an initiate is to be identified with God by the divine spirit, or, in Jesus' words: “Eternal life is this: that men may know you, Father, as being the only true God”; or yet, in this sentence, in which Jesus tells us that heaven, eternal life, consists of “Loving God with all your heart, with all your soul, with all your mind and with all your strength”, that is, the new Being of the mystical man, from which the spontaneous attitude of “Loving your neighbour as yourself” will emerge, of the ethical man.

True initiation has nothing to do with mysterious formulas. It consists only of this simple and immense thing: the personal encounter with God, this stupendous cosmic revolution within the human soul, and the subsequent attunement of daily life, internal and external, with this great and decisive experience.

Some people have never had this personal encounter with God - they are the still blind, the still dead, the ignorant of spirituality. However, there are two groups in this class: those who have not yet taken the first step on this great pilgrimage - and those who have already taken the first step, and perhaps many others, at any point along the path but have not reached the ultimate goal yet. Those of the first group are the unbelievers, the agnostics, the so-called atheists, who, apart from having no experience of spiritual enlightenment, do not even believe in the existence of this light. Those of the second group are believers, pilgrims of goodwill, those who firmly admit the reality of the Light, although they have not yet opened their eyes to this integral light of Reality. If they continue to walk straight into the light, today's believers will become the sapient of tomorrow because to believe is the way to know.

Jesus was not a believer but a sapient; not only believed in God as the travellers of the nebulous faith but knew God, as did all who have reached the end of the pilgrimage and have the direct and immediate vision of the eternal Reality, and can truly say, “The Father and I are one.”

In the heavenly spheres, there are no believers or unbelievers, only the sapient of God. But there would be no sapient in heaven if there were no believers on Earth. Moreover, this science-of-God, this Theo-wisdom, is what is heaven. Man is in heaven when that heaven of intuitive knowledge of God is in man. The spiritual man takes his heaven with him wherever he goes. And as this man, consciously or unconsciously, radiates his inner heaven, all receptive souls can, in the presence of a true initiate, guess what heaven is and have an anticipated and inexplicable enjoyment.

The only way to do good to others and make them good is to be good. Any attempt that man who is not good does to make others good is blatant nonsense, hypocrisy since it is mathematical and metaphysically impossible for a man who does not possess inner goodness to contribute to others becoming good. Only man internally good is that it is an open channel through which the redeeming waters of the eternal Divinity flows freely; a man, internally evil, though externally “good”, is an obstructed channel, where the divine and purifying waters does not flow. No one can be good through me, as I cannot be good on behalf of others - because in the kingdom of God, there is no contraband and disorder.

Therefore, the initiate is a man internally good, the good man par excellence.

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When asked about what original sin is, Ramana Maharishi answered in a synthetic and rightly way: “It is the illusion of a separate personal existence”. This separatist illusion of the ego is an inheritance of all human nature, a gift from birth. At the same time, the truth of the permanent and essential union with the Infinite is the attainment of human consciousness, and this essential union can and must reveal itself in an existential union.

 

MATURIDADE

Ninguém pode despertar para a percepção da Realidade Absoluta, da harmonia do Cosmos, antes de seu tempo ter chegado. Por isso, é supérfluo, e por vezes prejudicial e perigoso, querer impor certas ideias sobre a espiritualidade, a pessoas não suficientemente evolvidas; elas não as podem receber devido à falta dessa maturidade espiritual, assim como uma fêmea imatura não pode conceber uma prole. Não podemos fazer desabrochar um botão de rosa antes do tempo estabelecido pela natureza da planta; podemos sacudir o botão, comprimi-lo, abri-lo a força, e, possivelmente só o vamos destruir – mas não poderemos fazer florescer a rosa. Um raio solar, porém, a seu tempo, suavemente, sem nenhuma violência, consegue realizar essa maravilha na Natureza.

Podemos, todavia, preparar os caminhos aos nossos semelhantes para que, a seu tempo, recebam e assimilem certas mensagens do mundo da transcendência – embora não lhes possamos dar essas ideias, forçar ou impor ... isso soa como estupro espiritual. Todo o enriquecimento interior vem do sentido vertical, da Fonte para os canais, ao passo que todo o nosso trabalho preliminar de mestres, guias, educadores, mensageiros, formadores, é meramente horizontal. Entretanto, no ponto de intersecção entre a vertical e a horizontal está a grande experiência e o segredo final de toda evolução. Da combinação da vertical com a horizontal resulta uma cruz, símbolo da redenção; este mesmo símbolo é chamado na matemática mais, na física positivo, e nas religiões esotéricas o mesmo sinal significa infinito ou universal.

Texto revisado, extraído do livro Profanos e Iniciados

MADUREZ

Nadie puede despertar a la percepción de la Realidad Absoluta, la armonía del Cosmos, antes de que llegue su momento. Por tanto, es superfluo, ya veces perjudicial y peligroso, querer imponer ciertas ideas sobre la espiritualidad, a personas no suficientemente evolucionadas en esta materia; no pueden recibirlos por falta de esta madurez espiritual, así como una hembra inmadura no puede concebir una descendencia. No podemos inducir a un capullo de rosa a florecer antes del tiempo programado por la naturaleza de la planta; podemos agitarlo, apretarlo, forzarlo a que se abra y posiblemente destruirlo, pero no podemos hacer que el capullo de rosa florezca. Un rayo solar, sin embargo, en su momento, suavemente, sin ninguna violencia intempestiva, logra realizar esta maravilla en la Naturaleza.

Sin embargo, podemos preparar el camino para nuestros semejantes para que con el tiempo reciban y asimilen ciertos mensajes del mundo de la trascendencia, aunque no podamos darles estas ideas, para forzarlas o imponerlas ... eso suena a violación espiritual. Todo enriquecimiento interior llega verticalmente, desde la Fuente hasta los canales, mientras que todo nuestro trabajo preliminar de maestros, guías, educadores, mensajeros, formadores ... es meramente horizontal. Sin embargo, en el punto de intersección entre lo vertical y lo horizontal ocurre la gran experiencia y el último secreto de toda evolución espiritual. De la combinación de vertical y horizontal resulta una cruz, símbolo de redención; este mismo símbolo se llama en matemáticas, más, y positivo en física, y en las religiones esotéricas, el mismo signo significa infinito o universal.

MATURITY

No one can awaken to the perception of the Absolute Reality - the harmony of the Cosmos - before its time has arrived. Therefore, it is superfluous, sometimes harmful and dangerous, to want to impose certain ideas about spirituality to people not sufficiently evolved in this matter; they cannot receive them because of a lack of this spiritual maturity, just as an immature female cannot conceive offspring. We cannot induce a rosebud to bloom before the time scheduled by the nature of the plant; we can shake it, squeeze it, force it to open and possibly destroy it - but we cannot make the rosebud bloom. However, in its time, a solar ray gently, without any untimely violence, manages to realize this wonder in Nature.

We can, however, prepare the path for our fellow humans so that in time they receive and assimilate certain messages from the world of transcendence - though we cannot give them these ideas, to force or impose it... that sounds like a spiritual rape. All inner enrichment comes vertically, from the Source to the channels, whereas all our preliminary work of teachers, guides, educators, masters, messengers, trainers... is merely horizontal. However, at the intersection between the vertical and the horizontal happens the great experience and the ultimate secret of all spiritual evolution. The combination of vertical and horizontal results in a cross, a symbol of redemption; this same symbol is called in mathematics, plus, and positive in physics and esoteric religions, the same sign means infinite or universal.

SILÊNCIO INTERIOR

Hoje em dia tem sido muito comum a propaganda e as discussões em torno dos benefícios da meditação, e muitos procuram esses centros chamados esotéricos. Mas os chamados mestres nessa área, manuais e livros, complicam tanto a meditação, que as pessoas ficam com receio de se engajarem nesses exercícios. Quase todos os livros sobre meditação desanimam o leitor desde o princípio, porque exigem “técnicas meditativas” de toda espécie.

Mas não existe nenhuma técnica! Se existe uma, é a do silêncio, e silêncio não é nenhuma técnica: é simplesmente se esvaziar de todos os conteúdos humanos do ego tirânico e ficar à disposição do Infinito ... trabalhar uma disponibilidade espiritual diante do Infinito, e nada mais é necessário.

Fazer de si mesmo uma completa vacuidade ...

E isso exige alguns exercícios e desafios, porque os nossos pensamentos são avassaladores! No geral, não pensamos aquilo que queremos. Somos bombardeados pelos nossos pensamentos! A nossa mente é multipolarizada, o nosso cérebro é uma praça pública por onde passam milhões de pensamentos, imagens visuais e sonoras de forma infernal, invadindo o nosso ser, e que não pedem licença para entrar ... simplesmente nos invadem!

Os pensamentos entram e saem como todos os passantes que entram e saem pela praça pública. E nós permitimos a passagem dos pensamentos pelo nosso cérebro. Desse modo, é impossível ter a experiência direta do silêncio. É preciso transformar a praça pública do nosso cérebro num santuário silencioso de paz divina!

Segundo Leis Eternas, onde há uma vacuidade acontece uma plenitude. Se eu me esvazio dos meus desejos e dos meus pensamentos, é absolutamente certo que vai me acontecer uma experiência direta de Deus, capaz de trazer a plenitude. A plenitude de Deus flui para dentro da minha vacuidade. Onde há um ego-esvaziamento, ocorre uma Teo-plenificação. O problema não é a plenificação, pois essa plenificação sempre vai acontecer, cedo ou tarde, porém o nosso problema está no ego-esvaziamento.

O nosso grande desafio é saber como se esvaziar dos nossos conceitos, crenças e condicionamentos da nossa egoidade humana, dos nossos pensamentos, dos nossos desejos, para que a Graça de Deus possa nos plenificar com a sua riqueza.

Texto revisado, extraído de uma palestra de Huberto Rohden

SILENCIO INTERIOR

Hoy en día, la propaganda y las discusiones sobre los beneficios de la meditación han sido muy comunes y muchos se están inscribiendo en estos llamados centros esotéricos. Pero los llamados maestros en esta área, manuales y libros, complican tanto la meditación, que la gente tiene miedo de realizar estos ejercicios. Casi todos los libros sobre meditación desaniman al lector desde el principio porque requieren todo tipo de “técnicas meditativas”.

¡Pero no existe ninguna técnica! Si hay una es el del silencio, y el silencio no requiere ninguna técnica: es simplemente el vaciado de los contenidos del ego para volverse uno con el Infinito ... para trabajar una disponibilidad espiritual ante el Infinito, y nada más es necesario.

Liberar la mente para hacer de uno mismo un completo vacío ...

¡Y eso requiere algunos ejercicios y desafíos porque nuestros pensamientos son tiránicos! En general, no pensamos en lo que queremos. ¡Estamos bombardeados por nuestros pensamientos! Nuestra mente es multipolar, nuestro cerebro es una plaza pública a través de la cual millones de pensamientos, imágenes visuales y sonidos de formas infernales, invaden nuestro ser sin pedir permiso para entrar ... ¡simplemente invadiéndonos!

Los pensamientos entran y salen como todos los transeúntes cruzando la plaza pública. Y permitimos que los pensamientos pasen por nuestro cerebro y, por lo tanto, es imposible tener la experiencia directa del silencio. ¡Es necesario transformar la plaza pública de nuestro cerebro en un santuario silencioso de paz divina!

Según las Leyes Cósmicas, donde hay un vacío, ocurre la plenitud. Si vacío mi ser interior de deseos y pensamientos, ciertamente me sucederá una experiencia directa de Dios, capaz de traer plenitud para que la plenitud de Dios fluya en mi vacío. Donde hay un vaciamiento del ego, hay una Teo-plenitud. La única forma de resolver este dilema es el ejercicio del vaciamiento del ego, porque tarde o temprano, en algún momento de nuestras vidas, sucederá la plenitud.

Nuestro gran desafío es saber vaciarnos de nuestros conceptos, creencias y condicionamientos del ego, de nuestros pensamientos y deseos para que la gracia de Dios nos dé una provisión abundante de Su riqueza.

INNER SILENCE

Nowadays, advertisings and discussions about the benefits of meditation have been widespread, and many are enrolling in these so-called esoteric centres. But the so-called masters in this area, manuals and books, complicates meditation so much that people are afraid to engage in these exercises. Almost all books about meditation discourage the reader from the beginning, for they require all kinds of “meditative techniques”.

But there is no technique at all! If there is one, it is that of silence, and silence does not require any technique: it is simply the emptying of ego’s contents to become one with the Infinite... to work a spiritual availability before the Infinite, and nothing else is necessary.

Releasing the mind to make of oneself a complete void...

And that requires some exercises and challenges because our thoughts are tyrannical! In general, we do not think about what we want. Our thoughts bombard us! Our mind is multi-polarized; our brain is a public square through which millions of thoughts, visual images and sounds of infernal forms invading our being without asking for permission to enter... simply invading us!

Thoughts enter and leave like all passers-by crossing the public square. And we allow thoughts to pass through our brain, and thus, it is impossible to have the direct experience of silence. It is necessary to transform the public square of our brain into a silent sanctuary of divine peace!

According to the Cosmic Laws, where there is a vacuity, plenitude happens. If I empty my inner being of desires and thoughts, a direct experience of God will certainly happen to me, able to bring plenitude for the plenitude of God to flow into my emptiness. Where there is an ego-emptying, there is a Theo-plenitude. The only way to solve this dilemma is the exercise of ego-emptying because sooner or later, sometime in our lives, plenitude will happen.

Our great challenge is to know how to empty ourselves of our concepts, beliefs and conditioning of the ego, of our thoughts and desires so that God's grace can give us a plentiful supply of Its wealth.

Tuesday 27 July 2021

COMO ENCONTRAR A DEUS?

Meu amigo, não podes achar a Deus, mas Deus pode te achar - desde que permitas esse encontro, Deus te achará. Se dentro de ti criares uma atmosfera favorável, uma atitude de permanente receptividade espiritual, um clima propício de espiritual humildade, pureza e retidão de coração, com certeza serás achado por Deus. Prepara dentro de ti os caminhos por onde Deus possa vir a ti - e a ti Deus virá e em ti fará habitação.

Essa atmosfera de encontro com Deus consiste essencialmente numa progressiva abolição do egoísmo, em todas as suas formas - o egoísmo individual, nacional e eclesiástico - e numa crescente proclamação do amor universal. Se não romperes a frágil casca do teu ego tirânico, nunca prestarás coisa grande para seus irmãos humanos, nem para ti mesmo; mas, se deres esse salto, do teu estreito egoísmo, para o vasto Cosmos do Altruísmo Universal, verificarás com surpresa que será um salto para dentro de um mundo cheio de vida, alegria e beleza.

Desde que o mundo existe, não há exemplo de um homem que tenha achado a felicidade - mas todos os que foram realmente felizes alcançaram a felicidade em fazerem os outros felizes. É esta a eterna Lei Cósmica: quem quer ser feliz sem os outros, ou contra os outros, será sempre infeliz, porque o mundo de Deus é um Cosmos, um sistema de ordem, harmonia e retidão, e não um caos. “Procurai primeiro o reino de Deus e a sua retidão - e todas as outras coisas vos serão dadas de acréscimo”.

Não existe para além das estrelas, nenhum Deus que te possa libertar dos males que te afligem - só o Deus dentro de ti é que te pode libertar do mal – desde que o permitas. Os chamados males físicos não são males, uma vez que nenhum deles pode frustrar o teu verdadeiro destino. Os males morais, porém, são criação tua, e não de Deus.

Texto revisado, extraído do livro Profanos e Iniciados

¿CÓMO ENCONTRAR A DIOS?

Amigo mío, no puedes encontrar a Dios, pero Dios puede encontrarte a ti; siempre que permitas ese encuentro, Dios te encontrará. Si crea una atmósfera favorable dentro de usted, una actitud de receptividad espiritual permanente, una atmósfera que conduzca a la humildad espiritual, la pureza y la rectitud de corazón, seguramente Dios lo encontrará. Prepara los caminos dentro de ti para que Dios venga a ti, y Dios vendrá y morará en ti.

Este clima de encuentro con Dios consiste esencialmente en una progresiva abolición del egoísmo, en todas sus formas - egoísmo individual, nacional y eclesiástico - y en una creciente proclamación del amor universal. Si no rompes el frágil caparazón de tu ego tiránico, nunca harás nada grande por la humanidad ni por ti mismo; pero si usted da ese salto, desde su estrecho egoísmo a la vasta Conciencia Cósmica del Altruismo Universal, encontrará con sorpresa que será un salto a un mundo lleno de vida, alegría y belleza.

Desde que el mundo existe, no hay ejemplo de un hombre que haya encontrado la felicidad, pero todos los que fueron verdaderamente felices han logrado la felicidad haciendo felices a los demás. Esta es la Ley Cósmica eterna: quien quiera ser feliz sin los demás, o contra los demás, siempre será infeliz, porque el mundo de Dios es un Cosmos, un sistema de orden, armonía y rectitud, no caos. “Buscad primero el reino de Dios y su justicia, y todas las demás cosas os serán añadidas”.

No hay Dios más allá de las estrellas, que pueda librarte de los males que te afligen, solo el Dios dentro de ti puede librarte del mal, siempre que lo permitas. Los llamados males físicos no son males, ya que ninguno de ellos puede frustrar tu verdadero destino. Los males morales, sin embargo, son creación tuya, no de Dios.

HOW TO FIND GOD?

My friend, you cannot find God, but God can find you - as long as you allow that encounter, God will find you. If you create a favourable atmosphere within yourself, an attitude of permanent spiritual receptivity, an atmosphere conducive to spiritual humility, purity and uprightness of heart, you will surely be found by God. Prepare the paths within yourself for God to come to you - and God will come and dwell in you.

This atmosphere of encounter with God essentially consists of a progressive abolition of selfishness, in all its forms - individual, national and ecclesiastical selfishness – and in a growing proclamation of universal love. If you do not break the fragile shell of your tyrannical ego, you will never do anything great for humanity and nor for yourself. Still, if you take that leap, from your narrow selfishness to the vast Cosmos Consciousness of Universal Altruism, you will find with surprise that it will be a leap into a world full of life, joy, beauty.

Since the world exists, there is no example of one man who has found happiness - but all who were truly happy have attained happiness in making others happy. This is the eternal Cosmic Law: whoever wants to be happy without others, or against others, will always be unhappy because the world of God is a Cosmos, a system of order, harmony and rectitude, not chaos. “Seek ye first the kingdom of God and its righteousness, and all other things shall be added unto you.”

There is no God beyond the stars who can deliver you from the evils that afflict you - only the God within you can deliver you from evil - as long as you allow it. The so-called physical evils are not evils since none of them can frustrate your true destiny. Moral evils, however, are your creation, not God's.

A CONSCIÊNCIA DA PRESENÇA DE DEUS E SEUS EFEITOS

O verdadeiro sentido das palavras de Jesus não se pode conhecer a partir de simples estudos e análises intelectuais. Estudo e análise são úteis, e até certo ponto necessários – mas não são suficientes para crear vida espiritual. Nenhum santo, místico ou vidente de Deus adquiriu dessa maneira, o seu conhecimento sobre o reino dos céus. A força que domina o mundo, o poder do alto, o entusiasmo religioso, a dinâmica dos mártires e apóstolos de Deus, a coragem do verdadeiro místico que ignora o impossível, a cruz transformada de símbolo de ignomínia em epopeia de glória, o positivismo dos grandes mensageiros do reino de Deus – nada disto deriva de um estudo meramente teórico, mas sim de uma intensa e profunda consciência da presença de Deus. Quem não conhece a Deus intuitivamente, pela experiência direta e imediata, sempre tem algo a temer, sempre tem que especular e calcular meticulosamente, para que seus mesquinhos interesses pessoais não sofram prejuízo, e seus ídolos não sejam derrubados dos seus tronos – mas quem tem contato pessoal com Deus pela experiência mística, nada tem a temer; a própria morte, esse agourento espectro para todo homem profano, não inspira terror ao iniciado, porque não existe: ele já vive a sua imortalidade aqui na terra; quer tenha corpo ou não, pois isto não faz a menor diferença, uma vez que sabe, e não apenas crê, que ele não é o seu corpo, mas sim sua alma. E assim, o homem espiritual pode mergulhar, no imenso oceano das obras pelo reino de Deus, na certeza de que nenhum mal lhe acontecerá.

 

Tudo isto supõe que o homem tenha de fato experiência pessoal com Deus, que só se adquire na oração ou cosmo-meditação, portanto, é indispensável que ele, não disposto a se iludir, se irmane com crescente intensidade, em Deus, ao ponto de poder dizer: “Eu e o Pai somos um”, e que viva uma vida de perene comunhão com Deus, que “ore sempre e nunca desista de orar”.

 

Para que a vida humana possa decorrer nessa atmosfera da consciência da presença de Deus, é necessário que o iniciado nessa arte dê certo tempo à meditação diária, durante o qual ele se isole do mundo externo, e se recolha totalmente em Deus. Durante esse tempo, o homem deve impor completo silêncio a seus sentimentos psicofísicos, focalizando sua consciência espiritual na única Realidade, Deus, permitindo que a Luz Eterna lhe ilumine a alma, que lhe dê forças e a torne cada vez mais nitidamente consciente da sua essencial identidade com Deus.

 

Esse total ego-esvaziamento será trabalho árduo, e muitas vezes o principiante se verá à beira do desânimo, não enxergando resultado visível. Se, todavia, prosseguir, imperturbável e com crescente intensidade, verá a sua vida paulatinamente transformada, sob a ação silenciosa do fermento divino, e desse calor místico sentirá que esse tempo de meditação acabará sendo necessário.

 

Inicialmente, essa luz divina será limitada ao tempo da meditação, e quando voltar aos trabalhos diários, sentirá a extinção dessa luz e o desaparecimento da força espiritual, na medida em que se vai distanciando desse tempo. Mas aos poucos, com a progressiva intensificação da absorção em Deus, parte dessa luz divina vai se difundindo sobre as restantes horas do dia, até ser totalmente envolvido por essa claridade. Verificará então que sob esse misterioso colóquio com Deus, todos os trabalhos do dia, mesmo os mais prosaicos e enfadonhos, acabarão por se tornar agradáveis e envoltos de luz. Percebe, por fim, que tudo é belo neste mundo de Deus quando posto dentro da luz da experiência de Deus ...

 

Essa conscientização da presença de Deus é necessária para a sanidade espiritual do homem, e, portanto, a única regeneração possível da sociedade, sendo ilusória qualquer outra tentativa.

 

A verdadeira vida de meditação exige disciplina, equivalendo à uma intervenção cirúrgica no organismo doentio da alma. Quem medita, ou deixará de ser pecador – ou deixará de meditar. Ou a meditação acaba com o pecado, ou o pecado acaba com a meditação, pois não é possível que possam coexistir dentro da mesma alma. São como fogo e água, como luz e treva. O homem não pode orar de um modo – e viver de outro. A razão principal porque a vasta maioria dos seres humanos não rezam, é porque a vida que levam não é compatível com o espírito da oração, e como é mais fácil, segundo a lei da inércia moral, abandonar a oração do que deixar o pecado, é normal que o pecado se mantenha, e a oração, sacrificada ...

 

A oração, ou meditação quando genuína, implica na maior sinceridade de quem ora, e seu objetivo não consiste numa tentativa pueril de mudar a vontade de Deus – mas sim num esforço sincero de conformar a vontade humana com a vontade de Deus. A finalidade da oração não é de ser peticionária, de conseguir algum objeto externo – mas sim curar o próprio sujeito, pois quem erra é o ser humano consciente e livre, com suas ações e reações. E esse colóquio divino não é um substituto do trabalho, é o mais árduo de todos os trabalhos, e ao mesmo tempo a mola secreta que impulsiona a força para todos os outros trabalhos positivos e eficientes da vida humana.

  

A iniciação espiritual da humanidade e seu progresso nesse terreno dependem essencialmente da habilidade de orar. Sendo que Deus é a única Realidade, tanto mais poderosa ela é quanto mais íntima for a união com Deus. A oração é o dínamo gerador de todas as energias, porque estabelece a ligação com a usina divina; cortada a ligação com a fonte da luz, apagam-se todas as luzes. A razão pela qual se vive o caos, é pelo fato do abandono da comunhão com Deus. Todas as igrejas perderam o espírito sincero da oração, julgando poder resolver os problemas por meio de conferências, congressos e discussões teológicas. Qualquer medida – política, econômica, social, científica, etc., é ineficiente se não correr paralela e se basear em uma intensificação da comunhão com Deus, e isto é matematicamente certo, embora seja considerado ridículo pelos “eruditos” materialistas deste mundo, que julgam dirigir os destinos da humanidade. As igrejas estão falhando em cumprir a sua missão neste particular. A teologia escolástica praticamente esmagou a intuição mística. Os eruditos substituíram os santos. A inteligência matou o espírito. Muitos são os religiosos que sabem brilhantes coisas sobre Deus, poucos são os homens e mulheres crísticos que conheçam a Deus, pois uma coisa é estudar teologia sobre Deus, outra coisa é ter experiência de Deus.

 

A meditação, afasta qualquer conteúdo do ego humano, na certeza de que, onde há uma vacuidade acontece uma plenitude. O total ego-esvaziamento produz infalivelmente, a plenificação em Deus na razão direta em que se esvazia de si mesmo. Essa plenificação não é obra do homem – obra do homem é somente o ego-esvaziamento; todo o resto acontecerá automaticamente nessa comunhão divina.

 

É absolutamente certo que o homem que não pratica, regular e intensamente, essa comunhão com Deus não é homem espiritual, e sua atividade no terreno social não produzirá resultados duradouros. Por isto, o cultivo de uma vida de oração é o principal requisito para a regeneração da humanidade. Para o homem de oração não há problema insolúvel.

 

Para os principiantes é importante saber que esse esvaziamento da ego-consciência sem a manutenção da consciência espiritual conduz a um transe que anula qualquer efeito espiritual. Quem medita deve ser 0% pensante e 100% consciente. O pensamento é um processo de continuidade mental – ao passo que a consciência é um estado de simultaneidade espiritual. O pensamento contínuo nos torna inquietos – a consciência simultânea nos enche de profunda tranquilidade.

 

Depois de um certo período de meditação diária, intensamente vivida, acontecem grandes descobertas, pois quem medita, verificará que está livre, ou em vias de libertação, dos dois maiores inimigos da sua felicidade: o ódio e o temor. Verificará que já não odeia pessoa alguma, nem teme coisa alguma. Qualquer psicólogo, psiquiatra ou psicoterapeuta dos nossos dias sabe – como já sabiam os antigos gênios filosóficos e religiosos – que são estes dois fatores, o ódio e o temor, que fazem o homem doente, espiritual e psiquicamente, e, não raro, também fisicamente. Os manicômios, hospitais e penitenciárias são testemunhos desta verdade; e milhares de lares domésticos são verdadeiros infernos por causa desses inimigos traiçoeiros da humanidade.

 

Ódio e temor são procedimentos negativas da alma, e é sabido que toda ação ou reação negativa, quando alimentada, acaba por envenenar o seu autor. O homem que odeia volta-se contra a pessoa de que julga ter recebido injúria e que, por isto, considera seu “inimigo”, procura pagar-lhe mal com mal, e, possivelmente, com o maior dos males físicos, a morte. E ignora que inflige a si mesmo um mal muito maior do que, eventualmente, possa infligir a seu chamado “inimigo”. O mais prejudicado pelo ódio é sempre o sujeito, e não o objeto desse ódio; uma vez que aquele é a causa ativa e produtora do mal, e este apenas a vítima passiva que o sofre. O objeto do ódio pode, no pior dos casos, perder a vida física, mas o sujeito do ódio, em qualquer hipótese, quer mate quer não mate a pessoa odiada, perde a saúde e integridade metafísica do seu Eu. O ódio é um processo reflexivo, e não meramente transitivo; a sua ação destrutiva não termina no odiado, mas reverte a quem odeia; o odiado é, quando muito, atingido na superfície, na parte material, do seu ego, ao passo que quem odeia recebe em cheio o impacto dessa terrível “bomba atômica” de sua própria fabricação, que tencionava lançar contra seu “inimigo”.

 

“Não pagueis mal com mal! amai vossos inimigos! fazei bem aos que vos fazem mal.”

 

Há quem considere esses imperativos do Sermão da Montanha como idealismo ético, praticamente impossíveis e absurdos. Não sabem esses ignorantes que vai nestas palavras uma alta filosofia prática da vida humana, e a única sabedoria eficiente. Bem sabia Jesus que não há saúde e felicidade no homem que alimenta ódio e ressentimento.

 

O homem cristificado, compreende essa sabedoria divina e aboliu definitivamente o ódio e rancor; não é inimigo de ninguém, embora outros se digam inimigos dele. Judas era inimigo de Jesus, mas Jesus não era inimigo de Judas, tanto assim que no momento da traição, Jesus o chama de “amigo” e retribui o beijo da traição com sua sincera amizade.

 

Se outra razão não houvesse, valeria a pena exercitar a meditação diária a fim de atingir esse glorioso estado de isenção de ódio.

 

Isenção de ódio? Não, é muito mais que isto: é o verdadeiro amor para com todos os seres, humanos e não humanos. E esse amor não é meramente um sentimento emocional, nem o efeito de uma simples doutrinação teórica ou de um arranjo artificial quando necessário: é o resultado espontâneo da intuição da Verdade; pois o iniciado é o vidente da Verdade absoluta, da Realidade eterna; ele sabe por intuição que todos os seres são, em última análise, seus irmãos, mais ou menos avançados, como vem tão magnificamente expresso no “Cântico do Sol” de Francisco de Assis, um dos homens mais perfeitamente cristificados que a história conhece; esse iniciado sabe que todos os seres do universo são filhos do mesmo Pai celeste, efeitos da mesma Causa primária. Ele ama o que Deus ama – e como podia deixar de o fazer, se está identificado com o divino Amante de todos os seres? Como poderia o homem cometer o abominável sacrilégio de odiar algum ser sabendo que esse ser é objeto do amor de Deus?

 

Esse amor universal que anima o iniciado é, pois, o resultado infalível da sua intuição cósmica. A vasta horizontalidade da sua ética assenta alicerces na profunda verticalidade da sua metafísica. O amor que ele pratica é o resultado da verdade que ele vive. E é por isto que a sua ética não lhe é penosa, mas, fácil.

 

É também essa a razão porque o homem cristificado desconhece temor. Temor supõe ignorância, mas o iniciado é o sábio por excelência e sabe que nada o pode prejudicar, uma vez que nenhum ser pode frustrar a consecução do destino eterno, e é por essa razão que o homem espiritual, vidente da verdade, vive sem temor. As “desgraças” que, por ventura, atinjam a sua vida não passam de tempestades de superfície, pois as profundezas do seu oceano interno permanecem sempre em perfeita paz. E por ele ser um homem da paz, não tanto pelo que diga ou faça, mas pelo que ele é, compreende o sentido profundo das palavras de Jesus: “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus”.

 

Depois que um homem praticou por um tempo e com intensidade, a sua comunhão diária com Deus, verificará que a luz da meditação vai se extinguindo gradualmente na medida que ele volta aos seus afazeres profissionais. E isto o enche de tristeza, porque desejaria viver nessa luz divina por todas as horas, chegando quase a invejar a sorte dos eremitas que passam a vida em perene meditação, como num permanente êxtase de alienação das coisas do mundo. No entanto, ele renúncia a esse desejo e continua a cumprir fielmente os seus árduos deveres profissionais, que lhe parecem corriqueiros depois da meditação.

 

Mas, vai verificando, na medida do seu progresso espiritual, que essa luz divina continua persistir parcialmente durante o dia, projetando reflexos sobre a zona dos seus trabalhos comuns, iluminando-os. E, na razão direta que esses reflexos se vão intensificando, esse homem verifica que os seus afazeres diários, mesmo os mais fastidiosos e antipáticos, deixam de ser corriqueiros, revestindo-se de prazer. Diz-se que o homem espiritual é nada prático e ineficiente nas coisas do mundo, porque não pode ao mesmo tempo interessar-se pelas coisas do espírito e pelas coisas da matéria. Mas o homem de meditação verifica o contrário: descobre que os seus trabalhos profissionais ganham em eficiência e dinâmica na razão direta da sua espiritualização. É que ele faz agora com inteira dedicação os mesmos trabalhos que, outrora, fazia com indiferença, por mera obrigação e indispensável meio de vida. Esses mesmos trabalhos, seus tiranos de ontem, são seus amigos de hoje, porque a imersão diária no mundo de Deus dá significação a tudo. Esse homem resolveu o problema da vida que atormenta milhões de infelizes que detestam o trabalho que fazem, descobrindo o segredo de amar o dever.

 

O homem de meditação diária também descobrirá que possui plena certeza da existência de Deus e da vida eterna. No passado, esse homem procurou adquirir essa certeza por meios de processos silogísticos e especulações intelectuais. Alinhava argumentos uns ao lado dos outros, como um viajante que lança pedras no leito de um rio a fim de chegar à margem oposta, saltando de pedra em pedra. Era impecável a cadeia silogística que ele forjava a fim de captar a Deus nas malhas sutis da sua rede filosófica – mas verificava que Deus não era o resultado final de nenhuma análise intelectual, que Deus não aparecia sob a objetiva do mais poderoso microscópio eletrônico, nem tampouco era achado no fundo das provetas, tubos e cadinhos de ensaio e nem em fórmulas químicas ... Convenceu, após muitas decepções, que Deus e a vida eterna não são coisas verificáveis por análises intelectual, mas por intuição espiritual, pela grande intuição cósmica de uma vida retamente vivida, e não de um silogismo corretamente construído.

  

A certeza espiritual não vem de provas e demonstrações, vem da experiência íntima de cada ser humano, nas coisas do espírito. Quem medita, descobre esta fonte eterna de toda a religião. Compreende a certeza que os grandes gênios religiosos possuíam de Deus e da vida eterna. E esta certeza, confere ao homem iniciado um sentimento profundo de poder, de segurança, de tranquilidade e felicidade, de que o profano e inexperiente não tem a menor ideia. Muitas vezes esse homem terá que ouvir da parte de dogmáticos que essa “certeza” não passa de uma bela miragem e ilusão subjetiva; que a verdadeira certeza provém da obediência incondicional à autoridade eclesiástica. O iniciado sabe que a sua certeza é sólida e válida, embora ele não seja capaz de comunicá-la aos que não passaram pela mesma experiência.

 

Jesus não conseguiu convencer os sacerdotes da igreja do que ele sabia do reino de Deus. É que ele intuía Deus, ao passo que os chefes da sinagoga só sabiam certas coisas sobre Deus. Nenhum iniciado pode transmitir aos profanos o que ele sabe, já que experiências diretas não são transmissíveis. Se fossem, haveria a possibilidade de “contrabando” ou intrusão ilegítima no reino de Deus, mas esse reino, porém, é o único onde não existe contrabando e ilegalidade. Não posso passar procuração a ninguém, nem posso encarregar o ministro ou sacerdote da minha igreja de ter em meu lugar experiência divina, e depois transferi-la para minha conta pessoal, pois isto é contrabando, extorsão. Meus amigos e correligionários, quando mais avançados do que eu, podem me auxiliar nessa aventura, mas não a podem fazer por mim. Em última análise, sou eu mesmo que devo me encontrar face a face com Deus, em profundo silêncio e solidão.

 

É assim que o iniciado pela meditação descobre que a liberdade pessoal e certeza espiritual, duas coisas aparentemente incompatíveis, se fundem numa grandiosa síntese e em perfeita harmonia.

 

A mais estranha experiência de quem medita, é o aparecimento de uma voz misteriosa que, não obstante o seu profundo silêncio, se revela com clareza. Essa voz íntima se faz ouvir cada vez que o homem se ache em perigo de resvalar para um plano inferior ou de fazer compromissos ambíguos com o mundo profano. A princípio, ela é fraca, imperceptível, mas na medida que o homem vai apurando o seu ouvido espiritual em concentrada meditação e retidão de vida, escutando o silêncio da alma, perceberá que essa voz se avoluma e se torna cada vez mais intensa, chegando a constituir-se em verdadeiro guia e anjo tutelar. Em momento de dúvida, basta que se concentre por uns momentos, se dispa de todo o egoísmo pessoal – e logo terá resposta à sua dúvida, e o caminho a seguir. Essa voz íntima é Deus que se revela pela consciência humana. Mas é necessário que o homem se habitue a ouvir a voz da consciência, e não interprete falsamente as suas mensagens, pois essa falsificação poderá ocorrer toda vez que o homem procure tirar vantagem pessoal dos seus atos, no interesse peculiar de seu ego. Por isto, quem medita deve se despir de todo motivo egoístico quando escuta a voz da consciência, caso contrário, tomará seus próprios desejos subjetivos pela revelação de Deus.

 

É, todavia, difícil o desapego do ego e que supõe íntima sinceridade. Os seres humanos gostam de se iludir interpretando seus desejos pessoais pela voz da consciência. Mas o homem honesto, que evita as manobras do ego, está livre do perigo e, seguindo o caminho indicado pelo misterioso monitor interno, chegará infalivelmente ao reino de Deus.

 

Paralelo a essas gloriosas conquistas asseguradas pela meditação profunda, corre um processo de libertação gradual da tirania do ego e do meio ambiente.

 

O homem profano nem sabe como está escravizado, já que vive anestesiado pelo vazio de sua vida agitada, não só pelas circunstâncias externas do meio social em que vive, mas pelas circunstâncias internas do seu próprio ego físico, mental e emocional. Pintou de dourado as grandes férreas da sua prisão e está convencido que mora num palácio em plena liberdade. A tal ponto se habituou ao cárcere em que vive que adora os seus queridos tiranos mentais e emocionais.

 

Só depois que ele vislumbrou a verdadeira liberdade, é que percebe que é um prisioneiro e sente o desejo de libertação, suspira por afirmar a soberania da sua substância divina sobre todas as tiranias das circunstâncias humanas. Só então, compreende o sentido das palavras de Jesus: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, consequentemente, se libertando pela visão da verdade sobre si mesmo – e liberdade é felicidade. Ele já não pensa pela cabeça dos outros; uma nova intuição espiritual substituiu a velha analítica intelectual; ele é agora, um cosmo-pensado e não um ego-pensante.

 

Sabe o que é essencial e o que é secundário nas ocorrências diárias. Seleciona os fatos, as impressões, os pensamentos. Não acolhe todos igualmente; aceita o que favorece a sua verdadeira evolução, e rejeita o que é inútil e prejudicial. Compreende que “ser alguém”, não é alguma conquista externa, mas um processo orgânico interno, baseado no descobrimento da Verdade, da qual brotam a liberdade e a felicidade que o profano desconhece.

 

O homem, uma vez habituado a essa comunhão diária com Deus, já não pode viver sem ela. Só de homens dessa qualidade pode a humanidade esperar guia e redenção, no meio do caos em que se debate.

 

Texto revisado extraído do livro A METAFÍSICA DO CRISTIANISMO