Tuesday 13 July 2021

DOS TEMPOS DE JESUS ATÉ NOSSOS DIAS

Agostinho de Hipona e Tomás de Aquino são os representantes do catolicismo romano.

Paulo de Tarso e Martinho Lutero deram origem ao protestantismo, porque os reformadores do século XVI voltaram ao passado até chegar na teologia das epístolas de Paulo - sobretudo aos Romanos - mas não peregrinaram em direção ao Evangelho de Jesus, e até hoje, juntamente com o catolicismo romano, o protestantismo e a sinagoga, e se estagnaram na visão que separa o Creador das suas creaturas. Paulo, este grande pioneiro do primeiro século é genuinamente crístico-evangélico em muitos aspectos, mas não se libertou totalmente de certos vícios da sinagoga, da qual fora rabino, e, infelizmente, a igreja cristã, não soube separar o ouro dos ensinamentos de Jesus apresentados nas epístolas de Paulo, das escórias da sinagoga decadente, ouro que nela também se pode garimpar.

A igreja romana mostrou-se fortemente favorável à magia sacramental de Agostinho, onde sempre prevaleceu o elemento mágico (Egito antigo, o ocultismo moderno) e o protestantismo por sua vez, simpatiza mais com Paulo, seguindo a linha do respeito à lei automática da sinagoga, substituindo o sangue do antigo bode expiatório pelo sangue de Jesus.

O caráter de Jesus não é nem de Paulo e nem de Agostinho, nem asiático nem africano, mas nitidamente Universal, cósmico. A mensagem de Jesus é algo totalmente inédita e original, desligada de tempo e espaço, de rito e raça, de credo e classe.

Neste universalismo independente, Jesus é muito mais ariano do que semita, e não é de se admirar que provavelmente, Alfred Rosenberg (1893-1946) na teoria racial em seu livro, “O Mito do Século Vinte”, tenha rejeitado a ascendência semita de Jesus, fazendo-o passar por um legítimo ariano.

Jesus ignora completamente um reino de Deus que venha externamente para o homem, por meio de igrejas e de quaisquer ritos, dogmas, observâncias, etc. Ele é todo profético-platônico-místico, e nada sacerdotal-aristotélico-escolástico, muito menos na filosofia ensinada nos seminários católicos. Jesus, nascido na fronteira entre oriente e ocidente, fundiu numa grandiosa unidade orgânica tudo o que há de contemplativo no Leste e de dinâmico no Oeste. No entanto, a teologia eclesiástica construída sobre esse grande universalismo monista de Jesus é todo dualista unilateral. 1

Infelizmente, segundo a teologia da igreja, Deus está separado do homem, Deus nos céus e os homens na terra. Ainda que Jesus tenha adotado essa analogia do Pai e seus filhos - que parecem ser entidades separadas - ele mesmo explica que na verdade “Eu e o Pai somos um”, ou seja, que é só na aparência externa, na forma dada a existência, que parecemos dois entes separados, mas na essência somos um. Jesus usou essa linguagem de maneira didática, já que o estado de consciência dos homens daquela época e mesmo os de hoje, não conseguem compreender que o Reino dos Céus está dentro de nós mesmos, e por isso faz induzir o homem a aspirar esse estado, em “venha a nós o vosso reino.”

Hoje em dia, boa parte do mundo espiritual está fazendo um esforço honesto para se voltar ao próprio Cristo, ultrapassando todas as teologias cristãs. Paradoxalmente, para chegar ao Cristo, temos de ultrapassar o Cristianismo. Quem não tiver suficiente autonomia espiritual, fará muito bem em não buscar o Cristo fora do Cristianismo, mas continue a professar o Cristianismo tradicional, como caminho para o Cristo.

Nem todas as pessoas tiveram a experiência cósmica de Mahatma Gandhi, que, insistentemente convidado para viver o cristianismo da igreja católica, respondeu: “Aceito o Cristo e o seu Evangelho, mas não aceito o vosso Cristianismo.”

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1)- O dualismo unilateral é uma concepção da igreja católica que não soube absorver a ideia do monismo universalista de Jesus. Esse dualismo é fruto da visão obtusa da igreja, que “separa” o Creador de suas creaturas, pois, para ela, o Pai está nos céus e as creaturas aqui na terra.

Ainda que Jesus tenha adotado essa analogia do Pai e seus filhos (que parecem separados - dualismo), ele explica que na verdade “Eu e o Pai somos um”, ou seja, que é só na aparência externa, na forma dada à existência, que parecemos como entes separados, mas na essência somos um (monismo).

É unilateral porque é a visão restrita (dualista) do homem que como creatura só pode ter essa noção parcial, lateral, de quem está vendo as coisas desde sua pequena ótica, impossibilitado de ver o Todo.

A visão de Jesus era monista (ou universal), que todo o existente, o creado, é uma manifestação, uma expressão do Ser Supremo que creou todas as formas, e nenhuma forma é idêntica a outra na expressão de sua existência, mas todas tem a mesma e única essência desse Ser, o uno, imanente nelas.

Jesus deve ter adotado essa postura dualista como uma estratégia pedagógica porque enxergava o débil estado de consciência do homem, que não descobre o reino dos céus dentro de si mesmo, o seu Deus interior, a essência divina dentro de si. E a igreja não avançou nesse conceito, não seguiu a sabedoria de Jesus e ainda espera a chegada do reino dos céus, tão confusos e aturdidos quanto os judeus ainda esperando a chegada do Messias!

Texto revisado e em parte, extraído do livro Ídolos ou Ideal? e em colaboração com Hernán Fandiño.

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