–-- Você crê em inspiração Divina?
–-- E por que não? Resta apenas definir o que se entende por “inspiração Divina.” Comumente, se entende por uma voz que venha de fora do homem, através dos ouvidos corpóreos, porque o homem profano só admite um Deus externo, transcendente, e nada sabe de um Deus interno, imanente. Os iniciados, porém, sabem que “o espírito de Deus habita o homem”, que a alma humana é o próprio Espírito Divino em forma individualizada. Enquanto esse espírito divino, a alma, dorme no homem, não há inspiração; mas, se acordar e começar a se revelar, embora em grande silêncio, a inspiração Divina acontece.
Aliás, toda inspiração Divina deve ser entendida deste modo. Deus nunca falou a um homem através dos sentidos materiais; Ele se revela através da alma, que é Deus no homem.
O homem, habituado a aspirar os seus conhecimentos através dos objetos externos, julga ter ouvido o Deus, que segundo ele, vive em outras dimensões, externamente ao homem, e isso ocorre porque a força do hábito o leva a objetivar a sua experiência subjetiva. Geralmente, o homem objetiva Deus, ou “enxerga ou escuta” Deus em forma de luz ou de som. E, no caso em que a alma não esteja plenamente despertada, ela mescla os ingredientes dos sentidos e do intelecto com as suas experiências espirituais – e a puríssima inspiração de Deus sai mesclada com impuros acréscimos humanos.
A alma humana de Jesus, que adquiriu imaculada pureza experiencial conseguiu estar em contato permanente com Deus.
Os que aceitam a Bíblia “de capa a capa” como puríssima inspiração de Deus, não podem compreender como Deus tenha dado, antigamente, revelações tão imperfeitas como a vingança pessoal e nacional, apedrejamento das adúlteras, mas não dos adúlteros, matança de crianças inocentes, como exige o Salmo 137:8:9. Os que sabem que toda a inspiração e revelação vem de dentro do próprio homem - e como há poucos homens suficientemente puros para não contaminarem a pureza divina - esses compreendem o porquê de certas revelações menos perfeitas.
Vale aqui o velho provérbio filosófico: “O recebido está no recipiente segundo a capacidade do recipiente!”
Texto revisado, extraído do livro Orientando para a Auto-realização
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