A palavra sânscrita “avatara” quer dizer descido, e designa uma entidade de elevada evolução espiritual que resolveu descer para regiões de vibração espiritual inferiores; a descida de uma divindade ou espírito muito evoluído e sua consequente manifestação concreta encarnada na terra, em forma humana.
Esta descida voluntária do avatar faz parte do drama da sua evolução ascensional, que representa um elo na longa cadeia da sua auto-realização.
Quando um avatar atinge alto nível de evolução e libertação, ele tem o desejo de descer para esferas inferiores da vida, afim de atingir maiores alturas de evolução, na peregrinação da sua incessante auto-realização.
Todos os avatares conscientemente sabem que não há evolução sem resistência, sem luta, sem sofrimento. E, como nas regiões superiores do espírito não há suficiente resistência e sofrimento, o avatar resolve descer a regiões inferiores da matéria em busca da necessária resistência.
Esta atitude do avatar, parece um paradoxo, uma espécie de masoquismo, de autoimolação, sofrimento. Mas para o avatar, o sofrimento não é um fim, mas um meio para um fim mais sublime. O avatar procura a resistência, lutas e sofrimento a fim de prosseguir na linha ascensional da sua evolução ilimitada.
Esse desejo de evolução futura parece egoísmo aos ignorantes, mas é o imperativo de uma realização superior para o avatar, que já superou todos os estágios do egoísmo ilusório e trata exclusivamente de sua auto-realização, que é a lei de todo o Universo. As leis cósmicas não conhecem estagnação, nem involução; mas incessante evolução.
Auto-realização é santidade, é autoafirmação, é o amor divino na creatura que evolui.
Quanto mais liberto se sente o avatar tanto mais desejo ele tem de se escravizar voluntariamente por amor.
Por amor a que?
Muitos pensam que o amor do avatar vise os seres inferiores no meio dos quais ele encarna. Mas a verdade é que o amor do avatar visa sobretudo o próprio avatar e sua evolução superior. Portanto, não há nenhum resquício de egoísmo nesse autoamor, que é supremo imperativo cósmico e divino: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial.”
Entretanto, apesar do amor do avatar ser um autoamor, indiretamente ele é também um amor exteriorizado, porque se reverte em benefício dos seres inferiores que lhe causam resistência e sofrimento. Segundo leis eternas, toda a plenitude infalivelmente transborda. Quanto mais o avatar se auto plenifica, tanto mais a sua plenitude se espalha em benefício de outros seres.
“Da sua plenitude todos nós recebemos, graça e mais graça", diz o texto sacro com referência ao avatar Jesus.
Esses seres superiores que realizam a sua própria plenitude são os benfeitores desconhecidos de outros seres. Não é possível ser realmente bom sem fazer bem a outros seres devidamente receptivos.
É esta a maravilhosa simbiose do Universo.
Texto revisado extraído do livro QUE VOS PARECE DO CRISTO?
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