O livro, A ARTE DE CURAR PELO ESPÍRITO é baseado na experiência pessoal de Joel Solomon Goldsmith (1892-1964), um místico norte americano moderno, professor, autor de textos espirituais, e muitos anos de prática na cura espiritual. Junto com outros livros sobre o assunto, Goldsmith revela os princípios espirituais que são o fundamento para a cura espiritual. Ele alterna instruções com meditações para demonstrar sua convicção de que, uma vez que a saúde física é uma manifestação da consciência, o bem-estar físico é o resultado normal quando se atinge a união consciente com Deus. Esse livro, completo nos objetivos e singular na abordagem, traz uma explicação simples e direta de um assunto que para muitos é misterioso e complexo.
Goldsmith acredita que o mundo precisa de pessoas que, por devoção a Deus, estejam tão repletas do Espírito que possam ser instrumentos através dos quais as curas ocorrem. Ele diz: “Quem quer que leia este livro, estará pronto para aceitar a responsabilidade de começar a curar. Não é a sua espiritualidade ou a minha, nem é seu entendimento ou o meu que irão curar alguém. É a nossa compreensão de Deus no silêncio que nos torna receptivos.”
Esse livro é um desafio para tudo que envolve o comportamento do ego humano e um convite para as grandezas do Eu divino no homem. É uma autêntica revolução – a serviço de uma grande evolução.
A orientação do livro está em sintonia com as maiores conquistas da psicologia, da psicanálise e da psicoterapia do ocidente, assim como a filosofia e a yoga do oriente, embora não trate diretamente desses assuntos.
Em síntese, o autor afirma duas premissas básicas:
1)- Que todos os males, de qualquer espécie, têm origem na fonte negativa do ego humano;
2)- Que a libertação desses males tem origem unicamente na atuação positiva do Eu divino.
Essa distinção entre o ego e o Eu é uma das mais gloriosas conquistas da psicologia moderna do ocidente, de Freud para nossos dias – distinção que já era conhecida há milênios pela filosofia oriental, revelada sobretudo, pelo poema cósmico da Bhagavad Gita.
A falta de conhecimento da polaridade da natureza humana, ego-Eu, é responsável por quase todas as incorretas interpretações no setor da espiritualidade. O homem, identificado com o seu ego negativo, era considerado essencialmente mau, pecador; a ideia de uma auto redenção era considerada blasfêmia, porque auto redenção era idêntica a ego-redenção. Pela mesma razão, de acordo com Jung, no prefácio do Livro Tibetano da Grande Libertação, a prática da yoga superior, que gira em torno da ideia da auto redenção, era rotulada de anticristã. Hoje, diante de uma melhor compreensão da natureza humana, auto redenção é Cristo-redenção, Teo-redenção, uma vez que o nosso Eu verdadeiro é o “Pai em nós,” o “Cristo interno,” a “luz do mundo,” o “reino de Deus dentro do homem,” o “espírito de Deus que habita em nós.”
Entre os grandes psicólogos e psicanalistas modernos, foi o Dr. Victor Frankl (1905-1997) enquanto diretor da Policlínica Neurológica da Universidade de Viena, quem mais nitidamente distinguiu as funções do ego e as do Eu. A maioria de seus livros coincidem muito com as ideias e experiências de Joel S. Goldsmith. Frankl aplica, no campo da medicina e da terapia, o mesmo princípio, que ele chama de “Logo terapia,” isto é, a cura pelo Logos, pelo Deus individualizado no homem.
Logos é a palavra grega para designar o Espírito Cósmico, a Divindade, quando ela se revela como Deus Imanente Individual.
A Divindade, ou a Realidade Universal, está presente como Deus Individual em todos os seres finitos; a Essência Infinita está presente em todas as Existências Finitas, assim como a Vida Universal está presente em todos os vivos em forma de Vida Individual.
Victor Frankl, sobretudo em seu livro sobre Logoterapia, joga com o binômio Realidade e Facticidade. A Realidade é a Essência Infinita, que aparece como Facticidade em todas as Existências Finitas; o SER UNIVERSAL aparece como EXISTIR INDIVIDUAL em incontáveis formas finitas.
Os mais influentes filósofos e psicólogos modernos chegaram à conclusão lógica de que a Realidade está presente em todas as facticidades. Mas, ao nível do livre-arbítrio imperfeito {ego, persona (máscara)}, as facticidades podem assumir caráter negativo (os males), e a única cura radical dessas facticidades negativas se dá pelo encontro com a Realidade Universal, que é sempre boa e benéfica, pois o mal consiste na ilusão de uma existência separada de Deus; e, enquanto persistir essa ilusão separatista, o mal persiste, embora os seus sintomas externos possam ser camuflados por qualquer espécie de charlatanismo, material ou mental. A supressão de sintomas não cura a raiz do mal. O mal, em sua raiz, só pode ser curado por um poder ultrapersonal, por uma Realidade no homem que esteja além das facticidades, pois a ação da facticidade, como insinua a própria palavra, é sempre ilusória. Mas nenhuma ilusão pode curar outra ilusão, ego não cura ego, persona não cura persona, fato não cura fato – somente a Realidade pode curar as facticidades. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” A Verdade é a conscientização da Realidade; a Realidade, quando intensamente conscientizada pelo homem, liberta todos os males que foram produzidos pelo ego separatista.
Esta é a tese fundamental de Goldsmith e de todos os terapeutas que praticam a Logoterapia. Não se trata de invocar um Deus fora do homem, se trata de invocar o Deus dentro do homem. Se é verdade que “eu e o Pai somos um, que o Pai está em mim e eu estou no Pai,” se é verdade que “não sou eu (ego) que faço as obras, mas é o Pai em mim (Eu) que faz as obras,” então é evidente que ninguém pode me curar senão “o Pai em mim,” que é o meu Eu divino.
A presença do Infinito (Pai) em todos os finitos é uma realidade matematicamente certa e inegável. Mas não é essa presença em si, objetiva, que produz a cura dos males; dentro dessa presença divina, se pode enfrentar enfermidades, ser pecador e criminoso, infeliz e desesperado; se pode ser Judas e Satanás, porque não é essa presença objetiva que dá saúde ou santidade. Mas no momento em que se conscientiza essa presença, no momento em que se vive real e profundamente a verdade “o Pai está em mim e eu estou no Pai,” nesse momento, não se pode estar doente nem pecador, porque a luz dessa consciência dissipa qualquer treva - “A luz brilha nas trevas, e as trevas não a extinguiram.” Diante dessa luz da consciência da presença de Deus, cessam de existir doenças e pecado, porque a onipotência dessa luz divina, nulifica todas as potências das trevas.
Basta crear uma intensa consciência da Realidade para retificar as Facticidades que estejam falsificadas, que são os males.
Joel S. Goldsmith não possuía nenhuma cultura filosófica, nem diplomas universitários; ele era um simples negociante, mas a sua intuição espiritual o conduziu em linha reta à verdade.
Se o homem consegue 100% de conscientização espiritual, nulifica qualquer mal, seja nele ou em qualquer pessoa que, nesse momento de consciência espiritual, se encontre no foco dinâmico da consciência do curador. Em suas sessões de Logoterapia, os doentes tinham a tendência de fornecer seus nomes, endereços e doenças, mas Goldsmith não se interessava dessas particularidades, e durante o tratamento, ele apaga da sua consciência a facticidade ilusória do doente e da doença e só se concentra na Realidade verdadeira de Deus. Pensar no doente ou na doença seria contraproducente – conscientizar sobre a Realidade da Presença de Deus é a única coisa necessária e suficiente, para substituir a ilusão do mal pela verdade do Bem – assim como, para debelar as trevas, é só acender uma luz!
Goldsmith não afirma que os males não existem; ele admite a existência dos males, mas nega que façam parte da Realidade do mundo de Deus, embora façam parte do mundo do homem-ego. Os males não são Teo-creados, são apenas ego-creados; e existem enquanto a consciência do ego os mantém na sua existência. No momento em que a ego-consciência deixa de existir, os males perdem a sua base existencial. Consequentemente, não se pode debelar os males em si mesmos. Devem ser abolidos em sua fonte, que é a ego-consciência; se o homem mudar a sua consciência, superando o ego-ilusório pelo Eu verdadeiro, superam-se os males.
Ele insiste que é impossível crear alto grau de consciência espiritual, carregar a bateria do Eu divino, enquanto o homem mantém os seus fios-terra ligados nas profanidades do mundo. A experiência do silêncio e solidão, e a sintonia com as forças creadoras do Universo – são fatores indispensáveis para acumular energia espiritual e utilizar essa energia para a cura dos males. Mas em nenhuma hipótese o curador deve se considerar como fonte da cura; a fonte é somente Deus, a Realidade Infinita dentro de todos os Finitos. Era dessa forma que Jesus curava! “Apenas creia que eu estou no Pai e o Pai está em mim. Ou pelo menos acredite por causa do trabalho que você me viu fazer”.
Logoterapia e Autorrealização, andam de mãos dadas, e quem descobre em si o Deus da santidade, descobre também o Deus da sanidade e da saúde; e o segredo é apenas esse: em conscientizar a presença real de Deus no homem!
Texto revisado e em parte extraído do prefácio do livro A ARTE DE CURAR PELO ESPÍRITO.
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