Alguns teólogos dão imensa importância ao fato histórico da morte física de Jesus, achando que esse evento foi o clímax de toda a história da raça humana.
Mas na verdade, essa morte corporal não merece tamanha estupefação. O que havia de maior em Jesus era o fato de ele ter ultrapassado a necessidade compulsória de morrer e aceitar a morte com espontânea liberdade, porque sabia que há uma vida maior que a morte e porque tinha também o poder de pedir a interferência de legiões de anjos para o libertarem; mas o que seria da história da humanidade, sem sua existência? “Ninguém me tira a vida – eu é que deponho a minha vida quando quero e a retomo quando quero.”
Esse triunfo da vida sobre a morte, nascido da sua experiência divina – “eu e o Pai somos um” – é fato único na história da raça humana. A existência humana de Jesus se acha tão intimamente vinculada com a essência divina do Cristo que ele pode, tranquilamente, permitir, e até provocar a morte física. 1
Quem vive 100% a sua imortalidade pode descer ao marco zero da sua mortalidade.
Todos os seres vivos temem a morte e a evitam quanto possível, porque nenhum deles tem plena consciência da sua imortalidade. Os seres não humanos, aparentemente aceitam a morte do indivíduo, devido ao instinto biológico da sua sobrevivência na espécie, já que na vasta maioria predomina a “consciência do grupo”, e não a “consciência do indivíduo” e, como o grupo ou a espécie sobrevive, a morte é uma consequência natural. 2
O homem ego-consciente, mas ainda não cristo-consciente, tem um medo horrível da morte, porque percebe a longínqua possibilidade de uma imortalidade individual que ele ainda não realizou devidamente, e por isso não está satisfeito com a simples sobrevivência racial em seus filhos ou sua espécie, como acontece geralmente com as creaturas não humanas.
Jesus atingira a culminância da consciência crística, e podia brincar com a vida e a morte, como um jogador de xadrez que põe as figuras ora no quadrinho branco ora no quadrinho negro do tabuleiro.
A grandeza da sua morte está na grandeza da sua consciência de que não há morte para quem vive a cada momento a vida eterna.
“Vem o príncipe deste mundo, mas sobre mim não tem poder – porque eu venci o mundo.”
“O último inimigo a ser derrotado é a morte.”
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1)- Em seu livro, Autobiografia de um Iogue, Paramahansa Yogananda descreve esse fenômeno ocorrido entre alguns iogues, deixando conscientemente o corpo material, e também Paul Brunton em seu livro, A Índia Secreta, se refere a esse fenômeno.
2)- O que o ser humano conhece e julga ter certeza, é apenas uma gota d'água no vasto oceano de sua ignorância, portanto, qualquer tentativa de especulação sobre a natureza e dos planos das Potências Cósmicas com relação aos seres não humanos, sua possível individualidade, relações entre si e do grupo, além das relações entre grupos de naturezas diferentes, deve ser feita com muita cautela, pois não sabemos as reais intenções dessas Potências com relação à vida como um TODO, mas que uma certeza existe... de que todo o Universo gira em torno da harmonia na diversidade, e é obrigação do homem se enquadrar nessa harmonia, deixar de ser a nota destoante na Sinfonia da Creação.
Convém lembrar que a ciência do sec. XXI vem descobrindo novas revelações sobre a vida de alguns dos seres não humanos e que a consciência individual em certas espécies pode ser um fato. Para se ter um exemplo, o elefante também vela a morte de seu semelhante, tanto é que volta repetidas vezes ao local onde a morte de um de seus, ocorreu. Albert Einstein – esse famoso cientista, universal, visionário e místico, afirmou que: “Ciência natural sem religião é manca - religião sem ciência é cega.” E essa afirmação é uma verdade - conhecer apenas os fatos objetivos equivale a uma luz fria, luz sem calor e sem força – no entanto, querer crear valores subjetivos, religiosos, morais e éticos, sem o devido conhecimento dos fatos, equivale a correr às cegas. Luz sem força cria inteligências luciferinas - calor sem força gera vontades fanáticas.
Texto revisado, extraído do livro Ídolos ou Ideal? pág. 150
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